Começou a trabalhar na Jerónimo Martins e foi nesta empresa que iniciou a carreira internacional, no Brasil. Em 2011, integrou o grupo brasileiro de distribuição Pão de Açúcar e três anos mais tarde, testou a sua veia empreendedora. Com dois fundos de investimento tornou-se acionista maioritária e CEO de um negócio de padarias, que começou com apenas 2 lojas e, quatro anos depois, contava com 44 espaços. No final de 2018, aceitou uma proposta da Walmart, a maior empresa de distribuição do mundo, para liderar diversos projetos estratégicos na China.
“Uma crise como esta coloca diversos desafios a nível pessoal e profissional que, acredito, devem ser vividos com serenidade e esperança e, utilizando o tempo disponível para planear o futuro. Pessoalmente, preferi sair temporariamente da China e trazer as crianças para Portugal, permanecendo aqui com elas por várias semanas. Trabalhar e estudar à distância tem diversos benefícios como a flexibilidade, e podermos estar em Portugal, mais perto da família, continuando a nossa actividade na China. Mas tem também o desafio da diferença horária (Shenzhen está 8h à frente de Lisboa), além de uma exigência maior no acompanhamento das crianças.
Em termos profissionais, o Walmart viu uma transferência acentuada das vendas das lojas físicas para o canal online, mas não sofreu demasiado no total. Não houve despedimentos e, pelo contrário, novas contratações a diversos níveis. A cadeia na China está agora a regressar à normalidade. Como política de contenção, o escritório esteve fechado durante 5 semanas e abriu em esquema de rotação, até que dia 30 de Março ficou operacional a 100%. Os estrangeiros continuam a trabalhar à distância. As escolas internacionais permanecem fechadas, por enquanto, sem data de regresso. Walmart partilha agora, nos restantes Países onde opera, as suas práticas de gestão desta crise na China.
Tenho convivido com a realidade desta epidemia, desde finais de Janeiro, na China e, agora em Portugal, com abordagens diferentes. Tenho partilhado algumas experiências. Por exemplo, na China, todos usarão máscara por vários meses, uma prática que permitiu a maior contenção da propagação da doença, durante e após as semanas de isolamento social. Há Países com uma perspectiva diferente mas, há que ser pragmático. Quanto mais tempo esta epidemia demorar a passar, maiores serão as consequências negativas na economia e nos empregos, que já serão enormes. Aprendi que, para lidar melhor com esta realidade, devemos fazer um esforço grande e focado em poucas semanas, e depois, adoptarmos as medidas preventivas de higiene, no dia a dia.”