Sara Blakely fundou a marca Spanx ainda antes dos 30 anos, criando uma solução revolucionária de collants de senhora, sem pé, de modo a poderem ser usados com sandálias, mas com os benefícios adelgaçantes da roupa interior modeladora. “Nunca tinha tido uma aula de gestão nem tinha experiência de trabalho na indústria da moda ou do retalho. Passara os últimos sete anos a vender faxes de porta a porta, desde que terminei a faculdade, e tinha 5 mil dólares em poupanças. Tinha acabado de sair de casa da minha mãe e namorava com um falhado”, recordou numa conferência, falando do pouco auspicioso início do seu percurso enquanto empreendedora.
A ideia de negócio, que partiu da sua experiência pessoal de mulher obrigada a usar meias em eventos e ocasiões profissionais no tórrido clima da Florida, foi um sucesso, valendo-lhe mais de 4 milhões de dólares em vendas logo no primeiro ano e 10 milhões no ano seguinte. Em 2012, a Forbes referia-se a ela como a mais jovem multimilionária em todo o mundo a conseguir enriquecer graças à sua ideia de negócio e trabalho.
No entanto, e apesar da sua história inspiradora, quando lhe perguntam qual o melhor conselho de carreira que lhe deram, a empresária de 47 anos não fala de sucesso, recordando antes a pergunta que o pai lhe fazia regularmente, quando era criança: “Em que é que falhaste esta semana?” Não queria saber de quantos Muito Bons tinha conseguido nos testes ou quantos golos tinha marcado ao serviço da sua equipa, na escola. E quando a filha lhe respondia, a reação do pai era estender mão para comemorar com um high five: “Bate aqui!” Uma pedagógica lição em que as experiências negativas se convertem em reforço positivo e na qual o pai a levava a refletir nas falhas, celebrando essa capacidade de análise, ao mesmo que lhe demonstrava que isso não tinha qualquer impacto no seu amor por ela.
Como a própria CEO da Spanx recorda, em entrevista à Fortune: “Não fazia ideia do quanto esta experiência iria definir não só o meu futuro, como também o meu conceito de fracasso. Enquanto empreendedora, apercebi-me da quantidade de pessoas que não seguem as suas ideias de negócio porque têm medo do que possa acontecer. O meu pai ensinou-me que falhar só nos conduz à nossa próxima grande conquista.”
Um bom exemplo na vida da própria Sara é o facto de ter chumbado duas vezes nos testes de admissão à faculdade de direito — o plano inicial era ser advogada, como o pai — antes de fundar a sua empresa. “Foi um dos muitos testes que me mostraram como alguns dos maiores fracassos das nossas vidas nos dão o empurrão para encontrarmos outro caminho.”