Muito se fala da igualdade de género nas empresas. Diz-se que temos poucas mulheres a trabalhar em alguns setores e, especialmente, em cargos de decisão. Diz-se que devíamos ter mais mulheres nas empresas, mas remete-se o debate para uma questão de justiça social. Esquece-se que devemos ter mulheres nas empresas porque elas são necessárias ao seu sucesso. E quem não quer ter sucesso?
Estranho que se fale pouco sobre as vantagens concretas da participação das mulheres nas decisões das empresas. Quando trazemos as mulheres para dentro das empresas e lhes damos poder de participação, estamos a aumentar a diversidade de pontos de vista e, consequentemente, a melhorar as decisões de gestão.
É importante que as mulheres façam parte das empresas porque acrescentam valor e não porque devemos ter uma quota. Não acredito nas quotas, acredito no valor que as mulheres trazem. Acredito que as mulheres gerem tão bem como os homens.
Tentar resolver o problema apenas com quotas é menosprezar as mulheres. Como se melhora a participação das mulheres nas empresas? Consciencializando os gestores que equidade de género também faz as empresas serem melhores e crescerem.
Interessa defender a diversidade do debate interno nas empresas, incorporando ângulos e pontos de vista distintos sobre os assuntos. Interessa que a diferença seja compreendida como essencial para que as empresas melhorem os processos de decisão coletiva. Interessa defender a mais valia das mulheres e evitar que uma minoria tenha a tendência a preservar uma conformidade aparente por receito de perder o debate com os colegas.
A PHC conta com 42% de mulheres na sua força de trabalho e no board o equilíbrio é 50/50.
No sector onde trabalho, o das tecnologias da informação, em Portugal, as mulheres representam apenas 20% – um número muito abaixo do desejável. Mas esta é uma tendência que pode ser contrariada facilmente. Dou o exemplo que me é próximo: hoje, tenho a possibilidade de contar com 42% de mulheres na empresa que dirijo e sei da mais valia que tem sido para os resultados que temos obtido. Não temos quotas, temos a consciência que a diversidade melhora os processos internos.
Na minha management board o equilíbrio entre homens e mulheres é 50/50. Infelizmente, não é assim em todas as empresas. O acesso aos cargos de liderança tem de melhorar e se atendermos ao estudo GFP 2015 Index, apenas 12,5% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Isto não se resolve com quotas, resolve com uma valorização consciente.
A espiral do silêncio diminui-se com diversidade. E se queremos ter melhores empresas e maior sucesso, temos de pensar que a paridade empresarial não é apenas uma questão de justiça, é também uma forma de melhorarmos as decisões das nossas empresas.