A segunda quinzena de setembro chegou. O sabor do verão ainda se faz sentir o que, não raras vezes, dificulta o regresso ao trabalho em pleno. Para que não coloque a sua imagem de executiva de excelência em questão, vou relembrar-lhe as 7 atitudes que jamais deverá adoptar quando regressa de férias.
1.Apresentar-se em “modo férias”
Sei que o calor que ainda se faz sentir dificulta o regresso às peças de roupa mais formais e aos acessórios de que, habitualmente, não prescinde enquanto executiva. Contudo, reserve as alpercatas, os vestidos boho e as pulseiras de algodão para o fim de semana.
Se, num gesto de empatia para com a sua filha se rendeu aos “tererés” e às pulseiras de verão, não se esqueça de os retirar antes de regressar ao trabalho: são, claramente, um acessório proibido num ambiente executivo.
2.Adoptar um horário “flexível”
Se durante as férias a flexibilidade e/ou ausência de horários foram uma constante, antes de regressar, adopte, de imediato, o rigor dos relógios suíços: chegar atrasada não é, de todo, compaginável com o perfil de executiva de excelência.
3.Invocar o tempo de férias para justificar a desconexão com os temas a seu cargo
Teve o privilégio de conseguir estar três semanas ausente da empresa. Tem uma equipa fantástica que lhe permitiu não ser incomodada durante o seu período de descanso. É, sem dúvida, uma verdadeira líder que preparou a sua equipa para não depender de si. Contudo, tal jamais será “desculpa” para a sua desconexão com a empresa invocando a sua ausência para não estar, 200%, inteirada de todos os assuntos que são da sua responsabilidade.
4.“Não me apetecia nada voltar”
Às crianças podemos “desculpar” abordagens como “não me apetecia nada regressar às aulas”; todavia, no mercado de trabalho, tal não se aplica. Se o sentido de “resistência” ao regressar ao trabalho se apoderou de si, talvez seja tempo de refletir se está no local de trabalho certo. Contudo, durante a reflexão, coiba-se de partilhar esse sentimento com a restante equipa, pois denotará total desconexão com a alma da empresa.
5.Partilhar pormenores íntimos das férias
“Não vão acreditar! Sabiam que a minha filha Maria, este verão, teve dois amores de verão?! Nem vão acreditar no que aconteceu no jantar de família…” Será que as vivências da sua família são do interesse dos seus colegas de trabalho? Por mais interessantes que lhe possam parecer, evite a partilha de pormenores pessoais vividos durante as férias: não só não expõe a sua vida pessoal (nem a da sua família), como não compromete o seu profissionalismo com a partilha de informação que não deve ser partilhada no local de trabalho.
6.Vangloriar-se das suas férias de luxo
Teve oportunidade de desfrutar uns dias maravilhosos num resort de luxo? Este verão, realizou as férias em família dos seus sonhos? Que bom ter oportunidade de realizar os seus sonhos! Contudo, tal jamais deverá ser partilhado no local de trabalho, em particular salientando valores associados, às experiências concretas que vivenciou pois poderá deixar os seus colegas desconfortáveis… Afinal, a sua realidade pode não coincidir com a realidade dos seus colegas e ser inalcançável para muitos.
7.Comprar as suas férias com as férias dos seus colegas
“O quê?! Férias em casa de amigos? Pior só mesmo passar as férias em casa! Que horror! Isso é tão deprimente… chama a isso férias?!” Complementando o erro número 6, termino este artigo com um comentário que, infelizmente, tenho ouvido várias vezes e que pode magoar o outro, verdadeiramente…
Ainda que possamos falar de colaboradores com cargos e salários equivalentes, nunca se esqueça que a sua realidade, as suas obrigações e opções de vida não são equivalentes. A sua realidade não é a realidade do outro e, como tal, não tem o direito de julgar as opções dos outros, tal como, seguramente, não gostará de ser julgada pelas suas.
Desejando-lhe um excelente regresso, espero que continue a acompanhar as reflexões mensais na Executiva!
Joana Andrade Nunes é consultora de protocolo, etiqueta e comunicação, membro da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo, colaboradora no programa “Praça da Alegria”, na RTP 1 e autora da rubrica “Etiqueta Profissional”, na Executiva. Mestre e Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, iniciou a carreira profissional como docente universitária nesta instituição e, até 2017, conciliou a atividade de docência com a prática de advocacia de negócios. Em 2014, foi distinguida com Menção Honrosa no âmbito do V Prémio Wolters Kluwer de Artigos Jurídicos Doutrinários. O seu livro Quatro Gerações à Mesa foi considerado o melhor livro de culinária de Portugal, pelos Gourmand World Book Awrads (2016) e o 3.º melhor do mundo, pelos gourmand World Book award, 2017. Desenvolve a atividade de consultoria e formação junto de prestigiadas equipas e organizações.
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