Conheça as 25 Mulheres Mais Influentes de Portugal 2019

Pelo 5.º ano consecutivo a Executiva apresenta os resultados do estudo exclusivo As Mulheres Mais Influentes de Portugal. Conheça melhor as portuguesas mais poderosas do país.

A influência hoje tornou-se viral com as redes sociais, a multiplicação e a criação, quantas vezes efémera, de influencers que polarizam e dominam a atual economia da atenção. Hoje as máquinas de marketing redobram-se na busca e conceção de métricas para objetivar um conceito que, no passado, quanto mais se inquiria, mais parecia fugir por entre os dedos das mãos. No passado, talvez tivessem sido o direito e a lei a darem-lhe mais importância e a tentaram fixar uma forma para reprimir os seus efeitos perversos, como aconteceu no caso do “tráfico de influências”.

Mas com mais ou com menos digital, a influência é poder, é dinheiro, é capacidade de fazer coisas e de conseguir que elas aconteçam, é a qualidade de mudar o curso dos acontecimentos, das decisões, do que se pensa. A influência pode medir-se pelo currículo e cargos ocupados, a presença mediática, o reconhecimento pelos pares nas áreas de carreira, o impacto social, profissional, político, empresarial e a fortuna, e também, como não poderia deixar de ser pela influência e a presença digital.

Numa sucinta análise aos resultados do estudo As Mulheres Mais Influentes de 2019, note-se que 56% das premiadas tem menos de 50 anos, sendo que Leonor Beleza é a mais velha com 71 anos e Sara Sampaio a mais nova com 28 anos. As instituições públicas, os governos e as fundações privadas são aquelas em que o topo se atinge com mais idade. Elisa Ferreira, comissária europeia, e Francisca Van-Dunem, ministra da Justiça, têm 64 anos, por exemplo. Nos media e atividades criativas a idade e a carreira contam menos, como mostram os 43 anos de Sandra Felgueiras, jornalista, ou os 36 de Daniela Ruah, atriz.

Nesta edição do estudo entram Marta Temido, ministra da Saúde, Filomena Cautela, apresentadora de televisão, e Sandra Felgueiras, jornalista, tendo saído Assunção Cristas, ex-líder do CDS e ex-deputada, Judite de Sousa, jornalista que saiu da TVI, e Alexandra Lencastre, atriz.

 

1. Cristina Ferreira, 43 anos, apresentadora e acionista da TVI, e empresária

Cristina Ferreira causou uma nova surpresa no sistema de televisão privada português com o anúncio do seu regresso à TVI, rompendo, ao fim de dois anos, o contrato de quatro que tinha com a SIC. Foi o principal trunfo para a reconquista da liderança do mercado televisivo por parte da SIC em 2019 e ao longo de 2020 com O Programa da Cristina. O regresso à TVI foi propiciado por um contrato milionário e inclui uma participação de 2,5% no capital da empresa detentora da estação de televisão, a Media Capital, que tem Mário Ferreira, empresário da Douro Azul com 30%. A Prisa tem acordada a sua saída com a venda das ações da TVI a vários empresários portugueses.

No estudo Figuras Públicas e Digital Influencers 2020, Cristina Ferreira atingiu 44,5% das referências espontâneas, só superada por Cristiano Ronaldo como 51%. É, aliás, a mulher mais bem posicionada no estudo. Desde julho de 2019 que é a embaixadora da L’Oréal em Portugal e, em setembro de 2019, foi o rosto das campanhas da Optivisão, além de ter feito uma parceria com a MO, marca portuguesa de moda do universo Sonae.

Além dos contratos publicitários, tem os seus próprios negócios, como a já conhecida loja multimarca na Malveira. Apaixonada por moda, criou em 2014 a sua marca de calçado e acessórios, a que juntou mais recentemente a roupa. O seu blogue Daily Cristina é a montra de uma grande loja. Desde Março de 2015, com um pequeno interregno em 2017, que edita a revista Cristina. Tem 1,3 milhões de seguidores no Instagram, mais de 1,7 milhões no Facebook, e integra, no sétimo lugar, a lista das Mulheres mais Poderosas da edição portuguesa da revista Forbes.

