Maternidade rima com felicidade e calha bem que assim seja: se não há duas mães nem duas crianças iguais e todas as formas de viver o nascimento dos filhos são, forçosamente, singulares entre si, é difícil encontrar quem não rotule esta experiência como uma das mais recompensadoras em todo o seu percurso de vida. O que não invalida, por outro lado, que seja também uma das mais exigentes. Ser responsável por criar, cuidar, alimentar e educar alguém é dos maiores desafios com que um ser humano se pode deparar, o que ajuda a explicar que a maternidade seja igualmente acompanhada de algumas inquietações.
Sobretudo nos primeiros meses, quando mãe e bebé ainda estão a conhecer-se e a estabelecer rotinas, é natural que surjam dúvidas e receios. Um dos fatores de preocupação mais frequentes para as recém-mamãs é o momento de voltar trabalho após a licença de maternidade e o processo de adaptação que isso implicará, quer para si, quer para as crianças.
O segredo está em preparar-se e planear o seu regresso antecipadamente – e quanto mais cedo, melhor.
Retomar uma vida profissional ativa depois de ter sido mãe trará quase de certeza mudanças para todas as partes envolvidas – para a mulher, para o bebé e até para a entidade patronal –, mas não se assuste: não tem de ser um bicho-de-sete-cabeças! O segredo está em preparar-se e planear o seu regresso antecipadamente – e quanto mais cedo, melhor –, para que a transição se faça o mais suavemente possível. Seguem-se algumas dicas que a podem ajudar a conciliar maternidade e carreira nestes primeiros tempos, sem dramas e com benefícios para todas as partes envolvidas.
Antes de ser mãe
Por incrível que pareça, é ainda antes de engravidar – ou até de planear ser mãe – que deve começar a criar condições para que o regresso ao trabalho após a licença de maternidade decorra o melhor possível. Para uma mulher que esteja em busca de emprego ou deseje abraçar um novo desafio profissional, é sempre importante procurar perceber com o recrutador se a companhia implementa políticas de apoio à maternidade e qual a sua flexibilidade, a esse nível. Embora o direito a gozar a licença de parentalidade nos termos estabelecidos pela lei seja inalienável, ingressar numa empresa que aposte em medidas adicionais de incentivo e apoio à família – como a disponibilização de serviço de creche ou a possibilidade de optar pelo regime de teletrabalho, por exemplo – pode fazer toda a diferença se e quando decidir ter um filho.
Quando engravidar
Planeie atempadamente qual a duração pretendida para a sua licença de maternidade – tendo em conta que, em Portugal, a mãe tem direito a 120 ou 150 dias consecutivos de licença, 30 dos quais devem ser gozados obrigatoriamente nas seis semanas imediatamente a seguir ao parto. Claro que poderá ajustar esses planos quando já tiver o seu bebé nos braços, mas será profissionalmente responsável da sua parte começar por dar a uma ideia a quem trabalha consigo de quanto tempo poderá necessitar, para que a sua ausência seja devidamente precavida.
Ao negociar condições de trabalho mais flexíveis nesta fase, enfatize que elas não põem em causa o seu desempenho.
Adicionalmente, decida como pretende regressar ao trabalho ainda antes de se ausentar e discuta com os seus superiores hierárquicos como se processará esse retorno. E se desejar negociar condições de trabalho mais flexíveis nessa fase inicial – no que toca a horários ou à necessidade de evitar deslocações mais prolongadas, por exemplo –, lembre-se sempre de enfatizar que essas condições podem ser importantes para o seu equilíbrio profissional e pessoal, mas que não põem em causa a qualidade do seu desempenho.
Enquanto ainda estiver a aguardar a chegada do bebé, encontrar no seu trabalho outra profissional que já tenha sido mãe é outro aspeto que poderá facilitar o seu regresso ao ativo após a licença de maternidade. Ter ao seu dispor uma espécie de “mentora para a maternidade”, que partilhe experiências e conselhos que a ajudem neste processo, é de tal forma relevante, que há inclusive empresas que oferecem às suas colaboradoras programas deste género.
Ao regressar
Cada profissional tem um perfil próprio e não há receitas que sirvam a todas, mas pode ser bom retomar as suas antigas funções com alguma calma. Mesmo que já esteja a ansiar pelo regresso há algum tempo, é natural que, depois de uma fase de grandes alterações à sua rotina e à da sua família, precise de algum tempo para se adaptar a novas mudanças. Quando o fim da licença da maternidade da mãe é sinónimo de entrada no bebé na creche ou na ama, é compreensível que haja também alguma ansiedade acrescida, pelo não deve sentir-se pressionada a voltar logo a todo gás. Sem descurar as necessidades e os cuidados físicos e emocionais consigo e com a sua família, pode, no entanto, começar por definir metas e objetivos que a ajudem a entrar novamente no ritmo e a estimulem do ponto de vista profissional.