“O meu nome é Ana Sofia Ramos Pereira. Desde os 6 anos, frequentei colégios internos de freiras, até que em 1993 os meus pais me levaram com eles para a Suíça, deixando para trás os meus sonhos de entrar numa universidade e de ser artista. Saí de Portugal com apenas o 6.º ano. Na Suiça completei mais dois anos de escolaridade. Mas rapidamente quis a minha independência, ter a minha casa, o meu carro, o que me levou a iniciar a minha vida profissional aos 16 anos.
O meu primeiro emprego foi cuidar de três crianças que eram filhos do director dos restaurantes do McDonald’s no Valais. Em 1995, propôs-me trabalhar nos restaurantes, onde estive durante dois anos. O salário era baixo e quis procurar melhor. Arranjei alternativa como servente num restaurante onde permaneci durante ano, pois também não era muito bem pago. Precisava de mais e ia sempre procurando outras oportunidades.
Surgiu uma oportunidade em marketing de venda de produtos. Recebia à comissão e, como era a terceira melhor vendedora, recebia muito bem. Descobri durante aqueles três anos o meu gosto pela venda e quis testar a venda direta. Enviei currículo à Conforama e dois meses depois estava a ser contratada com um salário superior e fixo, o que achei bastante positivo. Fiquei na Conforama durante três anos. Fiquei grávida pela segunda vez, de gémeas e tive de deixar minha vida profissional, ficando até hoje sem emprego.
Em 2008, após o divórcio, regressei a Portugal com três filhos e sozinha recomecei a vida. Sem perder a motivação e a esperança, para recuperar os anos de escolaridade perdidos, iniciei um curso na área de estética e massagens, e tirei uma formação como tatuadora e de piercings. Em 2014, grávida do meu quarto filho, inscrevi-me no IADE, em horário pós-laboral, e em 2017 conclui a a minha licenciatura.
Em 2018, iniciei o meu projecto de sonho, o meu Hotel EcoTua, que se encontra neste momento em fase de licenciamento. Como tive interesse e vontade de aprender mais sobre design de interiores, e porque vou precisar pois quero ser eu a decorar o meu hotel, decidi em 2019 investir num curso nessa área, e obtive o diploma com uma boa nota. Durante a licenciatura também tive bastante interesse pela ergonomia e design de produto. Por fim, em 2020, dediquei-me ao lançamento da almofada Ergo-Sofy. ”
Como surgiu a ideia?
A ideia surgiu de necessidades urgentes para acalmar dores físicas e mentais. A almofada ergonómica Ergo-Sofy tem uma forma inovadora, 2 C, o que permite regulá-la e adaptá-la à forma do rosto, permitindo assim um maior conforto durante a noite. Foi concebida para uma maior ergonomia no posicionamento da cabeça em todas as posições – para cima, de lado e para baixo. É produzida com espuma viscoelástica, anti-transpirante e hipoalergénica.
Como montou o negócio?
O produto foi desenvolvido por mim, desde 2014 até ao ano passado. Comecei a falar da almofada a amigos e familiares, e via interesse deles em aderirem a este produto e foi isso que despertou em mim a iniciativa de o partilhar com outras pessoas. Procurei empresas só em Portugal e muitas portas se fecharam, mas uma abriu-se e ajudou-me a desenvolver o protótipo, depois o molde e, em seguida, a dureza da espuma. O custo de desenvolvimento do produto, até agora, anda em torno dos 20 mil euros, pois investimos nas patentes e no certificado médico atribuído pela Infarmed. A almofada é produzida em Portugal, na região Norte.
O nosso negócio foi criado com muito sacrifício, muita paciência e muita dedicação. Não consegui recorrer a nenhum crédito visto estar desempregada, com quatro filhos. Ainda pedi a amigos, mas sem sucesso. Assim, gastei até dinheiro que era para comida. Tivemos mesmo de andar a contar os cêntimos cá em casa e até nos levou à venda do nosso carro.
A empresa era só eu e os fornecedores. Em 2021 optei por contratar uma pessoa de marketing e redes sociais, um engenheiro para nos ajudar a estruturar o site e a empresa. Neste momento somos uma equipa de quatro pessoas.
Atualmente estamos a promover com uma figura pública a publicidade, mais em Portugal, mas que nos fez chegar ao Luxemburgo e França. Estamos quase a concluir uma parceria com produtos ortopédicos e uma loja com certificado do Infarmed, o que quer dizer que só tem produtos de qualidade e vistos como dispositivos médicos. Iremos tentar vender em shoppings pelo país, onde estão expostas todas as marcas de colchões e almofadas. Queremos também vendê-la em farmácias. Estamos há dois meses no mercado e já vendemos 40 almofadas.
Qual o balanço e qual o seu sonho para o futuro?
Já consegui lançar o produto no pior momento da nossa vida a nível económico, com quase tudo fechado, e a maior parte do tempo com atrasos na entrega das encomendas. Espero que a Ergo-Sofy se torne a almofada mais vendida de Portugal no ano 2021, 2022 e 2023. O meu sonho é ter 1 milhão de clientes felizes em 2022.