Diana Malhado: “O The Lisbon MBA pôs-me em contacto com profissionais de diferentes ramos e experiências de carreira”

Diana Malhado, diretora da área de Oncologia da AstraZeneca em Portugal, licenciou-se em Engenharia Biológica, mas o interesse pelas áreas de marketing e gestão levaram-a ao The Lisbon MBA CatólicalNova. O programa catapultou-a de imediato para a carreira internacional e para um grande lançamento a nível europeu. Uma década mais tarde continua a aplicar o que aprendeu.

Diana Malhado é diretora da área de Oncologia da Astrazeneca em Portugal.

Diana Malhado licenciou-se em Engenharia Biológica sonhando com uma carreira de investigação na área da genética, mas mudou de ideias logo no estágio final de curso e apaixonou-se pela área da saúde. Num outro estágio na Dinamarca percebeu que também não era na investigação que iria apostar e pôs de lado a ideia do doutoramento. E, finalmente, no estágio seguinte descobriu a AstraZeneca, empresa onde tem feito toda a sua carreira. Esta é uma relação de mais de 16 anos, mas em que não tem havido lugar para monotonia pois Diana Malhado tem conseguido abraçar os desafios que mais a entusiasmam a cada momento. Começou na área da Oncologia, tendo depois passado pela da Síndrome Coronária Aguda, onde fez o lançamento de um novo medicamento na área cardiovascular.

Entretanto, descobriu as áreas do marketing e da gestão e uma vez que o seu background era de engenharia, a empresa incentivou-a e apoiou-a a fazer o The Lisbon MBA. Diana Malhado optou pelo programa em part-time, que lhe permitiu continuar a dar o seu máximo na carreira e em família ao mesmo tempo que contactava com uma nova realidade e conceitos que lhe são úteis até hoje. A carreira internacional já era um sonho, mas a exposição a projetos e business cases com grupos de trabalho variados e metas desafiantes prepararam Diana Malhado para a função de European Product Manager Diabetes, assim que terminou o MBA. Estreou-se com um grande lançamento a nível europeu na área da Diabetes, mas logo que pode voltou para a Oncologia, a sua área de eleição. Em 2017, decidiu regressar a Portugal para aplicar as melhores práticas dos vários países que aprendeu nesta experiência internacional e hoje é responsável pelo portfólio e negócio da AstraZeneca Oncologia no nosso país.

 

Qual era o seu sonho quando se licenciou em Engenharia Biológica? A área da saúde já era aquela em que desejava fazer carreira?

Quando fiz o curso de Engenharia Biológica no Instituto Superior Técnico ambicionava uma carreira de investigação na área da genética. Acabei por fazer o estágio final de curso em microbiologia em colaboração com a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa e logo aí fiquei interessada pela área da saúde.

Quais foram as principais etapas do seu percurso profissional?

Quando terminei a licenciatura inscrevi-me no programa INOV Contacto da AICEP e fiz o estágio em investigação na Dinamarca, numa startup de nutracêuticos. Esse período foi muito interessante não apenas do ponto de vista profissional, mas também do ponto de vista pessoal, uma vez que tive a oportunidade de conhecer uma cultura diferente da nossa. No final do estágio percebi que, embora tenha gostado da experiência de investigação, não me imaginava a fazê-lo a vida toda e decidi então não seguir para doutoramento.

A oportunidade que se seguiu foi a de um estágio na AstraZeneca que, inicialmente seria na área de ensaios clínicos, mas que devido a umas alterações de estrutura interna acabou por ser na área do marketing dos medicamentos hospitalares. E foi nesta experiência que percebi como o conhecimento científico pode ser a base de sucesso no marketing farmacêutico, uma vez que os nossos interlocutores são bastante exigentes nesse ponto de vista e foi também aqui que me apaixonei pela área de oncologia por ser a mais científica e ligada à genética.

Por outro lado, descobri pela primeira vez a área de marketing e gestão que também me despertou interesse e, como estava a ter sucesso no meu desempenho profissional, a empresa passou-me a efetiva como Product Manager na área da oncologia e contribuiu para a minha formação nesta área de gestão e Marketing com um patrocínio de 50% da formação do The Lisbon MBA Executive 2010-2012.

