Menopausa: maioria das mulheres assume que impacta a sua carreira

Quase um quarto da população empregada em Portugal são mulheres em menopausa e de acordo com o estudo “Dar Voz e Ouvidos à Menopausa”, realizado pela Médis, 63% destas mulheres afirma que a menopausa impacta negativamente o seu dia a dia no trabalho.

A conversa “Menopausa e o trabalho: a urgência de agir, sem rotular”, organizada pela Médis.

Quase um quarto (22%) da população empregada em Portugal são mulheres em menopausa e de acordo com o estudo “Dar Voz e Ouvidos à Menopausa”, realizado pela Médis, 63% destas mulheres afirmam que a menopausa impacta negativamente o seu dia a dia no trabalho, sendo o desconforto e a falta de memória as principais causas apontadas. A maioria (68%) confessa aceitar ou disfarçar os sintomas em contexto de trabalho.

Estes dados foram divulgados ontem, na conversa “Menopausa e o trabalho: a urgência de agir, sem rotular”, organizada pela Médis, marca de saúde do Grupo Ageas Portugal, que serviu de palco ao debate sobre a falta de investimento e conhecimento na saúde da mulher e à divulgação de dados sobre o panorama da menopausa no mercado de trabalho em Portugal.

Durante o evento foram apresentados outros dados relevantes que permitiram um olhar mais realista sobre o quotidiano da mulher no contexto de trabalho nesta fase da sua vida. As mulheres em menopausa apontam o desconforto (87%), a falta de memória (82%), a falta de foco (82%) e a produtividade (81%) como fortemente impactados nesta fase da sua vida. A maior parte das inquiridas (73%) referiu que este é um tema que impacta negativamente a sua eficiência e a sua produtividade. Além disso, 77% nunca abordou o tópico com a chefia e apenas 15% falam do tema com colegas .

Quase 70% das mulheres aceitam ou disfarçam os sintomas quando sentem mal-estar no trabalho porque têm receio de serem incompreendidas (61%), de serem despedidas (40%), despromovidas (40%) ou não serem aumentadas (47%). 

O encontro, moderado por Maria do Carmo Silveira, responsável de Orquestração Estratégica do Ecossistema de Saúde do Grupo Ageas Portugal, contou com especialistas da área da saúde e do setor empresarial, com o intuito de reforçar uma mensagem crucial: a menopausa não é uma doença, mas um processo natural pelo qual todas as mulheres passam ou irão passar. Como preparar o mercado e os empregadores para ter uma resposta adequada e equilibrada a esta fase foi um dos pontos centrais da discussão. 

“É através de encontros como este que conseguimos reforçar a importância de se quebrarem os estigmas associados à menopausa, que afeta o dia a dia das mulheres não só com a família e amigos, mas também no local de trabalho. É fundamental trazer este tema para a discussão e encorajar as mulheres a sentirem-se à vontade para abordá-lo em contextos laborais. Temos presente que esta questão pode tornar-se difícil de abordar, especialmente perante a predominância de chefias do sexo masculino, e falar desta questão é, ainda e infelizmente, desconfortável”, referiu Maria do Carmo Silveira.

Cristina Mesquita de Oliveira, fundadora da Comunidade de Saúde em Menopausa e da VIDAs Associação Portuguesa de Menopausa, acrescentou ainda a existência de um preconceito no feminino: “A menopausa é falada em silêncio, mesmo entre mulheres e entre gerações de mulheres. É necessário transformar a menopausa num assunto, para que consiga ganhar relevância e seja vista como uma necessidade de justiça, inclusão e de equidade na vivência do trabalho.”

Helena Marujo, coordenadora científica da Pós-graduação em Psicologia Positiva Aplicada e investigadora do Centro de Administração e Políticas Públicas do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), acrescenta que trabalhos sem flexibilidade e com ambientes potenciadores de stress impactam diretamente na sintomatologia das mulheres, na qualidade e intensidade dos sintomas. “As empresas podem ajudar a suavizar a experiência das mulheres com a menopausa ao não silenciarem o tema, apoiando-as e dando-lhes flexibilidade de funções e horários”, referiu a especialista.

Miguel Oliveira da Silva, professor catedrático, ginecologista-obstetra e coordenador científico do estudo “Saúde e Bem-Estar das Mulheres – um Potencial a Alcançar”, do projeto Saúdes, admitiu que existe ainda desatenção da parte médica em relação à menopausa e reconhece que é preciso mudar. “Os médicos, não só os ginecologistas, devem tomar a iniciativa de falar sobre menopausa com as mulheres que têm mais de 40 anos,  perguntar-lhes se têm queixas ou não.”

 

Saiba mais sobre o estudo “Dar Voz e Ouvidos à Menopausa”.

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