Silvie Lai e a sua House of Zen

Silvie Lai trocou Macau por Portugal e a produção de conteúdos audiovisuais por um hostel no Estoril, a pensar nos praticantes de ioga.

Silvie Lai está a transformar a paixão pelo ioga num negócio que aproveita as potencialidades turísticas da região de Lisboa

House of Zen, no Estoril, é uma casa despojada, decorada em tons de branco, rodeada de um jardim e com um terraço de onde se avista o mar. “É um espaço onde as pessoas podem fazer uma pausa na sua rotina e, com a ajuda do ioga, reencontrarem o seu equilíbrio”, explica Silvie Lai, a empreendedora desta guesthouse de cinco quartos que abriu as portas em junho.

Depois de mais de 20 anos a viver em Macau, por motivos familiares, Silvie e a sua família decidiram regressar a Portugal. “Estive durante três meses sem saber o que fazer e, nessa altura, não pensei na House of Zen, como um projeto a concretizar. Apesar de há muito o ter idealizado para fazer em Portugal, a ideia começou a germinar em mim lentamente”, conta.

A ideia nasceu de uma paixão antiga. Silvie começou a praticar ioga há nove anos, com o objetivo de se manter em boa forma física. Lentamente, esta atividade passou a fazer parte da sua rotina diária e, hoje, já não consegue passar sem ela. Sempre que viajava, sentia necessidade de procurar um hotel próximo de um estúdio onde pudesse praticar (hoje consegue fazê-lo sem orientação de um professor). A House of Zen vai dar resposta a pessoas com a mesma paixão. O alvo são turistas, mas também portugueses que queiram fazer um retiro e desfrutar das atividades pensadas pela equipa da jovem empresa, como o retiro de caminhada silenciosa de meditação, ou o ioga e a escalada, na paisagem inspiradora da serra de Sintra e da região de Cascais.

A The House of Zen combina o alojamento com actividade scomo o ioga, as massagens ou os tratamentos ayurvedicos.

A House of Zen combina o alojamento com atividades como o ioga, as massagens ou os tratamentos ayurvédicos.

Terraço da casa, com vista para o mar. A praia fica a 5 minutos a pé.

Terraço da casa, com vista para o mar. A praia fica a 5 minutos a pé.

Portugal-Macau-Portugal

A aposta na House of Zen representa uma mudança geográfica, mas também uma reconversão de carreira. Silvie Lai nasceu em Moçambique. Tinha seis anos quando os pais se mudaram para Lisboa, onde viveu até aos 24 anos. Licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, era jornalista na revista Fortuna, quando decidiu mudar-se para Macau, onde surgira uma oportunidade de trabalho na TDM Teledifusão de Macau. Do jornalismo transitou para a área das relações públicas e imprensa, ao serviço do Governo e de outras instituições do território e, nos últimos oito anos, para a produção de conteúdos audiovisuais.

Em parceria com o marido, o produtor e realizador James Jacinto, produziram anúncios de publicidade, programas televisivos e documentários. Estes últimos são “projetos de cunho mais pessoal”, sobre aspetos da cultura de Macau, que a apaixonam.

Com um forte interesse pela área da linguística, o primeiro documentário feito pelo casal foi Patua di Macau, únde ta vai?, sobre o patuá macaense, o crioulo português de Macau, em vias de extinção. A convite da Universidade de Macau, seguiu-se outro filme (“A Terra do Padre”) sobre o cristang, língua crioula de Malaca e o bairro português. No final de 2015, depois de quatro anos de trabalho, estreou “As crónicas de Wu Li no colégio de São Paulo”, documentário ficcional que conta a história da igreja e do Colégio de São Paulo, cujas ruínas são património da Unesco e que são o ex libris de Macau, através da viagem a Macau do poeta e pintor chinês Wu Li, em finais do século XVII. Filmado em Macau, Pequim, Hong Kong e Portugal, foram feitas reconstituições históricas de ambientes e cenas de Macau recriando o seu ambiente multicultural em 1600 e 1700, como a cerimónia de inauguração da Igreja de Madre de Deus ou as aulas no Colégio de São Paulo. Mais de 50 actores e figurantes participam no documentário, trajados à época. Foi financiado pelo Governo de Macau, Fundação Macau, TDM e o Galaxy Entertainment Group, uma das operadoras de jogo de Macau.

“Não posso dizer que nunca mais vou voltar a fazer produção audiovisual. Se se proporcionar, por que não? Tenho algumas ideias na gaveta que não concretizei porque não havia condições para isso enquanto não terminasse este projeto. A produção audiovisual fascina-me. Gosto muito de fazer guiões, de pensar em temas e ideias e de, em equipa, transpô-las para um meio audiovisual. Mas por enquanto estou focada na House of Zen”, assegura.

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As Ruínas de São Paulo, Património da Humanidade da UNESCO, são o que resta da antiga Igreja da Madre de Deus (construída em 1565) e do Colégio de São Paulo, a primeira instituição universitária de tipo ocidental na Ásia Oriental, da Companhia de Jesus, destruídas pelo fogo em 1835.

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