Formou-se em Direito, tem um MBA, mas a vocação de Susana Santos sempre foi a comunicação. Primeiro como jornalista na Renascença, na RTP e na TVI, depois como diretora de comunicação na Câmara Muncipal de Lisboa. Desde 1999 que assumiu a direção do departamento de comunicação e relações externas do El Corte Inglés.
Tem dois filhos e é uma apaixonada por música, poesia e por Alcobaça, terra onde nasceu. A moda acompanha-a desde sempre, mas não é uma fashion victim. Sabe exatamente o que a favorece e do que gosta, mas admite que nos dias mais dificeis pede conselho à responsável do serviço de Personal Shopper do El Corte Inglés.
Como descreve o seu estilo?
Creio que é um estilo que respeita a cultura da empresa e todas as pessoas que com ela se relacionam. Acredito que a nossa imagem é uma ferramenta de comunicação importante. O El Corte Inglés é clássico, mas também pode ser versátil e surpreendente. Não sei se consigo transmitir algum destes atributos, mas pelo menos tento não os contrariar.
É importante que a minha imagem não cause ruído no meu trabalho.
De que forma a imagem é importante na sua vida profissional?
É importante que a minha imagem não cause ruído no meu trabalho. Procuro expressar simpatia e respeito pelos meus interlocutores e adaptar-me às várias circunstâncias de trabalho.
O que veste quando tem uma reunião importante?
Não creio que passe um dia em que não tenha de me reunir com entidades externas ao El Corte Inglés ou com departamentos da empresa. Nessa medida, todas as reuniões são importantes, pelo que não há um dia em que me vista de forma substancialmente diferente.
A que recorre naqueles dias em que não sabe o que vestir?
Não é a quê, é a quem. Recorro à Margarida Nascimento, responsável pelo Serviço de Personal Shopper, que sabe sempre o que aconselhar e, além disso, tem muito bom gosto. Se a Margarida estiver de férias, uso um vestido dos que previamente me escolheu. Na verdade são todos muito parecidos, e também admito que não vario muito na cor. A outra aposta segura é sempre um top, umas boas calças e sapatos elegantes.
Qual o item que define o seu estilo?
Não sei bem se o estilo é meu, se decorre das minhas funções. Mas sim, no ambiente de trabalho uso quase sempre saltos altos. Fora da empresa visto habitualmente calças de ganga, t-shirts, camisas ou camisolas de gola alta, consoante a estação do ano.
Perco-me por sapatos e alfinetes.
Quais as peças-chave do seu guarda-roupa?
Alfinetes. Gosto de alfinetes, sobretudo antigos, de preferência arte nova. Coloco-os de várias formas. Nos cintos, nos colares, nos vestidos, nas calças, nos casacos. Enfim, gosto sempre de complementar o que visto com um alfinete.
O que a faz perder a cabeça?
São sapatos e alfinetes.
Quais as suas marcas preferidas?
Uso quase sempre peças da Síntesis, Yera e Elogy. Também recorro à marca El Corte Inglés que tem, por exemplo, as melhores camisolas de cachemira, com uma extraordinária paleta de cores. E gosto particularmente do Hugo Boss, da Max Mara, da Marella e da Intropia.
Onde faz as suas melhores compras?
É claro que compro quase tudo no sítio onde trabalho. Aliás, toda a família se veste cá. Com os miúdos é muito fácil. Há sempre soluções. Mas é evidente que também faço compras noutros locais. Ainda há pouco tempo trouxe do Alentejo uma fantástica capa de burel.
Qual o seu pior faux pas em termos de moda?
Há muitas peças que nunca usaria, por razões várias. Não tem tanto a ver com moda, mas antes com as minhas próprias limitações, ou preconceitos, ou complexos, ou lá o que lhes queiram chamar. Não uso alças, não uso leggings, não uso calções, excepto na praia, não uso transparências ou outras peças mais reveladoras. Mas isso não significa que seja crítica em relação aos demais. Acho que aprendi a respeitar o gosto de cada um e procuro – embora nem sempre consiga – não fazer juízos de valor sobre o sentido estético dos outros.
Lembra-se da primeira peça de roupa que comprou?
Lembro. Foram uns ténis da Le Coq Sportif. Tinha 13 anos e senti-me uma adulta a escolher a minha própria roupa!
O que vestimos diz muito do respeito que temos pelos que nos rodeiam.
Quem é atualmente a mulher que considera ter mais estilo?
Das mulheres conhecidas no mundo, gosto do estilo da Hilary Clinton, da Ana Botin e da Gwyneth Paltrow e da rainha da Jordânia. Por cá, admiro a elegância da Rosalina Machado, da Cristina Esteves, Ana Lourenço, Helena Sacadura Cabral, Maria Elisa, Margarida Mercês de Melo e tantas outras… Enfim, mulheres inteligentes, discretas e donas de um sorriso maravilhoso.
Qual o melhor conselho que recebeu nesta área?
Na dúvida, o melhor é optar pelo mais simples, ou, por outras palavras: menos é mais.
Que regras segue para fazer boas compras?
Nunca fazer compras quando estou mal disposta. Comprar peças que tenham capacidade de sobreviver pelo menos 5 anos e, finalmente, se uma peça suscitar dúvidas, o melhor é não comprar.
Que conselho deixaria a uma jovem para não errar na forma de se apresentar no local de trabalho?
Depende do local e da função a desempenhar. O que trazemos vestido diz muito do que somos e diz ainda mais do respeito que temos pelos que nos rodeiam. Mostrar indiferença pelo que vestimos e pelo estado do que vestimos revela também alguma indiferença pelos nossos interlocutores. Num outro sentido, o esforço de adequação às suas expectativas, pode revelar generosidade e respeito.