Licenciada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Paula Azevedo tem, entre outros, uma pós-graduação em Finanças e Fiscalidade pela Porto Business School e fez o Programa de Direcção de Empresas, pela AESE. É, desde 2014, diretora de Contabilidade, Fiscalidade, Serviços Administrativos e Operações Financeiras do Grupo Soja de Portugal, depois de ter trabalhado vários anos no Grupo Philips. Paula Azevedo decidiu fazer o programa One Step Ahead – Líderes no Feminino “porque os conteúdos eram diferentes de tudo o que tinha visto até então e mesmo os oradores, na grande maioria mulheres, eram inspiradores pela carreira que tinham construído e pelos exemplos que poderiam trazer às sessões”. Ainda que considerando que o impacto do programa vai prolongar-se no tempo, Paula Azevedo já reconhece a sua mais-valia na clarificação do que pretende para a sua carreira nesta fase.
Em que medida a sua formação tem contribuído para desempenhar, com sucesso, as suas funções?
A minha formação principal é em Economia. Comecei por trabalhar no Controlo de Gestão na Philips e os conhecimentos que adquiri deram-me vantagens para desempenhar as funções iniciais. Além dos conhecimentos técnicos, é uma formação que nos ensina a pensar, a ser críticos e a procurar as melhores opções, dando-nos um conhecimento geral sobre muitas áreas com impacto no meio industrial, onde decidi exercer funções.
Sempre gostei de abraçar desafios, ainda que com aquele “frio” na barriga que originam em mim na maioria das vezes. Por esse motivo, quando surgiu a proposta para assumir a Contabilidade e Fiscalidade de uma das empresas que resultaram da cisão da multinacional em Portugal, não soube dizer que não. Claro que foi necessário complementar a formação inicial com uma pós-graduação em Fiscalidade e estudar novamente. Mas tudo isso faz parte do crescimento.
Mais tarde, quando integrei o Grupo Soja de Portugal, voltei a investir em Finanças e Fiscalidade. Sempre que os desafios aparecem, a formação é uma das ferramentas que nos ajudam a ter a bagagem necessária para os enfrentar. Ainda hoje, procuro fazer todas as formações que sejam uma mais-valia para o que estou a tentar alcançar. E isso não significa que façamos tudo na nossa área.
Posso dar o exemplo da formação em Logística que fiz quando a gestão do projeto de centralização da frota do Grupo Soja de Portugal me foi entregue. O conhecimento adicional que podemos alcançar e nos ajuda no desempenho de tudo a que nos propomos, seja através das formações que frequentamos ou da ajuda que conseguimos ter junto dos mentores que vamos encontrando no nosso percurso, vale o esforço adicional, pois dá frutos e faz-nos crescer e evoluir. Em todas as áreas onde fui necessitando e por um motivo ou por outro fui sentindo alguma fragilidade, não deixei de investir tempo e esforço, sempre com o apoio das empresas por onde passei. A certa altura o Programa de Direção de Empresas promovido pela AESE foi-me sugerido pela administração da Soja de Portugal e fez, também ele, diferença na forma de gerir os problemas diários. O método do caso é excelente para aplicação no dia-a-dia das empresas. Podemos retirar dele grandes contributos para o pensamento claro e a interpretação dos impactos colaterais de tudo o que se nos apresenta diariamente. A formação mais recente, com impacto significativo na minha carreira, foi efetivamente o One Step Ahead (OSA).
“O OSA devia ser ‘obrigatório’ na agenda de qualquer mulher executiva!”
Porque decidiu fazer o programa One Step Ahead – Líderes no Feminino?
A verdade é que não conhecia o programa, mas quando li o nome fiquei logo entusiasmada. E depois de ter feito alguma pesquisa no site da Executiva sobre as edições anteriores, tive a certeza de que queria frequentá-lo. Desde logo pelo facto do One Step Ahead – Líderes no Feminino ser dirigido a mulheres que são ou querem ser líderes. Depois, porque os conteúdos eram diferentes de tudo o que tinha visto até então e mesmo os oradores, na grande maioria mulheres, eram inspiradores pela carreira que tinham construído e pelos exemplos que poderiam trazer às sessões. Adicionalmente, o facto de promover o networking de forma aliciante e de englobar um processo de mentoring completou, de forma ímpar, aquele que me arrisco a dizer ser o melhor programa de curta duração para mulheres: é atual, inspirador, desafiante e motivador, com o acompanhamento próximo de uma direção igualmente cativante. Para mim apareceu numa altura em que fez sentido, mas gostaria de o ter feito uns anos antes na minha carreira. Apenas não existia. Hoje recomendo-o entusiasticamente e sinto até vontade de o repetir! Devia ser “obrigatório” na agenda de qualquer mulher executiva!
