Mais de metade (53%) dos profissionais querem um modelo de trabalho híbrido, em que pelo menos metade do tempo a trabalhar seja remoto, sendo que uma grande proporção dos inquiridos (71%) tem agora na sua casa as condições que permitem um trabalho remoto eficaz. Os últimos 18 meses provaram que o trabalho à distância não implica uma perda de produtividade, e que é possível uma forma de trabalho mais inclusiva e flexível. Mais de 3/4 dos inquiridos querem manter a flexibilidade do seu próprio horário, regressando ao escritório, mas nos seus próprios termos. Este dado é mais incisivo nas gerações mais jovens e pais, que pedem mais tempo de escritório, com aqueles que têm filhos a querer estar no escritório mais (51%) do que aqueles que não o querem (42%). Estas são algumas conclusões do estudo “Resetting Normal: Defining the New Era of Work/2021”, o mais recente e abrangente estudo global da empresa líder mundial em soluções de Recursos Humanos, alargou o inquérito a 15 mil inquiridos de empresas de 25 países.
“Para todos os que não são obrigados a estar fisicamente presentes para realizar o seu trabalho, é óbvio que nunca regressaremos ao escritório da mesma forma e que o futuro do trabalho é flexível. Neste novo paradigma de trabalho, confirma-se que as soft skills são fator de sucesso inerente à adaptação a novas formas de trabalhar. Competências como a comunicação, a empatia e inteligência emocional, o autoconhecimento, capacidade de escuta ativa, criatividade, empatia são essenciais para que esta alteração nas formas de trabalhar seja bem-sucedida”, analisa Carla Rebelo, CEO do Grupo Adecco Portugal, em comunicado.
Produtividade e orientação para os resultados
Embora muitos tenham beneficiado do trabalho híbrido, nem todos tiveram uma experiência positiva. As questões relativas à duração da semana de trabalho devem ser abordadas, uma vez que o futuro se mantém flexível, com menção de longas horas de trabalho a aumentar 14% no último ano e mais de metade dos inquiridos (57%) a afirmar que seriam capazes de fazer o mesmo trabalho em menos de 40 horas. Ascende a 73% a proporção de dos funcionários e líderes que pedem para serem avaliados pelos resultados, ao invés das horas trabalhadas, uma tendência que já era forte em 2020.
Saúde mental deficiente destacada como questão emergente rápida
O relatório também revela que estamos em risco de perder uma nova geração de líderes — mais de metade dos jovens líderes (54%) sofre de burnout e 3 em cada 10 inquiridos afirmam que a sua saúde mental e física diminuiu nos últimos 12 meses. As empresas devem reavaliar a forma como podem apoiar e fornecer recursos de bem-estar às suas pessoas dentro do novo modelo de trabalho híbrido, pois 67% dos não-gestores consideram que os líderes não satisfazem as suas expectativas de verificar o seu bem-estar mental.
O défice de liderança
De natureza semelhante, existe uma grande desconexão entre as opiniões da direção sobre o seu próprio desempenho e a opinião das suas equipas. A satisfação com a liderança é baixa, com apenas 1/3 dos não-gestores a sentir que estão a obter o devido reconhecimento dentro da empresa, e apenas metade dos inquiridos a reconhecer que os seus gestores cumpriram ou excederam as expetativas de encorajar uma boa cultura de trabalho (48%) ou ajudaram a conseguiro seu equilíbrio trabalho/vida pessoal (50%). Esta conclusão é particularmente forte na Europa Ocidental e no Japão, onde a satisfação com a liderança sénior é mais baixa.
Demissão em massa? Sinais de advertência para as empresas enquanto os profissionais reavaliam as suas carreiras
Menos de metade dos inquiridos estão satisfeitos com as perspetivas de carreira na sua empresa. Quase 2 em 5 colaboradores estão a mudar ou a considerar novas carreiras e 41% estão a considerar mudar para empregos com opções de trabalho mais flexíveis. A “demissão em massa” ainda não é evidente, mas chegou o momento de as organizações se reconectarem com a sua força de trabalho. Além disso, 2/3 dos profissionais estão confiantes de que as empresas vão recomeçar a contratar significativamente, com segurança, cultura, bem-estar e desenvolvimento dos aspetos mais importantes do emprego para o futuro.