 

2. Paula Amorim, 49 anos, presidente da Galp e empresária 

Filha de Américo Amorim, que foi um dos homens mais ricos de Portugal, Paula Amorim fez um caminho empresarial com a aquisição, em 2005, da marca Fashion Clinic, a que se seguiu a criação, com o marido, Miguel Guedes de Sousa, da Amorim Luxury, cinco anos depois. Em 2012, estendeu os negócios aos franchisings das marcas italianas Gucci e Dolce & Gabanna. Em 2017, o Amorim Luxury Group lançou o conceito de estilo de vida JNcQUOI, expandindo as suas atividades para novos setores, como restaurantes e hotéis. Está ligada, com José Neves, CEO da Farfetch, à Platforme, uma “plataforma de personalização de luxo” para marcas de alta qualidade. Em parceria com a Vanguard Properties, do milionário francês Claude Berda, que detém 88%, a Amorim Luxury, com 12%, adquiriram os ativos da Herdade da Comporta em novembro de 2019, onde Paula Amorim está a desenvolver o seu primeiro projeto no setor imobiliário e hoteleiro, o JNcQUOI Comporta. A sua ligação e experiência na indústria da moda e ao mercado de luxo levou ao lançamento da sua própria coleção denominada Paula.

É chairman da maior empresa portuguesa, a Galp. No Grupo Américo Amorim que herdou juntamente como a mãe, Maria Fernanda Amorim, e as irmãs Marta e Luísa, em maio de 2019 foi substituída pela irmã Marta Amorim na presidência. O Grupo detém, juntamente com o tio António Amorim, o controlo da Corticeira Amorim, 25% da Tom Ford, a Herdade do Peral e a Herdade Vale das Mulheres no Alentejo, e a Quinta Nova no Douro, além de investimentos financeiros.

 

3. Joana Vasconcelos, 48 anos, artista plástica

A 7 de março de 2020 inaugurou a exposição Beyond Yorkshire Sculpture Park, Wakefield e preparava-se para colocar, em Setembro de 2020, em Waddesdon Manor, a cerca de 100 quilómetros de Londres, um Bolo de Noiva de 12 metros de altura com produção da Viúva Lamego. Mas em 11 de abril de 2020, o atelier da artista Joana Vasconcelos, em Lisboa, encerrou portas, “pela primeira vez em 25 anos”, como se referia no comunicado, devido à pandemia de covid-19, e abriu um processo de layoff para os cerca de 50 trabalhadores.

No comunicado, enviado à agência Lusa, o atelier salientava que “a crise mundial inédita” que ameaçava a economia e a saúde pública também, se fez sentir de forma imediata na atividade artística com o cancelamento e o adiamento de exposições – a artista tinha em curso seis exposições entre Estados Unidos, Índia e Dinamarca.

Em 2019, foi alvo de uma retrospetiva no Guggenheim de Bilbau, que seria depois apresentada no Museu de Serralves, no Porto. O reconhecimento internacional do seu trabalho deu-se com a participação na 51.ª Bienal de Veneza, em 2005, com a obra A Noiva (2001-05). Foi a primeira mulher e a mais jovem artista a expor no Palácio de Versalhes, em 2012. Outros momentos relevantes da sua carreira incluem a individual no Museu Guggenheim Bilbao (2018); o projeto Trafaria Praia, para o Pavilhão de Portugal na 55.ª Bienal de Veneza (2013); a participação na coletiva The World Belongs to You, no Palazzo Grassi/François Pinault Foundation (2011); e a sua primeira retrospetiva, apresentada no Museu Coleção Berardo, em Lisboa (2010).

 

4. Elisa Ferreira, 64 anos, comissária europeia

É membro da Comissão Europeia liderada por Ursula von der Leyen (2019-2024) e tem a pasta da Coesão e das reformas. Nasceu no Porto, onde se licenciou em Economia, talvez influenciada pelo avô que era industrial têxtil. Até ser desafiada por António Guterres, Elisa Ferreira tinha sido professora na Faculdade de Economia, feito o mestrado o doutoramento em Reading, entre 1981 e 1984, integrara a Comissão de Coordenação da Região Norte, liderada por Valente de Oliveira, e fizera uma passagem meteórica pela Associação Industrial Portuense, presidida por Ludgero Marques.

Depois de ter sido ministro do Ambiente e do Planeamento nos governos do Partido Socialista liderados por António Guterres, foi deputada na Assembleia da República e no Parlamento Europeu. Em 2016 tornou-se administradora do Banco de Portugal e representante de Portugal no Conselho de Supervisão do Mecanismo Único de Supervisão (MUS -BCE). Um ano depois ascendeu a vice-governadora do Banco de Portugal, que abandona pela Comissão Europeia. Numa entrevista disse “o sonho, o desejo de qualquer coisa que nos ultrapassa é muito importante. O que não consigo é confundir isso com a realidade. Dificilmente tiro os pés do chão, ainda que seja capaz de sonhar e goste de sonhar”.