Mal acabei o MBA tive a oportunidade de ter a minha primeira experiência profissional internacional na AstraZeneca, como European Product Manager Diabetes, onde lancei um blockbuster nesta área, a nível europeu, numa parceria com a BMS. Nesta experiência aprendi a riqueza (e desafios) de trabalhar numa parceria com empresas da mesma área com culturas muito diferentes. Aprendi também as particularidades de cada mercado europeu, identificando oportunidades de parcerias e partilhas de experiências entre eles.

Como a minha paixão era a Oncologia, logo que a empresa renovou o pipeline nessa área procurei voltar a ela, desta vez numa posição de marketing a nível global que marcou o início da “revolução” que desde então a AstraZeneca tem feito através do seu pipeline e parcerias nesta área. Esta posição a nível global permitiu-me criar uma marca desde a sua génese e vê-la crescer a nível global.

Depois desta experiência comecei a ter saudades de ver mais de perto um impacto direto nos doentes  de tudo o que fazemos, pelo que primeiramente voltei a uma posição de maior responsabilidade, ainda na área de Oncologia a nível europeu como European Oncology Director, acompanhando e apoiando os países neste “relançamento” da área da Oncologia na AstraZeneca e, em 2017, regressei a Portugal como diretora da Unidade de Oncologia, função em que tive a oportunidade de fazer este relançamento a nível local e criar uma equipa praticamente de raiz, adaptando-a ao nosso novo posicionamento no mercado. Hoje tenho um prazer enorme em continuar a fazer crescer esta equipa e entrar em novas áreas dentro da Oncologia em que nunca tínhamos estado, mas o que mais prazer me dá é ver o desenvolvimento de cada elemento da equipa e desafiá-los para irem mais longe nos projetos que os motivam e nas suas carreiras.

 

O segredo da relação duradoura entre a AstraZeneca e Diana Malhado

Tem feito a sua carreira numa só empresa, algo cada vez mais raro. Qual o segredo da longevidade da sua relação com a AstraZeneca?

Em termos profissionais sempre procurei projetos que me interessassem mais do que avanços de carreira e as boas empresas como a AstraZeneca, procuram profissionais talentosos e motivados, aos quais vão apresentando novos projetos e oportunidades de desenvolvimento. Sempre tive essas oportunidades na AstraZeneca, pelo que nunca senti a necessidade de mudar de empresa.

Qual o projeto mais desafiante em que participou e porquê?

O maior desafio foi a adaptação da gestão do negócio durante a pandemia de COVID-19. O nosso modelo estava 100% assente em interações presenciais e durante a pandemia não só essas interações deixaram de ser possíveis, mas também os profissionais de saúde tiveram que se dedicar maioritariamente a dar assistência aos doentes com COVID-19. Tivemos todos que adaptar a forma como fazíamos estas interações, tornando-as mais úteis e efetivas numa altura tão difícil para todos. Felizmente, já estávamos posicionados como parceiros no mercado e acabámos por conseguir contribuir durante a pandemia através da criação de fóruns internacionais virtuais entre profissionais de saúde para uma rápida partilha de metodologias de como lidar com este vírus e, depois da pandemia, dedicámo-nos a contribuir para a reativação dos circuitos dos doentes oncológicos para garantir um diagnóstico atempado, tão relevante para um melhor prognóstico da doença.

 

O The Lisbon MBA foi o passaporte para a carreira internacional 

Porque decidiu fazer o MBA e porque escolheu o The Lisbon MBA? 

Decidi fazer o MBA em comum acordo com a AstraZeneca uma vez que o meu background era de engenharia e ciência e identificámos a oportunidade do MBA como formação complementar que iria contribuir para as minhas funções de marketing e gestão de negócio na empresa. Sendo claro para ambos os lados a necessidade de um modelo part-time, após pesquisa nos rankings entre as opções em Portugal, o The Lisbon MBA destacou-se em termos de classificação do ranking do Financial Times e recomendações dentro da indústria farmacêutica.

O MBA catapultou-a rapidamente para a carreira internacional. De que forma o The Lisbon MBA Católica|Nova contribuiu para definir e implementar o seu propósito e atingir outras metas?

