Texto de Ivone Sousa, service and business designer na Monday
Já todos nos apaixonámos pelas nossas ideias — uma espécie de amor à primeira vista. Podemos concordar que a fase de ideação, num processo de Design Thinking, é a que nos traz mais prazer: já que abre espaço à exploração e à mente aberta. No entanto, não estamos a fazer justiça às nossas ideias se não as validarmos com os nossos utilizadores para lhes dar vida.
No processo da metodologia Design Thinking a prototipagem surge como apoio às equipas de design na exploração, validação e comunicação de ideias. É, também, a fase antecedente à testagem, na qual as equipas procuram entender o comportamento dos utilizadores para com um novo, ou improvado, serviço/produto.
Porquê prototipar?
À medida que os projetos avançam e que as ideias vão passando para cima da mesa, surge a necessidade de identificar os aspetos importantes do processo de ideação — avaliar quais as soluções que melhor se adequam ao utilizador e criar uma compreensão comum que melhore o processo de comunicação aos diferentes stakeholders.
A prototipagem serve como uma atividade essencial para reduzir riscos e incerteza, a fim de aprender e de falhar rapidamente: o que é especialmente importante para reduzir investimento inicial, dando a possibilidade de explorar novas ideias e de inspirar inovação dentro da organização.
Incluir a prototipagem nos projetos também melhora a qualidade dos resultados — ao iterar a prototipagem através de testagem, a possibilidade de criação de novos insights irá trazer decisões mais informadas e irá, também, fomentar a confiança dentro das equipas e também junto dos stakeholders.
No que diz respeito ao trabalho de equipa, os protótipos são uma ferramenta de comunicação importante, já que muitas equipas sentem alguma dificuldade em expressar uma ideia através do discurso ou de uma descrição por escrito (por exemplo, através de e-mail) — e muito se pode perder neste processo. A materialização destas ideias melhora a comunicação, a comunicação e o feedback que se recebe com um nível muito melhor de compreensão.
De que forma é a prototipagem multidisciplinar?
Mesmo que se seja familiarizado com prototipagem no processo de design, arquitetura, ou engenharia, estas metodologias abrangem mais e mais áreas multidisciplinares que beneficiam, também, outras indústrias: tais como serviços e negócios.
À medida que a inovação floresce, em ambientes complexos e multidisciplinares, muitas equipas reconheceram a importância e o valor da prototipagem. Na Monday já ajudámos muitos líderes ambiciosos a inovar nas suas indústrias — com produtos digitais até à gestão.
Ao usar wireframes de low e high fidelity chegamos cada vez mais perto do produto digital final com apoio de feedback informado e de colaboração entre equipas. Para ajudar os novos negócios, assim como os já existentes, facilitamos workshops de Business Model Canvas, prototipagem de ecossistemas, e de valor de negócio (business value).
Há vários métodos que se podem utilizar para prototipar ideias, no entanto, deixamos-lhe alguns dos quais não é necessário a existência de skills especializados, para que possa ir começando.
Processos e experiências de prototipagem
. Desktop Walkthrough – Uma simulação de experiências end-to-end a uma menor escala;
. Investigative Rehearsal – Prototipagem a uma escala one-on-one inspirada no teatro, para informar o lado emocional de uma experiência através de full-body role-play (encenação).
Prototipagem de produtos físicos
. 3D prototyping – representação tridimensional de qualquer objeto. Dependendo do nível de fidelidade que é preciso, pode começar com um protótipo em cartão e avançar até à impressão 3D.
Prototipagem de produtos digitais
. Paper prototyping – Um tipo de prototipagem perfeita e rápida para quem não é designer, utilizando desenho à mão no ecrã/interface
. Wireframes – Ao progredir na fase de design, poderá ser necessário introduzir uma maior fidelidade ao protótipo e esta é uma solução para criar uma representação não-gráfica do interface para a equipa testar a interação do utilizador.
Prototyping Business Value (Valor do Negócio)
. Business Model Canvas – Co-criação e método visual para testar e refinar os componentes do business model.
O mindset da prototipagem
Agora que está mais por dentro dos métodos que se pode utilizar consoante o tipo de projeto, é importante trabalhar no mindsete planear a prototipagem.
O planeamento é crucial nesta fase para que se consiga recolher o máximo de insights e de respostas possível para responder às perguntas da prototipagem, a fim de iterar e refinar, posteriormente, o protótipo.
Começa-se por definir os objetivos da prototipagem logo após a fase de ideação, e antes de se construir o que seja. O plano irá determinar qual o propósito do protótipo, as perguntas e respostas da prototipagem e, finalmente, considerar qual o tipo de fidelidade (fidelity, ou seja, detalhe) necessária ao protótipo.
Definir o propósito
Explorar
Protótipos exploratórios aparecem numa fase inicial do conceito ou da ideia, como uma forma mais tangível de ideação e de pensamento.
Este tipo de propósito é mais adequado de ser utilizado dentro de uma equipa, e não tanto para mostrar aos stakeholders.
Escolhas rápidas e métodos de low fidelity são os mais indicados para explorar ideias rapidamente.
Avaliar
Avaliamos os protótipos quando há uma báse sólida de trabalho já desenvovida. Nesta fase, podemos avaliar o que já temos construído numa perspetiva de quem irá utilizar o produto/serviço.
Criar protótipos para avaliação ajuda-nos a convergir e a reduzir o número de opções, afunilando o foco do projeto.
Estas sessões de avaliação requerem preparação com um leque bem definido de perguntas, a escolha certa dos utilizadores, e a definição de métricas para entender o sucesso do protótipo.
Comunicar
Os protótipos também funcionam como uma excelente ferramenta de comunicação. Neste cenário, trazemos os stakeholders para discutir aspetos importantes do projeto.
Criamos atividades à volta do protótipo que ajudam a reduzir desentendimentos e mantêm a conversação estruturada com a equipa e com a organização à volta dos tópicos mais importantes para o produto/serviço.
Definir as perguntas para a prototipagem
A prototipagem acontece num loop iterativo em que se constrói algo, se revê e se testa com os utilizadores para refinar a prototipagem inicial numa nova.
Para manter estes loops informativos, é preciso definir uma ou mais perguntas de prototipagem. Estas andam à volta de quatro perspetivas:
- Start with value – De que forma é que este produto/serviço cria valor?
- Look & feel – Como é o look and feel?
- Feasibility – Como é que funciona?
- Integration – De que forma trabalha no seu todo?
Quão refinado necessita de ser o protótipo?
Ao definir os tópicos anteriores terá uma maior compreensão de quais são as necessidades da prototipagem e, como resultado, saberá qual o nível de fidelidade que deverá construir no seu protótipo.
Uma dica para decidir qual o nível de fidelidade é a de se considerar o seu propósito, a sua deadline, as skills da equipa envolvida, e a maturidade do projeto.
Ao iterar através dos loops da prototipagem o nivel de fidelidade irá aumentar à medida que se encontra o MVP (most valuable player) ou o produto/serviço final.
É muito comum apaixonar-se por uma ideia — frequentemente, a primeira. No entanto, isso não significa que seja a melhor solução para os utilizadores.
Ao materializar as ideias iniciais, expondo-as às pessoas para as quais o produto/serviço está a ser construído, e observando as suas interações com o mesmo, iremos chegar a perguntas e considerações com novas perspetivas que, em última análise, irão permitir criar melhores produtos.
Enquanto criativos, encorajamos a que se apaixone pelas suas ideias, sim: mas, acima de tudo, que as explore e que opte sempre por uma versão melhor e refinada ao longo do tempo.
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