 

5. Catarina Martins, 46 anos, coordenadora do Bloco de Esquerda e deputada

Desde que em 26 de junho de 2016 que se tornou a única coordenadora que se mantém de pedra e cal na liderança do partido que agora se perfila como oposição ao Partido Socialista, embora sempre aberta a negociações. Em 2019 teve 9,52% dos votos, mantendo os 19 deputados eleitos nas eleições legislativas de 2015. Nas eleições europeias de 2019, o Bloco de Esquerda solidificou-se como terceiro maior partido do país ao conseguir eleger José Gusmão que se juntou a Marisa Matias, que renovou o seu mandato.

Com 18 anos, foi para Coimbra para estudar Direito, curso que abandonou a meio do 3.º ano, licenciando-se depois em Línguas e Literaturas Modernas e fazendo um mestrado em Linguística. Depois de uma ligação ao CITAC fundou em 1994, no Porto, a companhia de teatro Visões Úteis. O seu ativismo destacou-se na Plateia, associação de profissionais das artes cénicas, entre 2004 e 2009, o que a levou às listas do Bloco de Esquerda, tendo sido eleita deputada. Nessa altura era aluna de doutoramento da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e membro da equipa de investigadores do Centro de Linguística da Universidade do Porto. Menos conhecida é a sua faceta de autora tendo contribuído como textos para Camões na Alemanha: a figura do poeta em obras de Ludwig Tieck e Gunter Eich (2000), as obras dramatúrgicas, Visíveis na Estrada Através da Orla do Bosque (2003), 667 – O Vizinho da Besta (2004), e a obra programática e política Mitos Urbano – Um mapa para ler a crise (2015).

 

6. Marta Temido, 46 anos, ministra da Saúde

É o principal rosto do combate à pandemia que durante dois meses e meio confinou Portugal e que se mantém ativa. Tomou posse como ministra da Saúde a 15 de outubro de 2018 e manteve-se no segundo governo de António Costa que tomou posse um ano depois. É doutorada em Saúde Internacional, pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, detendo um mestrado em Gestão e Economia da Saúde, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e a licenciatura em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Especializada em Administração Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, exercia os cargos de subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da UNL e de presidente não executiva do conselho de administração do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa antes de assumir funções no XXI Governo. Entre 2016 e 2017, foi presidente do conselho diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde.

 

7. Cláudia Azevedo, 50 anos, presidente da Sonae

Começou pelo marketing do projeto Visa Universo, que se iniciou na Sonae, e 25 anos depois sucedeu ao irmão Paulo Azevedo, como presidente executiva do Grupo Sonae, fundado pelo pai, Belmiro de Azevedo, em 2019. Licenciada em Gestão pela Universidade Católica Portuguesa e com um MBA pelo INSEAD, já viveu metade dos seus 50 anos no meio dos negócios da Sonae, apresentando no currículo mais de 30 cargos na administração de empresas do grupo, incluindo as presidências da Sonae Capital e da Sonae Investment Management.

Cláudia Azevedo tem 25,11% da Efanor Investimentos, que controla a Sonae, Sonae Capital e Sonae Indústria, tal como os dois irmãos Nuno e Paulo. Os três, em conjunto, ficaram ainda com uma participação conjunta de 10%. Em julho passado lançaram através da Efanor Investimentos duas OPA (ofertas públicas aquisição) sobre 37,2% de capital Sonae Capital e a 31,4% de capital da Sonae Indústria ainda não detidos.

É uma mulher discreta, mãe de dois filhos, que gosta de Monty Python. Nos últimos anos, viajou muito pelo mundo a descobrir e estudar startups. Faz parte com Nuno Matos (HSBC) do grupo de 25 executivos do CEO Action Grup, liderado por Thomas Buberl, diretor-geral da AXA, para formular propostas concretas que contribuam para a implementação do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal da Comissão Europeia) no contexto da reativação económica da Europa pós-Covid. Reconhece que “os próximos meses serão duros” e que todos os negócios do grupo “serão, de uma forma ou outra, materialmente impactados” pela Covid-19.

 

8. Francisca Van Dunem, 64 anos, ministra da Justiça  

Nasceu em Luanda, em 1955, e licenciou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em julho de 1977. Foi monitora de Direito Penal e Direito Processual Penal na escola onde se licenciou, entre 1977 e 1979. Magistrada do Ministério Público desde setembro de 1979 tem feito uma carreira sempre em ascensão. Desde 2007 que é Procuradora-Geral Distrital de Lisboa, tendo suspendido funções em 2015 para tomar posse enquanto Ministra da Justiça do XXI Governo Constitucional, tendo sido reconduzida em 2019 no novo governo também liderado por António Costa.

