Ana tornou-se mãe e empreendedora em simultâneo, de tal forma que a primeira coleção foi lançada no final da primeira licença de maternidade. Antes disso, trabalhou na área das telecomunicações, sempre com prazos para ontem. Por isso, o ritmo alucinante a que vive desde que lançou o seu blogue e uma marca de roupa para crianças, não é novo na sua vida. Novo é conseguir conciliá-lo com as duas filhas pequenas e, de há sete meses para cá, também com as constantes viagens entre Braga e Basileia, para onde se mudou para acompanhar o marido. O Grace Baby & Child é, aliás, um negócio de ambos. “Somos sócios, tanto na empresa, como em casa”, esclarece, “Apoiamo-nos um ao outro: ele aguenta as pontas em Basileia quando eu estou em Portugal e depois eu fico com as miúdas quando ele vai para fora”.
Os dois últimos anos foram de grande crescimento para o negócio. De tal forma que hoje Ana já gere uma equipa de seis colaboradores. “Tive o privilégio de construir algo do zero e tudo o que fiz e faço vem da minha cabeça, mãos e coração. É muito gratificante”, diz a jovem empreendedora, apesar de admitir que nunca trabalhou tanto na sua vida. No meio do turbilhão que são os seus dias, Ana aceitou o desafio da Executiva para partilhar alguns dos seus locais favoritos cidade onde agora vive.
O café ou casa de chá para descontrair? Passo muito tempo em cafés, são o meu local de trabalho de eleição. Gosto muito do café ao fundo da minha rua, o Fruhling, que tem um ótimo ambiente, boa música e privilegia ingredientes de origem biológica ou orgânica. Perto de minha casa há outro muito simpático também, o La Fourchette, muito concorrido aos fins-de-semana para o brunch. Às vezes também vou ao Mitte, a sede de um antigo banco convertido num grande e muito conhecido café. Aqui também funciona um espaço de coworking e há uma grande dinâmica cultural.
O Fruhling tem bom ambiente e fica mesmo ao fundo da rua.
O restaurante para um almoço de trabalho? Talvez o 1777, no piso térreo da biblioteca, no centro da cidade. Recomendo vivamente os hambúrgueres e o staff é super profissional.
A livraria imperdível? Não sei dizer. Como não sei ler alemão, não é um local que procure e, na verdade, acho que não há. Porém há uma biblioteca muito boa para trabalhar e para passar umas horas com as miúdas. Tem um piso inteiramente dedicado às crianças com livros, brinquedos, jogos, até iPads. É o sítio favorito da minha filha Constança.
Um museu a não perder? Há três museus que visitamos regularmente: o da Fundação Beyeler, o Vitra Design Museum e o recentemente reinaugurado Kunst.
A Fundação Beyeler vale uma visita.
As lojas favoritas para comprar roupa? Ainda não tenho. Não faço compras cá.
Os beauty spots? Em Basileia há um cabeleireiro ou centro de estética porta sim, porta não, até parece impossível haver gente suficiente para tantos espaços. Mas como eu vou a Portugal uma vez por mês, ainda trato do cabelo, mãos e pés, nos meus sítios de sempre (e a um preço bem mais em conta).
O mercado ou a mercearia para comprar bons produtos? Em Marktplatz, no mercado que funciona todos os dias até às duas da tarde. Fruta, legumes, enchidos, azeitonas, massa fresca, flores… É tudo tão delicioso e com tão bom aspeto que, por momentos, uma pessoa até se esquece de olhar para os preços.
Uma loja obrigatória pela sua originalidade? A Fizzen. Fica no centro e, distribuídos pelos três andares, encontramos um pouco de tudo: roupa, calçado, acessórios, ideias para presentes, objetos de decoração… tudo de marcas giras, originais e muito cool.
A Fizzen é uma das lojas mais cool da cidade.
O que mais gosta em Basileia? Da facilidade com que se encontra um café bonito, com ótimo ambiente e cheio de pessoas a estudar, a ler, a trabalhar nos seus computadores. Da proximidade do rio. Desço a minha rua e estou na água. Gosto muito de caminhar pela beira do rio. Há esplanadas e no verão, entre as quatro e cinco da tarde e as nove da noite, esta margem do rio enche-se de gente, música e salsichas grelhadas. De poder andar a pé. Sempre gostei de andar a pé, agora gosto ainda mais. Faço quase tudo a pé, tanto que quando chego a Portugal, naqueles primeiros dias de “adaptação”, nem pego no carro. Aliás, passei a usar muito menos o carro em Portugal.
As margens do Reno são um dos passeios favoritos de Ana.
O que menos gosta? Do custo da vida. É tudo tão caro! É impossível tomar um café por menos de 4 francos portanto imagine-se o resto. Principalmente ao fim-de-semana, o tema dinheiro pode tornar-se muito pesado.
O que mais a surpreendeu nos suíços? A simpatia. Dizem que os suíços são isto e aquilo mas, até agora, não tenho má impressão. É claro que há sempre pessoas menos simpáticas, mas isso há em todo o lado.
Que hábito ganhou nessa cidade que não tinha em Portugal? Vários e acho que todos para melhor. Acordo mais cedo (às 6h45). Bebo um capuccino todas as manhãs. Ando muito mais a pé. Como não temos carro, uso transportes públicos. E cozinho mais e mais saudável porque como uso muito a Bimby é tudo a vapor.
Do que sente mais saudades? Da praia, sinto sempre, até quando vivia em Portugal. E da pessoas de quem gosto, claro.
Qual o local mais próximo de Basileia que vale mesmo a pena tentar conhecer? Parece impossível mas ainda não conhecemos nada. Como temos viajamos muito em trabalho, quando estamos todos juntos só nos apetece estar quietos e mais por casa. Fomos uma vez a Zurique e obviamente que vale imenso a pena. Um dos nossos objetivos pós-verão é mesmo conhecer um pouco da Suíça, Itália, Alemanha e França… porque a grande vantagem deste país também é esta: fica perto de tudo.
O que diria a uma portuguesa que foi convidada para trabalhar em Basileia? Que venha! 🙂
O QUE MAIS GOSTA NO SEU TRABALHO
Poder dizer que tenho um negócio que vive do lado do coração. Tive o privilégio de construir algo do zero e tudo o que fiz e faço vem da minha cabeça, mãos e coração. É muito gratificante. Por outro lado, é muito compensador a proximidade com as clientes e leitoras, receber o feedback das pessoas e perceber que gostam do que sai para a rua ou se identificam com o que escrevo. É muito bom isso também, muito motivador. Poder gerir o meu tempo. Se passo duas semanas seguidas em Portugal a trabalhar 14 horas por dia sem estar com a minha família, quando chego (geralmente à quarta-feira), dedico o resto da semana 100% a elas.
Ana com as filhas Constança e Camila.
