O vestido de noiva é a peça estrela de qualquer casamento. Disso sabe muito bem a designer Joana Montez que se especializou nesta área há pouco mais de 15 anos. À pergunta sacramental “Como vai a noiva?” ela sempre respondeu com a indiscutível qualidade e apurado design do seu trabalho, as suas grandes imagens de marca. O nicho de mercado em que tem operado, a partir do seu bonito ateliê nos arredores de Cascais, onde só atende por marcação, permitiu-lhe criar um reconhecido nome profissional e agora a qualidade do seu trabalho colocou-a perante outro desafio: o lançamento de uma coleção pret-a-porter para festas, noivas e acompanhantes (pequenos e graúdos). O negócio, a lançar em setembro, será exclusivamente online. Mas Joana Montez não teme as tecnologias. Conta que foi a primeira profissional em Portugal a lançar um site para noivas e que já há muito tempo tem por hábito atender clientes com a ajuda do Skype e do Whatsapp, sempre que elas não podem ir pessoalmente ao showroom. E conta o exemplo da sua noiva de Timor, em que conseguiu tratar do vestido a mais de 10 mil quilómetros de distância, e assegurou que chegasse ao destino a poucos dias do ansiado enlace. “O facto de se estar do outro lado do mundo não é impedimento para mim, mas a minha cliente confessou-me que ligou para todas as marcas pret-a-porter e ateliês em Portugal e ninguém se mostrou disponível para a atender”.
A designer, especialista em noivas, vai firme e segura para o novo projecto conjunto com a amiga Susana Ozzello. Com a nova marca – Glowed – de que é directora criativa, Joana Montez quer continuar a jogar fortes cartadas no apaixonante mundo das noivas. A (óbvia) estratégia é a internacionalização e as novas tecnologias são ideais para isso, mas o aproveitamento do crescente segmento português de wedding destination é decisivo para o aparecimento da nova marca. O crescimento do turismo nacional trouxe outras oportunidades e tendências. “Agora alguns casamentos estão mais descontraídos, as noivas são mais práticas, prescindem do exclusivo, casa-se muito na praia e muitas mulheres gostam de reaproveitar os vestidos de casamento para outras ocasiões festivas”, esclarece. Há novas tendências que Joana Montez quer aproveitar. Até porque adora desenhar para noivas. Mas uma coisa ela garante: nunca se afastará do seu conceito exclusivo, porque é especialista nisso e é por isso que é tão conhecida.
Na Glowed não há à medida
Tanto num caso como noutro ela sabe que não pode falhar. A expectativa é grande, o casamento mexe com emoções que estão à flor da pele. Agora a designer vai orientar dois negócios distintos. “A Joana continuará o negócio dela – Joana Montez Atelier – onde anualmente edita uma coleção de 25 vestidos feitos à medida, que muitas vezes acabam por ser exclusivos porque podem ser muito adaptados ao gosto pessoal. A Glowed é totalmente online e também ganhará muito com a direção criativa da Joana. Mas aqui não haverá provas ou vestidos à medida. Ou serve ou não serve”, explica Susana Ozzello, sócia e diretora executiva da marca pret a porter que estará acessível às noivas de todo o mundo.
Joana Montez não precisou de um novo conceito para sobreviver financeiramente. Precisou sim de uma nova necessidade criativa.“Todos os dias me perguntam de todo o mundo onde é o ponto de venda mais próximo dos meus vestidos e isto motivou-me a criar uma loja online, algo diferente do que faço até agora mas com muita qualidade também”. A Glowed ainda não foi lançada mas já tem interessados em Moçambique. O que é muito animador.
Um ateliê exclusivo
Desde sempre Joana olhou para o mercado global e recusou-se a copiar as grandes marcas. Desenhar peças exclusivas é o modelo de negócio que mais a seduz. Claro que nem sempre tudo é um mar de rosas (o rosa é uma cor de que gosta mas só para apontamentos), afinal “o mercado português está dominado pelos espanhóis e a Rosa Clara e a Pronovias, apesar de serem mais industrializadas, estão no segmento mais elevado onde o meu atelier se posiciona”.
Mas a vida tem corrido sem grandes sobressaltos. Claro que Joana tem a tristeza de não conseguir tecidos portugueses e de ter de recorrer ao estrangeiro para conseguir trabalhar os cetins, as mousselines e os tules de seda de que tanto gosta (e que fazem com que os seus vestidos pareçam uma segunda pele). “Até já os fechos e os botões vêm de fora”, desabafa. Mas sempre sentiu o mercado permeável às suas criações. A coleção deste ano está toda vendida (o preço de um vestido ronda os 2300 a 3000 euros) e os exclusivos variam entre os 5000 a 6000 euros. Dentro de 15 dias começará a trabalhar a coleção Joana Montez Atelier 2016.
A importância da prática
Aos 12 anos Joana Montez desenhava vestidos de festa, para ela e para as amigas. Os vestidos de noiva surgiram mais tarde, já depois de formada em Design de Moda (Escola de Moda de Lisboa) e pós graduada nas áreas de estilismo industrial (em Portugal) e de estudo e tendências de moda (em Paris). Mas foi só com a prática profissional que percebeu que tinha um jeito especial para as noivas. “Gosto muito de trabalhar a palete dos brancos. Há quem diga que os vestidos de noiva são mais difíceis de excutar porque não têm os contrastes das cores, trabalhamos só com texturas e silhuetas, mas eu adoro vestir noivas”.
A partir de 2001, ano em que se lançou no mercado de trabalho, começou a aprimorar o seu conceito de negócio e hoje tem o atelier de vestidos à medida para clientes de todo o mundo, que atende por marcação, e a quem oferece um trabalho verdadeiramente exclusivo. Com o cuidado de nunca repetir modelos entre clientes conhecidas e amigas.
A sua imagem de marca é a qualidade e o design. Disso não quer abdicar. Até porque não acha que os vestidos de noiva devem ser sempre iguais e todos os anos lança uma coleção de 25 modelos que seguem as principais tendências da moda.
Conta com uma equipa maioritariamente constituída em outsourcing e tem orgulho evidente no trabalho que desenvolve, muitas vezes apresentado em locais verdadeiramente icónicos como o desfile em que participou no Dubai, com a coleção 2014, ou no Grand Canyon, nos Estados Unidos, em 2013. Este último é o desfile que ela considera a “passarelle perfeita”, realizado num cenário deslumbrante, em cima de um anel de vidro suspenso, que a deixou arrepiada logo que viu entrar as suas coleções.