Recentemente, Francisca Van Dunem refletiu numa conferência sobre o racismo e a discriminação no Portugal contemporâneo, considerando que envolvem aspetos como a raça e a etnia e a discriminação económica e social. “A discriminação não é um produto de mera ação de indivíduos isolados. Institui-se como um sistema, com raízes históricas perfeitamente identificadas, mas um sistema que se alimenta e se institucionaliza através da perpetuação por ação ou por omissão de ação de estereótipos que depreciam, diminuem e aviltam a humanidade de determinados grupos”. Mostrou preocupação pela forma como a educação aborda o tema porque pode evitar no futuro as “sociedades de inimizade”, expressão do camaronês Achille Mbembe, e como se podem “criar sociedades em que cada um sinta que o outro, na sua diferença, o complementa na sua humanidade”.

 

9. Elvira Fortunato, 55 anos, investigadora e vice-reitora da Universidade Nova

O jornal Expresso, na sua edição de 17 maio de 2020, referia que a cientista portuguesa estava na corrida ao Nobel da Física. A Academia sueca estaria a pedir propostas de investigadores na área da Ciência de Materiais e Elvira Fortunato seria um dos nomes incontornáveis, juntamente com o americano John Wager e o japonês Hideo Hosono, com quem tem vários papers. Mas Elvira Fortunato seria favorita como uma “pioneira mundial na eletrónica de papel, que se tem destacado na eletrónica transparente e responsáveis por inovações disruptivas que têm hoje grandes aplicações no mercado”.

Licenciada em Engenharia Física pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em Engenharia dos Materiais, Elvira Fortunato foi a primeira investigadora portuguesa a receber a medalha Blaise Pascal, da Academia Europeia de Ciências. Dirige o laboratório associado i3N (Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação) e é vice-reitora da Universidade nova de Lisboa.

 

10. Mariza, 46 anos, fadista/cantora

O anúncio da NOS com uma canção de Mariza, lançado a 20 de abril de 2020, já ultrapassou os dez milhões de visualizações. Mariza interpreta o tema “A Nossa Voz”, na nova campanha de comunicação NOS #VamosFicarLigados. A fadista iniciara em fevereiro, em Espanha, uma digressão mundial para celebrar vinte anos de carreira, e já tinha concertos planeados na Roménia, Áustria, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, Países Baixos e França, mas que teve de ser suspensa por causa da pandemia de Covid-19, e que só viria a ser retomada em meados de Junho de 2020. Gravou um novo álbum, Mariza Canta Amália, dedicado a Amália Rodrigues, coincidindo com o centenário do nascimento da diva do fado, em que voltou a trabalhar com Jaques Morelenbaum, que produziu o álbum triplo-platinado Transparente e a acompanhou em vários espetáculos. Tinha data prevista de lançamento para abril de 2020, mas foi adiado devido à pandemia.

Mariza recebeu a distinção de melhor artista de WorldMusic da Europa na cerimónia Songlines Music Awards ’19, em Londres e a Songlines incluiu dois trabalhos discográficos, Mariza (2018) na sétima posição, e Mundo (2015) na posição 46, na lista dos 50 melhores da World Music. É a preferida dos portugueses na área da música*. No Facebook seguem-na quase 654 mil fãs e no Instagram 154 mil.

 

11. Rita Pereira, 38 anos, atriz e apresentadora da TVI

Licenciada em Comunicação e Publicidade começou por sonhar ser bailarina, foi jogadora de basquetebol, escuteira, aos 16 anos começou como modelo, aos 19 anos apresentou um programa na SIC e, pouco depois, estreou-se como a atriz na novela Saber Amar e na série juvenil Morangos com Açúcar, da TVI – no final do ano passado, renovou contrato com a estação por mais um ano. Com quase 1,5 milhões de seguidores no Facebook, já foi protagonista em algumas novelas de sucesso da TVI, como Meu Amor, distinguida nos Estados Unidos da América com um Emmy. No teatro estreou-se em 2008 no musical Os Produtores, e recorda-se que na altura “era só mais uma miúda com mamas e rabo, e era impensável eu ser aceite no teatro, muito menos num musical tão grande como Os Produtores, e Herman José e Teresa Guilherme, quando foram assistir à estreia, parabenizaram-me e disseram bem de mim.”

