Catarina Alves é arquitecta e a sua Casa da Quinta recebeu o prémio Municipal de Arquitetura do Concelho de Odivelas 2021, que tem o objetivo de honrar construções novas, ou que estejam em recuperação, que privilegiem a qualidade arquitetónica e o enquadramento urbanístico do projeto, e que contribuam para a valorização do património arquitetónico e urbanístico do Concelho. Há um ano, lançou a da CATE, marca de arquitetura, design de interiores e lifestyle.
Existe um sentido de “antes – depois” (que neste caso ainda é mais um “durante”) a pandemia por todos os setores da nossa vida. E isso é indiscutível também nas nossas casas.
Durante este estado pandémico, as nossas casas foram testadas ao limite – foram escritórios, ginásios, salas de reuniões, creches, recreios, escolas… entre tantas outras coisas. Foram sobretudo o porto de abrigo no meio deste contexto de incerteza a que temos assistido. E aos poucos muitos de nós fomos sendo invadidos por aquele sentimento de necessidade de mudança, fosse da sala, fosse do jardim ou do quarto.
E agora a par disso, quantas pessoas descobriram que tinham vocação para tratar do jardim, fazer pão, fazer pequenos arranjos de bricolage, pintar, decorar e reorganizar – vocações estas que viviam disfarçadas pela correria do dia-à-dia?
A tendência do DIY — Do it your self ganhou um enorme destaque nos últimos tempos e veio para ficar. Parte boa: a roda já foi inventada e seja qual for a ideia ou o problema, o Google ou o Youtube respondem, apenas é preciso força de vontade e dedicação.
No meu caso o confinamento trouxe-me alguma serenidade e tempo para criar a CATE, mas sobretudo para começar a dar uma segunda vida a objetos que tinha esquecidos em armários, caixas e garagens. Achei que era altura de contrariar este facto e dar uma segunda vida a muitas das coisas que me rodeavam. Porque na verdade passamos a vida a comprar e a acumular novo, sem processar e valorizar o antigo. Muitas e tantas vezes compramos peças sem qualidade em detrimento de peças que apesar de qualidade já não têm a imagem que gostamos.
Portanto se houve alguma coisa que a pandemia certamente nos trouxe, foi esta sensação de “eu talvez consiga fazer isto” ou “ficou tão giro e foi tão fácil”, arrisque que vale a pena.
Conselhos para dar vida nova a objetos antigos
Deixo aqui cinco dicas para que se possa iniciar no DIY, na componente de peças de decoração e mobiliário.
1 – Olhe para os objetos e tente ir além da sua função óbvia e tradicional. Arrisque e vai descobrir novas funções para móveis e peças que tem encostadas a um canto. Uma máquina de costura que se transformou em mesa de cabeceira? Sim é possível. Um lavatório antigo que foi adaptado a local de bebidas frescas? Sim é possível.
2 – Os sprays são os nossos melhores aliados. Imagine aquele vaso, jarra, prato ou artigo do qual até gosta do formato, mas não da pintura e do acabamento – o spray resolve. Pessoalmente adoro os que têm acabamento mate ou efeito giz. Mas também os há com texturas e efeito areia – são a solução mais fácil e prática para dar uma nova vida aos seus objetos.
3 – Garrafas de vinho transformadas em castiçais. Depois de bem lavadas e retirados os rótulos, escolha umas velas elegantes e “ta-da” está a dar uma nova vida às suas garrafas.
4 – Tem umas terrinas antigas às quais não sabe o que fazer? Aproveite para colocar plantas no interior e fazer um centro de mesa bem natural e original.
5 – Dar uma nova vida a móveis. Hoje em dia o mercado está cheio de tintas e soluções para quem não quer perder muito tempo a lixar ou a dar primários; ou se pretender uma intervenção mais simples escolha uns puxadores novos e recupere algumas peças de família.
Na CATE defendo que é este equilíbrio entre peças antigas e contemporâneas que traz alma às nossas casas, que as torna únicas e testemunhas da história da nossa família.