O The Lisbon MBA pôs-me em contacto com profissionais de diferentes ramos e com variadas experiências de carreira. Ter uma experiência internacional já era uma ambição, mas a exposição a projetos e business cases com grupos de trabalho variados e metas desafiantes prepararam-me para uma abordagem mais pragmática, analítica e inovadora no trabalho que formaram a base de uma entrevista de sucesso e desenvolvimento nas posições internacionais que desempenhei.

Como viveu a experiência de learning by doing tão crítica no The Lisbon MBA Católica|Nova?

As experiências dos projetos reais/business cases e simulações foram essenciais não apenas para melhorar a forma como passei a abordar os desafios da minha vida profissional, mas também para o processo de seleção das pessoas na minha equipa. Hoje em dia não dispenso um business case no processo para avaliar o pensamento estratégico e capacidade de abordar desafios.

Para muitas mulheres, a falta de tempo é o maior obstáculo para fazer um MBA. Como é que ultrapassou esse desafio?

A nível pessoal, o facto de não ter filhos pode ter ajudado a gerir a gestão de tempo, mas não quero com isto desencorajar nenhuma mãe até porque tivemos muitas mães na turma e vários bebés a nascer durante os dois anos de MBA. Acho que é uma ótima ferramenta de incentivo à otimização da capacidade de gestão de tempo de cada um de nós. No meu caso, como fiz desporto federado de competição durante todo o liceu e universidade, já estava acostumada a ter uma boa gestão de tempo. O segredo passa por considerar o MBA tão importante como o trabalho e a família pelo que é uma questão de distribuir o tempo de igual forma pelos três e gerir prioridades. A matriz de Eisenhower é muito prática, simples e uma primeira abordagem que surpreende sempre quem a experimenta. A nível profissional com certeza nos iremos surpreender com a quantidade de coisas “urgentes, não importantes” que podemos deixar cair, bem como as “importantes, não urgentes” que podem ser adiadas.

 

As principais lições que trouxe do Reino Unido

Trabalhou vários anos no Reino Unido. O que mais estranhou e do que mais gostou?

Naturalmente que para um português o que mais se estranha no Reino Unido é o clima e o meu caso não foi excepção. Descobri variados tons de cinzento no céu, mas raramente vi o azul. Também a nível de culinária, os pratos típicos ficam muito atrás dos nossos, muitas vezes senti-me uma contrabandista que regressava de Portugal carregada dos nossos queijinhos e bom vinho. No entanto, a cultura do Reino Unido surpreendeu-me muito pela positiva, particularmente em Londres, onde há uma verdadeira harmonia entre diferentes culturas e religiões e uma diversidade enorme de atividades diárias que nos faz sentir um turista todos os dias. Também achei fantástico a diversidade que cada carreira pode ter, sendo perfeitamente comum um gestor mudar de carreira para artes plásticas ou ir tirar uma pós-graduação em literatura e fazer um shift de carreira para essa área. Acho libertador este conceito real de “follow your dreams” e, infelizmente, algo em falta no nosso Portugal.

Quais as principais aprendizagens que trouxe dessa experiência?

Desta experiência trago a vontade de fazer mais e melhor, não me contentar com o status quo e ter a certeza que, não é por Portugal ser mais pequeno que temos que ser piores ou contentarmo-nos com menos e tento sempre incutir esse espírito na minha equipa.

Que desafios enfrenta como responsável pelo portfólio e negócio da AstraZeneca Oncologia em Portugal?

Os desafios nesta posição estão diretamente relacionados com os próprios desafios de Portugal a nível da sua economia e políticas na área da saúde, mas é extremamente motivante e compensador continuar a trabalhar para melhorar os cuidados de saúde em Portugal com impacto direto em todos nós portugueses.

Que conselho deixa a uma jovem executiva? 

Não há dúvidas de que há muito talento em Portugal. O meu conselho é perseguir projetos e posições que a motivem, mais do que avanços concretos na carreira (que virão naturalmente se fizermos um trabalho com paixão e motivação). Olhem para o mercado global e não se limitem a Portugal, porque o nosso talento é verdadeiramente global! Por último, mas não menos importante, sejam exigentes com as empresas a nível de igualdade de oportunidades independentemente do sexo, idade, religião ou cultura. Se a empresa onde estão não cumpre com estes requisitos, talvez não seja a empresa que vai ser capaz de vos motivar a fazer o vosso melhor e que vos vai dar as oportunidades de desenvolvimento que merecem.

 

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