Em julho de 2019 vendeu a sua participação na rede de tapiocarias Beiju, que tinha lançado no final de 2016. Este era um dos seus maiores projetos: “Quando abri a primeira loja, as pessoas achavam que era uma brincadeira ou mais uma marca pela qual estava a dar a cara. Mas quando começaram a ver este negócio a crescer, perceberam que é um projeto no qual aposto tudo. Quero ser uma empresária de sucesso. Não faço nada a meio-gás, gosto de desafios duradouros.”

 

12. Sara Sampaio, 28 anos, modelo

É a figura pública da área da moda que os portugueses mais gostam*. Tem 7,5 milhões de seguidores no instagram, 3 milhões de seguidores no facebook e mais de 900 mil no twitter. É, desce abril de 2015, uma das estrelas da Victoria’s Secret, mas não tem escapado aos efeitos da pandemia, que tem cancelado ou adiado desfiles e campanhas.

A sua visibilidade tem atraído vários contratos publicitários como a escolha como rosto da beleza de Armani e da fragrância de Armani, Si Passione, ao lado de Cate Blanchette, os produtos de beleza Moroccanoil, ou a Graff Diamonds. Ao mesmo tempo, tem consumado algumas participações em filmes como Sombra (2020) e Carga (2018), de Bruno Gascon, ou O Figurante (2017), de Dito Montiel.

 

13. Maria do Carmo Fonseca, 60 anos, cientista e presidente do Instituto de Medicina Molecular

É professora catedrática na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde lidera um laboratório de investigação na área da genética, e preside ao Instituto de Medicina Molecular (IMM). Licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 1983, e doutorou-se na mesma instituição em 1988. Numa entrevista disse que “se me tirarem essa minha ambição de ser melhor, acho que morro”. Acrescentava que, em Portugal, “as pessoas acham que é uma coisa má ser ambiciosa. Acham que é mau tentar ser o melhor. Penso que é uma das origens de a nossa sociedade ser, durante muito tempo, cinzenta. Ninguém queria sobressair”.

Recebeu o Prémio Pessoa em 2010 e destinou os 60 mil euros do prémio à compra de microscópios, para melhor desenvolver o trabalho de investigação. Sobre a atual pandemia diz que “este é mais um vírus na história da Humanidade. Na nossa história recente, é de facto o vírus com maior impacto na sociedade, mas do ponto de vista biológico não há nada de substancialmente novo. A Humanidade sempre viveu com vírus”. Acrescentava que “este surto vai passar, mais mês, menos mês. Claro que, em plena pandemia, custa-nos muito, mas vai passar. Agora, há uma coisa que não vai passar, se continuarmos sem fazer nada: as alterações climáticas. Na minha opinião, este é um problema muito maior do que o vírus”.

 

14. Isabel Vaz, 54 anos, CEO da Luz Saúde

“Quando dizemos as coisas frontalmente é ótimo: as empresas melhoram, as pessoas melhoram”, disse a gestora, que nasceu no Porto mas foi criada e educada em Setúbal. Licenciou-se em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico em 1990, iniciou a sua vida profissional como investigadora no Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET) e foi engenheira no Grupo Atral Cipan. Em 1992, ingressou na McKinsey, empresa de consultoria estratégica de alta direção, onde foi senior consultant durante sete anos, participando em projetos essencialmente na área da banca e seguros. Nesta sua deriva para a gestão acabou por fazer em 1994 um MBA pela Faculdade de Economia da Universidade Nova.

Em 1999 foi convidada por Ricardo Salgado, então presidente do BES, para criar a Espírito Santo Saúde, atual Grupo Luz Saúde, do grupo chinês Fosun, liderando hoje mais de 13 mil colaboradores em 30 unidades de saúde, entre as quais o Hospital da Luz, em Lisboa, e o hospital público, o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, em regime de Parceria Público-Privada, desde 2012. É administradora não executiva da Sonae Capital e dos CTT. Atualmente é membro do International Advisory Board do The Lisbon MBA, da Nova School of Business and Economics. Uma das suas convicções nos temos modernos é dizer: “não estou no Facebook e não existo nas redes sociais”.

 

15. Júlia Pinheiro, 57 anos, apresentadora e diretora da SIC

Começou pela televisão, na RTP, seguiu-se a Rádio Renascença onde esteve oito anos, tendo entrado para a SIC em 1992, quando esta começou a emitir e onde apresentava o programa Praça Pública e moderava o programa que a notabilizou, A Noite da Má Língua. Em 2001, com Emídio Rangel, voltou à RTP, mas dois anos depois mudou-se para a TVI onde além de apresentar reality e talk shows, foi também subdiretora de programação. Em 2011 volta à SIC, primeiro com o cargo de diretora de Gestão e Desenvolvimento de Conteúdos, depois, em 2016, como diretora executiva de conteúdos da SIC, e desde 2018, como diretora da SIC Mulher e da SIC Caras.

