Ricardo Parreira: O que falta no debate sobre as mulheres nas empresas

O CEO da PHC defende que a paridade não é apenas uma questão de justiça, é também uma forma de melhorarmos as decisões das nossas empresas

Ricardo Parreira não advoga as quotas, mas uma valorização consciente das mulheres.

Muito se fala da igualdade de género nas empresas. Diz-se que temos poucas mulheres a trabalhar em alguns setores e, especialmente, em cargos de decisão. Diz-se que devíamos ter mais mulheres nas empresas, mas remete-se o debate para uma questão de justiça social. Esquece-se que devemos ter mulheres nas empresas porque elas são necessárias ao seu sucesso. E quem não quer ter sucesso?

Estranho que se fale pouco sobre as vantagens concretas da participação das mulheres nas decisões das empresas. Quando trazemos as mulheres para dentro das empresas e lhes damos poder de participação, estamos a aumentar a diversidade de pontos de vista e, consequentemente, a melhorar as decisões de gestão.

É importante que as mulheres façam parte das empresas porque acrescentam valor e não porque devemos ter uma quota. Não acredito nas quotas, acredito no valor que as mulheres trazem. Acredito que as mulheres gerem tão bem como os homens.

Tentar resolver o problema apenas com quotas é menosprezar as mulheres. Como se melhora a participação das mulheres nas empresas? Consciencializando os gestores que equidade de género também faz as empresas serem melhores e crescerem.

Interessa defender a diversidade do debate interno nas empresas, incorporando ângulos e pontos de vista distintos sobre os assuntos. Interessa que a diferença seja compreendida como essencial para que as empresas melhorem os processos de decisão coletiva. Interessa defender a mais valia das mulheres e evitar que uma minoria tenha a tendência a preservar uma conformidade aparente por receito de perder o debate com os colegas.

A PHC conta com 42% de mulheres na sua força de trabalho e no board o equilíbrio é 50/50.

No sector onde trabalho, o das tecnologias da informação, em Portugal, as mulheres representam apenas 20% – um número muito abaixo do desejável. Mas esta é uma tendência que pode ser contrariada facilmente. Dou o exemplo que me é próximo: hoje, tenho a possibilidade de contar com 42% de mulheres na empresa que dirijo e sei da mais valia que tem sido para os resultados que temos obtido. Não temos quotas, temos a consciência que a diversidade melhora os processos internos.

Na minha management board o equilíbrio entre homens e mulheres é 50/50. Infelizmente, não é assim em todas as empresas. O acesso aos cargos de liderança tem de melhorar e se atendermos ao estudo GFP 2015 Index, apenas 12,5% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Isto não se resolve com quotas, resolve com uma valorização consciente.

A espiral do silêncio diminui-se com diversidade. E se queremos ter melhores empresas e maior sucesso, temos de pensar que a paridade empresarial não é apenas uma questão de justiça, é também uma forma de melhorarmos as decisões das nossas empresas.

 

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