Originária do sul da Europa, particularmente Grécia e Itália, mas também presente em países como Portugal e Espanha, a dieta mediterrânica tem na sua base alguns hábitos muito saudáveis como a utilização do azeite como principal gordura, e o consumo de frutas, legumes e peixe em detrimento de outras proteínas animais. O interesse dos especialistas por este tipo de dieta começou nos anos 60, o que permite que hoje já não existam quaisquer dúvidas sobre os seus benefícios.
Recentemente, numa entrevista ao El Pais Semanal, Miguel Ángel Martínez-González, catedrático em Saúde Pública na Universidade de Navarra e na Universidade de Harvard, e um dos investigadores por trás do maior estudo científico sobre os efeitos da dieta mediterrânica, o Predimed, enumerou benefícios que não deixam ninguém indiferente. Este estudo, que acompanhou 7500 espanhóis, durante um período de 10 anos, concluiu que os hábitos alimentares mediterrânicos reduzem em 66% os problemas circulatórios, em 30% os enfartes e em 68% o risco do cancro de mama. No geral, a taxa de mortalidade relacionada com complicações cardiovasculares reduz-se em 76%.
A obesidade está relacionada com 15 espécies de cancro.
Por outro lado, estes hábitos alimentares mediterrânicos podem jogar um papel fundamental no combate da maior epidemia dos tempos modernos: a obesidade. O novo projeto de investigação da equipa de Miguel Martínez-González, o Predimed Plus, visa precisamente estudar os efeitos deste tipo de estilo alimentar no combate à obesidade que, segundo a Organização Mundial de Saúde, está relacionada com 15 espécies de cancro.
Atualmente, a esperança média de vida atinge níveis históricos de longevidade, porém, a degradação dos nossos hábitos alimentares nas últimas décadas, associados a outros hábitos como o tabagismo, alcoolismo e o sedentarismo, pode inverter estes números.
Se deixar de fumar e começar a praticar desporto podem ser decisões mais difíceis de pôr em prática, já adotar uma dieta saudável como a mediterrânica não oferece tanta resistência, pois não implica grandes privações alimentares ou cortes radicais, mas sim que se evite consumir os alimentos ultraprocessados industrializados, que contém grandes quantidades de gorduras transgénicas, açúcar e sal, e se reduza o consumo de carnes vermelhas. De entre aqueles alimentos processados, inclui-se o pão branco, produzido com farinhas refinadas, consumido em grandes quantidades em países como Portugal e Espanha.