Este ano, fez um regresso temporário à Rádio Renascença com o programa “A Hora da Júlia”, uma hora de conversas em que todos podiam participar, todas as noites, para falar de tudo. Com quase 240 mil seguidores no Instagram, mais de 295 mil seguidores no Facebook, 254 mil no Instagram, tem uma revista online, a Júlia de bem com a Vida, escreveu os romances Não Sei Nada Sobre o Amor (Esfera dos Livros, 2009), Um Castigo Exemplar (Esfera dos Livros, 2015), e o livro de crónicas publicadas na Máxima, O Que Diz Júlia (Texto Editores, 2001).

 

16. Lucília Gago, 63 anos, Procuradora-Geral da República

Lucília Gago, que foi diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, professora do Centro de Estudos Judiciários e líder do departamento de Direito de Família, esteve no Tribunal da Relação de Lisboa e trabalhou com a atual ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, na Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa. Ambas já tinham sido colegas nos bancos da faculdade de Direito de Lisboa, onde a Procuradora-geral da República se licenciou em 1978.

Em fevereiro de 2020 uma sua diretiva fez estalar a polémica que levou à intervenção do Presidente da República. Segundo os críticos pretendia transformar os procuradores do Ministério Público como meros funcionários às ordens dos superiores hierárquicos, sem que as tivessem de revelar, o que levaria à falta de escrutínio público e originaria um Ministério Público paralisado. Foi o momento mais polémico de Lucília Gago desde que em 20 de Setembro de 2018 foi nomeada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sob proposta do Governo liderado pelo Primeiro-Ministro António Costa, para o cargo de Procuradora-Geral da República, com um mandato de 6 anos, tendo tomado posse a 12 de Outubro de 2018.

 

17. Leonor Beleza, 71 anos, presidente da Fundação Champalimaud

Leonor Beleza é presidente da Fundação Champalimaud desde a sua criação em 2004, conforme o testamento de António Champalimaud. Sob a sua liderança, a fundação tem ajudado a financiar a investigação nas áreas das neurociências e do cancro e tem conseguido atrair financiamento de terceiros para esta causa. Um dos casos mais recentes foi o contributo de Mauricio Botton Carasso e Charlotte Botton de cerca de 50 milhões de euros para a construção do primeiro centro a nível mundial dedicado à investigação e tratamento do cancro no pâncreas. No ano seguinte, foi anunciada a criação do Botton-Champalimaud Cancer Award, que vai atribuir anualmente um milhão de euros para a erradicação do cancro.

Leonor Beleza, que é também presidente da Associação Empresários Pela Inclusão Social (EPIS), foi a primeira mulher a ser convidada para assistente na Faculdade de Direito, da Universidade de Lisboa, mas a política acabou por se sobrepor. “O facto de ter uma determinada idade quando o país mudou [tinha 25 anos no 25 de Abril] fez com que muita gente, muita mais nova, tivesse acesso a um conjunto de coisas que normalmente acontecem mais tarde.” Aos 33 anos, tornou-se membro do Governo, pela primeira vez. Seguiram-se outros cargos públicos como o de ministra da Saúde e vice-presidente da Assembleia da República. Recentemente, Leonor Beleza foi eleita pelo Conselho de Opinião da RTP para o Conselho Geral Independente (CGI) da RTP que vai escolher a próxima administração da RTP.

 

18. Daniela Ruah, 36 anos, atriz

Conta com 1,1 milhões de seguidores no Instagram, mais de 400 mil no Twitter e mais de um milhão seguem e gostam da sua página no Facebook. Daniela Ruah é a atriz de que os portugueses mais gostam*. Aos 23 anos, foi para Nova Iorque com uma colega atriz. Deixou Lisboa onde “tinha muitas oportunidades de bons personagens” por uma incógnita que se revelou uma escolha acertada, pois meses depois estava a fazer o piloto da série NCIS: Los Angeles. Foi “provavelmente o passo mais importante” que deu na sua vida, “porque me levou ao que sou agora, ao meu marido, aos meus filhos, ao programa”, disse à Folha de São Paulo. Assinalou uma grande evolução do papel das mulheres nas séries. Já não são para ser salvas pelos heróis homens, “são mulheres que conseguem resolver os seus próprios problemas com as suas habilidades, não precisam de ser salvas”.