Qual foi o impacto do programa na sua vida?
O impacto vai acontecendo, mas um ano depois de o ter concluído, posso assegurar que o OSA clarificou-me o pensamento quanto à evolução que pretendia para a minha carreira. Quando decidi fazê-lo estava numa fase em que poderia pensar em vários caminhos de progressão e, inclusive, mudar de emprego. Sentia alguma dificuldade em avaliar qual deles seria o mais adequado ao que me faz sentir bem comigo e, ao mesmo tempo, me dá um sentido de propósito naquilo que faço.
Os testemunhos que fui ouvindo ao longo das sessões, que tão bem transmitem as progressões individuais, sejam as dificuldades ou os sucessos alcançados e que partem de motivações tão diferentes, permitiram-me olhar com grande clareza de pensamento para o que pretendia fazer. Com o início das sessões de mentoring foi, então, mais fácil transmitir o que me motivava e o que queria para o meu futuro, mas, principalmente, transmitir aquilo que não queria. E quando me disseram que o “brilho nos olhos” estava lá quando falava de certos momentos, foi como se ficasse mais lúcida do que nunca e soubesse o passo a dar. Não posso dizer que esteja já como sei que quero estar, mas já dei os passos importantes que me vão permitir lá chegar e completar o caminho da melhor forma, aquela que me faz continuar com o “brilho nos olhos”!
“Não se pode querer seguir uma carreira de sucesso e não ser fiel a si própria, aos seus princípios e valores e ao sentido de justiça”
A sustentabilidade económica, social e ambiental deve integrar, de forma cada vez mais profunda, a maneira como as empresas compram, fazem, vendem e entregam os seus produtos e serviços. Como é que o grupo onde trabalha faz isso, sustentando, ao mesmo tempo, o seu negócio?
Na Soja de Portugal as preocupações ambientais e sociais já são de longa data e o Grupo já o reporta um relatório autónomo sobre o tema desde 2012. Naturalmente, que a sustentabilidade económica é, dos três, o pilar principal, porque se não estiver assegurado não se acautela um verdadeiro caminho de desenvolvimento sustentável em mais nenhum outro. Em todas as decisões de negócio procuramos um compromisso de equilíbrio consciente entre os objetivos de crescimento económico e inovação produtiva e os de redução do impacto ambiental. E podemos fazê-lo de várias formas. Desde logo pela adoção de processos que permitam um menor nível de desperdício e pela adoção de tecnologia que nos permita consumir menos energia.
O Grupo está estruturado em cinco áreas de negócio, de forma que haja uma integração circular entre todas elas, já que os desperdícios de uma área de negócio são a matéria-prima de outra, cujo produto acabado será nova matéria-prima para outra área de negócio e assim sucessivamente. Paralelamente, não descuramos a enorme responsabilidade social que temos, até pela nossa representatividade em alguns concelhos. E falamos de representatividade não só como empregadores, mas também como contratantes de serviços. Nesta área procuramos ter um impacto positivo mais direto junto das populações locais onde temos presença física, por exemplo através de apoios a iniciativas culturais, associativas e não profissionais, enquanto, ao mesmo tempo, promovemos o desenvolvimento interno dos nossos recursos humanos em várias vertentes, seja pelo incentivo à educação e formação, seja pela promoção de condutas éticas e de justiça.
Quais são os seus principais conselhos para uma jovem profissional que queira seguir uma carreira na indústria agroalimentar?
Antes de conselhos específicos para a área agroalimentar, um conselho para qualquer jovem que queira seguir carreira na área industrial, seja ela em que setor for: ser verdadeira! Não se pode querer seguir uma carreira de sucesso e não ser fiel a si própria, aos seus princípios e valores e ao sentido de justiça.
A vontade de fazer bem feito, de servir os seus propósitos e daqueles que representa, sem nunca perder o entusiasmo pelo conhecimento, pela aprendizagem, pelo ensinamento e pelo impacto positivo naqueles que a rodeiam, deve ser uma constante ao longo do percurso profissional.
Em particular na área agroalimentar, é preciso estar preparada para um setor que não para, que não tem pausas e é extremamente dinâmico e exigente, tendo elevado impacto na sociedade: afinal, é de alimentação que falamos!
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