Bater à porta

Há uns anos, perguntaram ao meu filho o que eu fazia e ele respondeu: “A minha mãe viaja e manda emails.”

Achei piada à descrição do meu trabalho e não estava errada – a maior parte dos meus dias era passado, de facto, a viajar ou a enviar emails.

Uns anos passaram e uso o email como forma de comunicação logística. O que significa isso? Uso o email para enviar informação a clientes e parceiros estabelecidos, como seguimento do negócio ou acompanhamento de processos. Raramente faço prospeção por esta via. Mas, verdade seja dita, recebo muita no sentido oposto. Ou seja, gente que entra em contacto comigo para me apresentar soluções, a maioria delas que eu não preciso e que não fazem parte do meu negócio. Se cometo o erro de responder, dizendo “não, mas obrigada” – porque já estive do lado de lá e percebo que a ausência de resposta é frustrante –, a insistência começa e chega a ser inconveniente. Desisti de responder.

Como eu, devemos ser imensos a fazer o mesmo. Emails que nos caem na caixa do correio e que, mesmo que os abramos, a mensagem que lá está contida não é suficientemente apelativa para nos levar a ler até ao fim ou responder de volta.

Porque acontece isto? Existem vários fatores que, pessoalmente, me afligem:

1) Não conhecemos quem nos contacta – o email até pode ter um nome e uma assinatura, mas numa era digital em que desconfiamos primeiro e depois é que avaliamos, ao recebermos um contacto sem cara e sem voz passamos a concluir que pode ser um bot. E estamos demasiado ocupados para bots.

2) Não conhecemos o negócio e, muitas vezes não nos interessa – somos incluídos em mailing lists intermináveis e oferecem-nos produtos que não nos fazem falta. Não sabemos quem são, onde já atuaram, se trabalharam com empresas semelhantes à nossa.

3) A mensagem é genérica – o texto que vem no email parece-nos generalista e pouco pessoal. Sim, até incluem o nosso nome, mas não fazem ideia da nossa função, da nossa capacidade de decisão, do nosso interesse. O discurso é ora demasiado informal, ora formal para o nosso estilo, revelando o desconhecimento de quem somos. Percebemos a falta de conexão e
desinteressamo-nos imediatamente.

Fica a dúvida de como se poderá fazer uma prospeção mais eficaz ou que leve a melhores resultados. Existem plataformas que nos ajudam a criar ligações e dar-nos visibilidade. O LinkedIn é uma delas – a partir daqui conhecemos melhor a pessoa que queremos contactar, percebemos o que lhe interessa pelas suas atividades e interações. Podemos encontrar gente comum que sirva para uma primeira apresentação. Sabemos em que feiras ou workshops irão estar e agendamos uma reunião.

Depois, há o velho método de pegar no telefone e falar com a pessoa. Ou, no limite, ir bater à porta. Este é o mais eficaz que encontrei até agora, para tudo na vida – profissional e pessoal. Já fiz viagens de avião para contactar empresas e foram raríssimas as vezes que isso não deu resultados.

Porque, pensem bem: se vocês não respondem aos emails, porque irão responder ao vosso?

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos de Inês Brandão.

Publicado a 13 Junho 2024

Partilhar Artigo

Parceiros Premium
Parceiros