Em 10 anos, já interpretou o papel da agente especial Kensi Blye em  mais de 250 episódios divididos por 11 temporadas. Tem dois filhos do seu casamento com David Paul Olsen. Recentemente uma fã criticou os seus músculos e a atriz respondeu: “Tem razão. Os músculos deveriam ser só para os homens. Vou já ao ginásio devolver os meus. Este ano voltou à produção nacional com o papel de protagonista na série de ficção histórica da RTP1, A Espia.

 

19. Isabel Mota, 58 anos, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian

Isabel Mota é presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian desde maio de 2017, mas entrou para esta instituição em 1996, sendo sua administradora desde 1999. “Se me perguntar qual é a minha pele, é a Fundação Calouste Gulbenkian. Sem dúvida nenhuma!”, diz Isabel Mota. “Porque tem a ver com o desenvolvimento do país e de outras geografias, porque tem a componente de filantropia que me enche as medidas e porque, em paralelo, é um sítio de grande liberdade, de grande autonomia e independência, onde se arrisca, onde se fazem experiências e se pode pensar a longo prazo…”, referiu em entrevista ao Expresso.

Em Outubro de 2019 vendeu a Partex, fundada por Calouste Gulbenkian, que representava cerca de 18% dos investimentos totais da fundação, aos tailandeses da PTT Exploration and Production. A venda foi justificada com o objetivo de sair do mercado de combustíveis fósseis que, no entender da administração, entra em choque com os valores de sustentabilidade e combate às alterações climáticas que a entidade quer seguir, que representou um encaixe líquidos de 627 milhões de euros.

 

20. Isabel Jonet, 60 anos, presidente do Banco Alimentar

“Eu sou voluntária. Nunca ganhei nenhum dinheiro nem qualquer contrapartida pelo tempo e trabalho que dedico, seja no Banco Alimentar seja na Entrajuda. Foi uma opção de vida que fiz, e que fiz conscientemente com a minha família, desde 1994”, disse Isabel Jonet, numa entrevista à Rádio Renascença em 29 de Novembro de 2019, onde acrescentava que “há uma pobreza estrutural em Portugal que não estamos a conseguir combater”.

Isabel Jonet é presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BA) de Lisboa e da Federação que reúne todos os bancos alimentares existentes no país, foi fundadora da Bolsa de Voluntariado, da Entrajuda, do Banco dos Bens Doados e, mais recentemente, do projeto Tempo Extra, que está a mobilizar cada vez mais voluntários na idade da reforma. É a cadeia logística formada pelos 21 bancos alimentares que permite que 2400 recebam os produtos que alimentam quase 400 mil pessoas. “Pessoas desassossegadas não têm vidas sossegadas”, diz Isabel Jonet.

 

21. Joana Carneiro, 43 anos, maestrina

“É o músico que me acompanha com mais frequência. A 1.ª sinfonia de Beethoven foi também a primeira obra que dirigi, aos 18 anos, e com a qual percebi que queria fazer isto o resto da minha vida”, contou Joana Carneiro na apresentação dos Dias da Música dedicados a Beethoven, celebrando-se os 250 anos do seu nascimento e que teriam lugar no CCB de  23 a 26 de abril, mas que a pandemia de Covid-19 inviabilizou. Joana Carneiro trocou a Medicina pela música tendo-se formado em Direção de Orquestra na Academia Nacional Superior de Orquestra, a que se seguiu o mestrado em Direção de Orquestra pela Universidade de Northwestern e o doutoramento na Universidade de Michigan.

É desde 2014 a maestrina Titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa mas em duas décadas a dirigir orquestras já passou pelas de Berkeley, Toronto, Gothenburg, Gävle, Malmö, Sydney, Nova Zelândia, Chicago ou Los Angeles, entre outras. Com quatro filhos, dos quais trigémeos, que teve no espaço de 15 meses, Joana Carneiro passou a centrar a sua atividade em Portugal. Religiosa, confessou, numa entrevista à Rádio Observador em julho de 2019, “o meu orientador espiritual disse-me: ‘Tens sorte em dedicar a tua vida à beleza. Agarra-te a isso, é uma coisa única’. Tenho essa noção e as palavras não são minhas, são dos nossos líderes espirituais – o Papa Bento XVI disse há muitos anos aos artistas, quando os recebeu em Roma, que a música tem este poder. Imediatamente transporta-nos para um lugar que não é rotineiro, do dia-a-dia”.

