Jurista com um doutoramento em Direito Privado pela Universidade Nova de Lisboa, Assunção Cristas é professora associada na Faculdade de Direito daquela instituição desde 2009, mas devido às responsabilidades políticas, suspendeu a atividade letiva. A política conquista-a em 2007, quando se junta ao CDS-PP; dois anos mais tarde é eleita deputada. Assume o cargo de Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território entre 2011 e 2015. Em 2016 foi eleita líder do partido com 95% dos votos e anunciou a candidatura à Câmara de Lisboa.
Quais são os aspetos mais positivos de se exercer influência política — e como consegue exercê-la?
Através de uma agenda muito positiva e propositiva. Neste momento, penso que essa influência positiva é fazer o que é suposto fazer-se na oposição: questionar, denunciar o que está mal, pedir explicações e, ao mesmo tempo, procurar influenciar determinados tópicos de agenda. Isso faz-se estudando, trabalhando e apresentando projetos legislativos. Fizemo-lo na natalidade e apoio à família, no envelhecimento ativo e proteção aos mais idosos, na segurança social, educação, mais recentemente na deficiência; na supervisão bancária e combate ao terrorismo, além das questões económicas, que nos vão motivando.
É mais difícil estar na oposição ou no Governo?
É diferente; o trabalho é igualmente intenso. No Governo trabalha-se com mais estrutura de equipa e uma maior liderança dos assuntos e da agenda. No parlamento há uma parte que é necessariamente reativa àquilo que o Governo e outros partidos fazem, mas procuramos ter sempre uma dimensão propositiva e proactiva.
Já alcançámos a verdadeira paridade na política?
Se tivéssemos alcançado a paridade seriamos 50% de mulheres e 50% de homens. Ainda somos menos, mas não sei se isso é relevante para os eleitores. Há dias alguém me dizia: “Quando o político é mulher, dizemos que as mulheres vão votar nela; mas quando é um homem, ninguém diz que são os homens que vão votar nele”. Desempenho as minhas funções ao serviço de todos. Gosto de pensar que as mulheres sentem que há espaço para elas na política.
Como concilia a agenda de trabalho e a família?
Através da partilha de tarefas em casa com o meu marido e de trabalho de equipa na política. Delego e confio, tentando cultivar o espírito de equipa. Procuro que não existam muitos dias seguidos de grande intensidade de trabalho fora de casa. Tento que a hora de jantar e final do dia sejam o menos sobrecarregados possível. Mas sou privilegiada, porque há coisas que só dependem de mim. Se depender de mim não são marcadas reuniões para depois das 17 horas — o que não quer dizer que não existam exceções.
Esta entrevista foi feita em Abril 2017