Inês Valadas é administradora da Vodafone Portugal, responsável pela Unidade de Negócios Particulares, desde maio de 2020. Com uma carreira de quase três décadas, uma licenciatura em Gestão de Marketing pelo IPAM e um MBA pelo The Lisbon MBA CatólicaINova, a executiva juntou-se à Vodafone depois de nove anos como administradora da Sonae MC. Antes disso, nos primeiros 12 anos da sua carreira, Inês Valadas já tinha estado ligada às telecomunicações, tendo passado pela Telechamada, pela IP, e liderado a Direção de Marketing e Vendas no Clix e na Novis, da Sonaecom.
Em 2008, Inês Valadas integrou o Grupo Media Capital como CEO da Media Capital Multimedia e, dois anos depois, regressou ao Grupo Sonae como diretora geral da Wells. Em 2011 passou a integrar o Conselho de Administração da Sonae MC com a responsabilidade pela Wells e pelos negócios não alimentares do Continente. Em 2016 assumiu os negócios de saúde e bem-estar da Sonae MC, liderando a Wells, Arenal (Espanha), Go Natural, Bio&Saudável (Continente) e Clínicas Dr. Well’s.
Além das suas responsabilidades executivas, Inês Valadas foi administradora não executiva da Worten, Sportzone, MO, Zippy e Salsa e, entre 2008 e 2013, lecionou a cadeira de Marketing Communications no Master da Universidade Católica como professora convidada.
Começou a sua carreira nas comunicações e no digital e depois mudou para o retalho, sem conhecer o negócio. O que a levou a fazer esta mudança?
Quando surgiu esta oportunidade já tinha cerca 15 anos de experiência profissional nas áreas de telecomunicações e digital media e considerei que seria uma excelente oportunidade para conhecer um negócio totalmente diferente que me pareceu entusiasmante pelo setor (retalho), pela empresa (grupo Sonae) e pelo grande potencial de desenvolvimento do projeto que consistia em fazer o turnaround a um negócio que estava na sua fase inicial e criar a cadeia líder de mercado na área da saúde, beleza e bem-estar em Portugal.
Do que mais se orgulha nos nove anos que esteve na Sonae MC?
Entrei na Sonae MC em 2010 e saí em 2020. Diria que foi uma grande aventura onde tive a oportunidade de trabalhar com pessoas espetaculares a todos os níveis, de sentir um desafio constante e de aprender muitíssimo. Orgulho-me do percurso que fiz e de ter merecido a confiança para liderar projetos inovadores, transformacionais e com grande impacto. Sei que esta pode parecer uma resposta pouco concreta, mas este é o meu sentimento real… mais do que falar em exemplos específicos de concretizações é sentir que estes 10 anos fizeram a diferença para a empresa, para os meus colegas e equipas, para mim, mas também para muitos consumidores.
“Estar num board é contribuir para a sustentabilidade futura da empresa”
A entrada na Vodafone é um regresso às telecomunicações depois de quase uma década. Quais as principais mudanças que notou neste regresso?
A entrada da Vodafone tem sido muito mais do que apenas um regresso às telecomunicações. Tem sido uma oportunidade incrível em vários aspetos. Em primeiro lugar, uma nova experiência de trabalhar numa grande multinacional com uma cultura muito forte com a qual me identifico muito, o que me tem permitido uma perspetiva totalmente diferente e uma enorme aprendizagem. Adicionalmente, e tendo em conta que entrei na Vodafone em plena pandemia, tive o desafio de fazer a integração na empresa, no negócio e na equipa de forma totalmente remota o que, só por si, foi algo que nunca imaginei ser possível.
No que respeita ao setor… diria que se desenvolve à velocidade da luz. Portanto, as mudanças são muitas e é um desafio constante acompanhar o ritmo. As operadoras de telecomunicações passaram a ser empresas de tecnologia, mudando o seu modelo de negócio para fazer face às profundas transformações, aos desafios do setor. São hoje empresas em que o digital é core, a agilidade é determinante e a inovação constante.
Qual a missão que lhe foi entregue na Vodafone e quais os principais desafios que enfrenta?
A Vodafone Portugal é uma empresa com quase 30 anos de história. É uma das empresas com mais elevada reputação em Portugal, que tem das marcas mais admiradas, mais de 4 milhões de clientes e uma equipa reconhecidamente fortíssima. Sem entrar em detalhes confidenciais, diria que dar continuidade ao trabalho desenvolvido e contribuir para preparar a empresa para os novos desafios do sector, que está numa fase de grande transformação, resumem bem os principais desafios.
Está nos boards há alguns anos, primeiro na Sonae MC e agora na Vodafone. O que representa para si o desempenho de uma função a nível de board?
É uma função de liderança que acima de tudo representa uma enorme responsabilidade de contribuir estratégica e operacionalmente para a sustentabilidade futura da empresa nas suas várias dimensões.
“O MBA foi determinante na minha preparação para as funções que, entretanto, desempenhei”
Porque decidiu fazer o MBA e porque escolheu o The Lisbon MBA?
Foi uma necessidade absoluta para conseguir estar mais bem preparada para os desafios que a minha função apresentava. Fiz o MBA com 29 anos, numa altura em que já desempenhava cargos de direção e, felizmente, tive a consciência de que não tinha a preparação necessária. Ficar em Portugal era a única forma de compatibilizar o MBA com as funções que nesse momento desempenhava e esta era de longe a melhor opção.
Para muitas mulheres a falta de tempo é o maior obstáculo para fazer um MBA. Como é que ultrapassou esse desafio?
A minha experiência no MBA não foi de facto fácil nesta matéria. Não foi fácil porque assumi três papéis em simultâneo: o de mãe, o de trabalhadora e o de estudante. Soube que estava grávida do meu primeiro filho na primeira semana de aulas do MBA, o que significa que fiz o primeiro ano grávida e o segundo com um recém-nascido e sempre a trabalhar.
Assumo que foi mesmo preciso determinação e resiliência para contornar a escassez de tempo… e também a sorte de ter colegas espetaculares no trabalho e no MBA, o que complementado por um bom suporte familiar, me ajudou imenso nas fases mais críticas do final da gravidez e nascimento do bebé.
Como é que o The Lisbon MBA contribuiu para definir e implementar o seu propósito e atingir os seus objetivos profissionais? Ou seja, qual o impacto que teve na sua carreira e na sua vida?
Nunca fui uma pessoa “carreirista” no sentido de ter objetivos claros sobre o meu percurso profissional. Sempre tive o grande privilégio de fazer as minhas escolhas com base no que de facto entendi fazer mais sentido para mim em cada momento e não na perspetiva do que essa escolha possa representar na minha carreira futura. Dito isto, hoje tenho a perfeita consciência de que o The Lisbon MBA foi determinante na minha preparação para as funções que, entretanto, desempenhei. Seguramente, não estaria onde estou se não tivesse passado por esta experiência.
Que conselho deixa a uma jovem executiva?
No trabalho como na vida uma das coisas mais importantes é sermos felizes. É acordarmos todos os dias com motivação e vontade de dar o nosso contributo e de tirar o máximo partido das oportunidades que nos surgem e das pessoas com quem temos o privilégio de trabalhar. É minha convicção que nunca podemos parar de aprender, que temos de ser resilientes e humildes… e de pôr a nossa melhor energia em tudo o que fazemos.
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