 

22. Ana Garcia Martins, 39 anos, blogger

“É blogger, instagramer e — arriscamos dizer —, se a internet tivesse as fronteiras de Portugal, era primeira-ministra do html”, escreveu a Magg sobre Ana Garcia Martins e A Pipoca Mais Doce, que é com Mia Rose e Bumba na Fofinha (Mariana Cabral) os digital influencers mais reconhecidos*. Tem 464 mil seguidores no Instagram e 380 mil no Facebook. Jornalista, começou aos 22 anos nos blogues como se fosse o seu diário para os novos tempos digitais, que se tornou viral e a sua forma de vida, e que se tornou uma marca com vários tipos de produtos. A que se acrescentou a stand-up comedy, a presença na televisão, tanto na TVI como na SIC. No entanto em entrevista à Magg dizia: “eu sofro de um duplo preconceito: sou mulher e blogger e, por isso, sou logo rotulada de tonta, de fútil”. Hoje faz parte da equipa do programa da TVI Big Brother.

 

23. Guta Moura Guedes, 54 anos, presidente da Associação Experimenta

“Nenhum de nós quer ser responsável pela propagação da doença, mas também nenhum de nós quer contribuir para a paragem. Navegamos à vista, mas precisamos de continuar a inventar”, dizia em plena pandemia a chairwoman e diretora artística da experimentadesign, que tinha previsto para este ano o happy-end do projeto Primeira Pedra, que desde há quatro anos dinamizou para a Assimagra, a associação dos recursos minerais portugueses. No Museu dos Coches seriam mostrados 70 trabalhos de 35 arquitetos, designers e artistas que olharam para a pedra portuguesa, ao mesmo tempo que se realizava uma conferência com curadores de várias instituições internacionais sobre os processos criativos destes materiais. A exposição seguiria depois para Paris.

Este ano também tem o desafio da liderança da Associação Comporta Futuro, criada pelo consórcio da Vanguard para a Herdade da Comporta, com o objetivo de promover o valor ecológico da região e dinamizar a produção cultural. Está ainda à frente da Lisbon Gallery.

 

24. Filomena Cautela, 35 anos, apresentadora da RTP

“O 5 Para a Meia-Noite é o talk show português com maior longevidade em Portugal, na minha opinião é o lugar de maior liberdade que eu conheço na televisão portuguesa”, disse a apresentadora, que se estreou no programa a 22 de junho de 2009, quando ainda era exibido na RTP2. Estreou-se em televisão em 2002 como atriz ao integrar o elenco da primeira temporada de Morangos com Açúcar, novela juvenil da TVI, seguindo-se a participação em filmes, peças de teatro e séries.

Mas a atriz que “não queria ser apresentadora”, tornou-se presença na MTV Portugal, Globo Portugal até chegar à RTP, sempre como apresentadora. Aos 35 anos, um dos rostos mais importantes da estação pública, passou a apresentar Quem Quer Ser Milionário: Alta Pressão. Em 2019-2020, esteve na linha da frente em vários programas do horário nobre como, os Jogos de Todos os Jogos, I Love Portugal, Festival da Canção e Festival da Eurovisão. O seu Instagram tem quase 600 mil seguidores e o Facebook 250 mil. Em empatia, Filomena Cautela ocupa a primeira posição junto dos mais jovens*.

 

25. Sandra Felgueiras, 43 anos, jornalista da RTP

Depois de se ter licenciado em Comunicação Social pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa fez estágios no Grupo Impresa, tanto na SIC como no Expresso, e passou ainda pela Barcelona Television, em Espanha, até entrar em maio de 2000 para a RTP. Coordena e apresenta o programa de investigação Sexta às 9, da RTP1, desde 2012. No final do ano passado esteve na base da queda da diretora de Informação da RTP, Maria Flor Pedroso.

Em 2003, a sua mãe, Fátima Felgueiras, que era presidente da Câmara de Felgueiras viu-se envolvida num caso de corrupção denominado “Saco Azul”. Numa entrevista ao i em 2016 dizia que “a Justiça demorou 12 anos a ilibar a minha mãe. E este é o problema em Portugal: o tempo da justiça não é o tempo mediático. O tempo em que demoras a fazer prova efetiva da verdade absoluta dos factos não é o tempo dos jornais – este faz com que o mundo inteiro crie uma imagem sobre nós que não é a nossa”. Acrescentava que “Tenho a consciência plena de que nunca farei aos outros o que me fizeram a mim. Essa é a principal razão por que faço o Sexta às 9. Tenho a certeza absoluta de que aquilo que faço semanalmente é a antítese do que me fizeram a mim”.

 

* segundo o estudo “Figuras Públicas e Digital Influencers – Edição 2020” da Marktest

 

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