Portugal é o 6.º país com mais mulheres empreendedoras

O Índice de Mulheres Empreendedoras da Mastercard mostra que Portugal é o 6.º país no mundo com mais mulheres empreendedoras, à frente de Espanha, Itália ou Irlanda.

Portugal ocupa a 6.ª posição no ranking dos países com maior percentagem de mulheres empreendedoras

Portugal subiu este ano uma posição no ranking das mulheres empreendedoras, passando para o 6.º lugar à frente de países como a Espanha, a Itália ou a Irlanda, segundo os resultados do Índice Mastercard de Mulheres Empreendedoras 2021. Este estudo, que conta com a sua quinta edição, analisa a igualdade género no mundo das empresas e do trabalho e a evolução do empreendedorismo feminino em 65 países, os quais representam 82% da força de trabalho feminina em todo o mundo.

Relativamente à percentagem de mulheres gestoras de empresas, Portugal assume uma posição dianteira (37,4%), à frente da Irlanda (35,7%), França (34,6%) ou Alemanha (29,7%). Os resultados também se revelam positivos em indicadores como a percentagem de mulheres em trabalhos especializados e técnicos (52,5%), superior à participação em outros países como a Dinamarca (50,3%), Alemanha (52%), Irlanda (51,4%) ou Espanha (49,7%), encontrando-se ainda na 15.ª posição ao nível da participação feminina na força global de trabalho.

Apesar desses bons resultados, as conclusões deste índice apontam ainda para aspetos em que Portugal pode progredir face à média global das economias avançadas. Duas das áreas em que o nosso país está significativamente abaixo da média global é no acesso das mulheres empresárias a produtos financeiros (31.º), muito distante de economias como o Reino Unido (9.º), a Alemanha (11.º), a França (13.º) ou a Dinamarca (15.º). O mesmo acontece relativamente ao apoio a PME, ao ocupar a 32.ª posição, a 14 pontos de Espanha e a 10 da Irlanda.

Apesar disso, no que respeita a condições empresariais, Portugal apresenta uma melhor posição devido sobretudo à boa qualidade da gestão empresarial, embora esteja ainda longe da média em domínios como a competitividade, percepções culturais do empreendedorismo e quadro geral empresarial.

Maria Antónia Saldanha, country manager da Mastercard, salienta que “existe um conjunto de indicadores que nos dão confiança de que a evolução nos próximos anos seja positiva ao nível da igualdade de género nas empresas e no trabalho. Verificamos que existem ainda muitas áreas, já identificadas, em que é fundamental trabalharmos para podermos criar mais oportunidades para as mulheres e contribuirmos decisivamente para reduzirmos as desigualdades de género. Isso passa, naturalmente, por mobilizar recursos para áreas chave como as PME, a inclusão financeira, para políticas que facilitem o acesso das mulheres ao crédito e ao investimento, mas também a recursos para o desenvolvimento de competências, conhecimento e inovação.”

Ainda longe da igualdade de género a nível internacional

Segundo o estudo, e apesar das mulheres representarem cerca de metade da população mundial e 39% do emprego global, apenas um quinto das empresas exportadoras, a nível internacional, são lideradas por mulheres e 80% das empresas detidas por mulheres têm dificuldades na obtenção de crédito. A falta de acesso ao financiamento é, aliás, uma das principais barreiras que as mulheres empreendedoras enfrentam em todo o mundo, equivalendo a uma lacuna de financiamento que ascende a mais de 1,54 mil milhões de euros. Além disso, as mulheres continuam a estar significativamente sub-representadas em relatórios económicos e índices sobre startups.

Estados Unidos, Nova Zelândia e Canadá são os países nos quais as mulheres têm mais oportunidades, uma vez que são economias em que a capacidade de prosperar em atividades empreendedoras é maior e também por terem um acesso facilitado a diferentes recursos, desde o conhecimento ao apoio financeiro.

Austrália, Suíça e Taiwan integram também o topo do índice, com a Alemanha a apresentar o maior crescimento e a catapultar-se para o 7.º lugar, seguida de Israel no 8.º lugar, país que, em 2020, apresentou um crescimento extraordinário num conjunto de indicadores em resultado das políticas de apoio institucional dirigidas especificamente às mulheres nas PME.

Mulheres empreendedoras mais impactadas pela pandemia

Apesar dos esforços globais para mitigar o impacto da pandemia vivida ao longo dos últimos dois anos, a verdade é que acabaram por ser as mulheres a sofrer um impacto mais desproporcional, que ameaça reverter décadas de progresso com vista a alcançar a paridade de género no trabalho e nos negócios. Segundo o Fórum Económico Mundial, em comparação com o período pré-pandemia, são hoje necessários mais 36 anos para colmatar as desigualdades globais de género.

De acordo com o estudo da Mastercard, cerca de duas em cada três empresas lideradas por mulheres foram fortemente afetadas pela pandemia. Por outro lado, cerca de 54% das pessoas que perderam emprego durante este período foram mulheres, em resultado da sobre-representação em sectores mais atingidos pelo confinamento e do aumento do tempo gasto em cuidados familiares. Ainda mais relevante é o facto de que 90% das mulheres que perderam esses empregos ainda não conseguiram regressar ao mercado de trabalho. Os encargos adicionais induzidos por sucessivos confinamentos e o encerramento de escolas não só conduziram a níveis mais baixos de produtividade, devido a alterações nas rotinas de trabalho, ao acesso desproporcionado a equipamentos de teletrabalho, como, em alguns casos, obrigaram as mulheres a abandonar completamente os seus empregos. Dados da Organização Internacional do Trabalho mostram que globalmente, em 2020, a taxa de emprego das mulheres diminuiu 5,0% em comparação com 3,9% para os homens.

Não obstante, muitas mulheres mostraram uma forte resiliência e adaptabilidade, com 14 das economias avaliadas no relatório da Mastercard a mostrarem sinais positivos de crescimento do empreendedorismo feminino, em particular em economias de baixo e médio rendimento, onde a compensação financeira direta dos governos tende a ser inferior.

Incluir as mulheres na nova economia digital

Ainda de acordo com dados do Entrepreneurship Outlook 2021 da OCDE, 50% das PME adaptaram os seus modelos de negócio durante a pandemia, integrando novas ferramentas e soluções digitais, como o ecommerce, marketing, além de interações B2B e B2C, para poderem continuar a operar remotamente e digitalmente. E esta aceleração da mudança para as ferramentas digitais vem demonstrar que mais do que nunca é essencial incluir as mulheres empreendedoras na nova economia digital.

“A recuperação económica global depende da retoma de um crescimento mais sustentável e inclusivo, que capacite as mulheres empreendedoras e que apoie as suas empresas”, salienta Jane Prokop, EVP, líder de segmento global para pequenas empresas da Mastercard. “O Índice Mastercard de Mulheres Empreendedoras identifica alguns dos maiores desafios que as mulheres enfrentam nos negócios e apresenta indicadores que revelam um movimento global positivo em muitos países. E no atual quadro de maior adoção de ferramentas digitais, é essencial promover políticas que garantam que mulheres empreendedoras beneficiam da nova economia digital.”

Reiterando o objetivo de apoiar e contribuir para a redução das desigualdades de género e de equidade, a Mastercard assumiu ainda o compromisso global de ligar 25 milhões de mulheres empreendedoras à economia digital até 2025.

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