“Para atingirmos o topo precisamos de valer mais do que dois homens”

Isabel Furtado, administradora e CEO da TMG, usou esta frase para explicar porque deixou de ser contra as quotas. Ao longo de uma manhã, 14 oradoras falaram sobre os desafios da liderança feminina na 7.ª Grande Conferência Liderança Feminina, no Porto.

Isabel Barros, da Sonae, Isabel Furtado, da TMG, e Rita Veloso, do CHUP, no painel Women on boards.

Na 7ª Grande Conferência Liderança Feminina estiveram em palco 14 oradores que discutiram temas como as mulheres nos conselhos de administração, as mulheres na tecnologia e como a liderança feminina está a mudar as empresas, apresentaram estudos, desvendaram os segredos das mulheres na música, e explicaram os caminhos do sucesso e da liderança energizante.

 

7.° Grande Conferência Liderança Feminina_Executiva_Porto2022

Isabel Paiva de Sousa, da PBS, salientou que um líder deve gerar energia na organização.

“Sermos café” foi a sugestão de Isabel Paiva de Sousa, diretora de programas executivos da Porto Business School, na sua talk, Liderança Energizante, porque “a cenoura é dura e quando se coloca numa panela a ferver fica mole, a água transforma a cenoura; num ovo, a gema, que é líquida, quando se coloca em água quente fica dura; o café contagia a água, o contexto não contagia o objeto, é o objeto que contagia o contexto”.

Numa apresentação feita de energia, cor e ritmo, Isabel Paiva e Sousa falou da necessidade de uma líder ser “energia que contagia, energia em movimento, de gerar energia dentro das organizações”, mas não deixou de sublinhar que ninguém consegue estar sempre e a todo o momento com a energia e que os líderes devem ser capazes de “aprender a estar desanimados” e a usar os momentos de refletir e agir porque “não é possível estar sempre com energia e emoções positivas”. Mas “a vontade pode ser educada e pode sair-se da lógica do problema e colocar-se o foco na solução”.

 

A praticidade das mulheres faz falta na área tecnológica

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Ana Santos, da Fabamaq, Ana Cláudia Santos, da Farfetch, e Teresa Guedes de Oliveira, da Sonae.

Ana Cláudia Santos, diretora de produto da Farfecth, que participou na mesa-redonda “Mulheres na Tecnologia”, referiu a importância de se trabalhar para a equidade e salientou o programa da Farfetch ‘Plug-In Mentoring for Girls’, que lhe permite fazer mentoria com jovens que estejam a ingressar ou já tenham ingressado em cursos de tecnologia, engenharia e matemática, para lhes dar “confiança, mentoria, e influência”.

É pela importância e impacto, possibilidades de inovação e mudança, que as mulheres têm de estar presentes no mundo da tecnologia. Esta precisa da “praticidade das mulheres, a sua confiança para resolver problemas, e a importância da parte humana, porque já imaginaram dois informáticos ao fim do dia a falar de emoções como acontece com duas informáticas?”, questionou Ana Cláudia Santos. Além disso, como sublinhou Teresa Guedes de Oliveira, head of digital da Sonae, no futuro “vai deixar de fazer sentido falar de empresas tecnológicas”.

 

Não basta o mérito para chegar ao topo

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Isabel Barros, da Sonae, Isabel Furtado, da TMG, e Rita Veloso, do CHUP, no painel Women on boards.

Durante o debate Women on boards, Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive, confessou que era contra as quotas porque considerava que menorizavam as mulheres, mas com o modelo da competência não se tem sido capaz de atingir a equidade. Na sua opinião, “há uma discriminação contra as mulheres nos Estados Unidos e na Europa e custa-me assumir que no século XXI precisamos de ter quotas porque para atingirmos o topo precisamos de valer mais do que dois homens”.

 

Fatores críticos na progressão da carreira

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Rosário Moreira, da PBS, revelou como a sua vida mudou com a primeira Grande Conferência Liderança Feminina no Porto.

Em 2019, Rosário Moreira assistiu à primeira Grande Conferência de Liderança Executiva que se realizou no Porto e foi o gatilho para a mudança na sua carreira. Três anos depois a atual diretora do MBA Executivo e do MBA Digital da Portugal Business School, apresentou um estudo sobre liderança feminina que procurou responder a duas perguntas: o que é crítico para as mulheres avançarem na carreira e se existe algum percurso que seja típico nas mulheres que chegam a cargos de liderança, que estão nos boards e que são C-Level. Nas conclusões do estudo, o que é crítico “é a personalidade, a competência, a autoestima, a ambição. Há um outro fator que é crítico que é o apoio da família e da empresa”.

O percurso para o topo começa a ser preparado na infância e na juventude. “As atividades extracurriculares e o desenvolvimento de outras competências, o apoio dos pais e ter um role model. Depois, na fase do lançamento da carreira, é importante o foco, e, na fase de maturidade, o equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar”.

 

A escolha do caminho deve ser individual

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Soledade Carvalho Duarte, managing director da Transearch, desvendou os segredos de uma carreira de sucesso.

Os segredos de uma carreira de sucesso foi o tema da apresentação que fechou a conferência. Soledade Carvalho Duarte, managing partner da Invesco Transearch, começou por alertar para a importância de cada pessoas construir a sua definição de sucesso, porque “nem todas querem ou podem ser CEO e por isso muitas vezes são atiradas para percursos que não quereriam”. Assinalou que ao longo da carreira a definição de sucesso pode mudar e os percursos de carreira alterarem-se por vontade própria.

“Foram 900 anos de luta na música clássica para que a mulher tivesse um lugar no palco como autora”, referiu Carla Caramujo, soprano portuguesa, diplomada pela Guildhall School of Music and Drama e pelo Royal Conservatoire of Scotland, que fez uma digressão sobre as dificuldades e até os silenciamentos de mulheres compositoras até ao século XX. Destacou por exemplo Mariana Martinez, compositora contemporânea de Mozart, que teve 300 das suas obras incluídas no espólio de Mozart.

 

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7.ª Grande Conferência Liderança Feminina Porto 2022

 

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