Dizem que não há duas sem três. Pelo menos, foi assim para Helena Vieira. Tudo começou em 2002, em Londres, quando Helena Vieira, então com 26 anos e na fase final do doutoramento, foi surpreendida por um e-mail de um amigo acerca de um concurso de ideias, o Bioempreendedor Ibérico. Decidiu arriscar. Juntou um grupo de amigos e conhecidos e candidataram-se com a ideia de usar levedura para criar medicamentos capazes de curar doenças neurológicas (como Alzheimer e Parkinson), e com a qual ganharam. Após vários concursos ganhos e planos de negócios refeitos, apresentaram o projeto a uma sociedade de capital de risco portuguesa, a PME Investimentos, que lhes ofereceu 1,3 milhões de euros em troca de 48% do capital da empresa, a Bioalvo, que só veio a nascer mais tarde, em 2006, com Helena Vieira a assumir funções de CEO.
Em pouco tempo registaram várias patentes e tiveram potenciais clientes interessados em fazer parcerias. Depois do primeiro ciclo de desenvolvimento, precisavam de mais dinheiro para continuar e falaram com mais de 120 investidores em todo o mundo. Contudo, a crise de 2008, nos Estados Unidos, fez com que os acordos que tinham com duas capitais de riscos caíssem por terra. Para ultrapassar este impasse, dedicaram-se, nos três anos seguintes, à exploração de recursos marinhos recolhidos no fundo do mar português, que eram depois utilizados nas indústrias farmacêutica, cosmética, têxtil e alimentar. Ainda conseguiram desenvolver uma espécie de “botox”, que prometia revolucionar o mundo da cosmética, mas quando o maior acionista da empresa decidiu vender a sua participação, a Bioalvo foi forçada a encerrar, em 2013.
“Felizmente, hoje, já existem vários eventos que promovem e dignificam o empreendedorismo feminino. A Executiva deu um grande contributo inicialmente para que este tema esteja na agenda diária da sociedade portuguesa.”
Sem a Bioalvo, Helena Vieira decidiu dedicar mais tempo à sua filha e ainda se candidatou às principais consultoras, mas acabou por desistir e voltar à sua carreira de docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, posição que mantinha desde 2008. À procura de um novo projeto, desafiou uma das suas ex-alunas de mestrado a criar um projeto de cosmética personalizada (que viria mais tarde a chamar-se My.Skinmix). Concorreram, ganharam, mas nunca chegaram a receber o investimento que lhes era devido. Contudo, tal não foi um impedimento e decidiram, juntamente com um investidor, avançar com a My.Skinmix. Investindo apenas o que ganhavam com as vendas, não perderam dinheiro durante dois anos, mas também não conseguiam ganhar muito. Ainda tentaram com outros investidores, mas as exigências não eram compatíveis e aperceberam-se que o mercado já começava a ter produtos semelhantes, por isso antes que o negócio desse para o torto, decidiram encerrar a My.Skinmix, no final de 2017.
Recusando-se, novamente, a baixar os braços, Helena Vieira virou-se para a UAU Homes, projeto que começara após o encerramento da Bioalvo. Na época, a empreendedora fora desafiada a redecorar uma das duas casas do pai de um amigo para depois a arrendar. Fez um curso de home staging e decoração, redecorou a casa e no primeiro ano o rendimento quase sextuplicou. Helena Vieira e o amigo tornaram-se sócios e proposeram tratar da gestão de ambas as casas, bem como das reservas, das comunicações com os clientes e da logística de limpezas, e conseguiram que o rendimento voltasse a aumentar. Em 2018 já geriam três casas em Lisboa, uma em Tróia e outras em várias cidades do Algarve. Helena Vieira mantém a sua carreira académica como atividade principal e considera a Uau Homes “a minha empresa da reforma”.
Na Conferência Empreendedorismo Feminino, a empreendedora será oradora na mesa redonda “O sucesso não cai do céu: da luta ao crescimento”. “Felizmente, hoje, já existem vários eventos que promovem e dignificam o empreendedorismo feminino. A Executiva deu um grande contributo inicialmente para que este tema esteja na agenda diária da sociedade portuguesa”, afirma a CEO da UAU. “Hoje em dia a Executiva continua a ter o seu papel, mas fico feliz por não ser a única a fazê-lo”, salienta Helena Vieira, que partindo da sua maior lição enquanto empreendedora, deixa uma mensagem: “Falhar não é o fim do mundo”.
A Conferência Empreendedorismo Feminino realiza-se a 21 de março, entre as 9h e as 13h, na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, em Lisboa.
Conheça o programa e garanta já o seu lugar aqui.
PROGRAMA
9h15 BOAS VINDAS
De jornalistas a empreendedoras: o que aprendemos em 4 anos
Isabel Canha e Maria Serina, fundadoras do Executiva.pt
9h30 TALKS
9h30 A situação e os desafios do empreendedorismo no feminino
Teresa Fragoso, presidente da CIG
9h45 O novo mundo do trabalho: como recrutar as pessoas certas
Carla Rebelo, diretora-geral Adecco Portugal
10h00 Os segredos de um bom plano de negócios
Bárbara Barroso, fundadora Money Lab
10h15 Os aspetos legais que deve saber antes de criar a empresa
Ana Sofia Baptista, sócia Abreu Advogados
10h30 O que deve, e não deve, esperar dos investidores
Isabel Neves, presidente Lisbon Business Angels Club
10h45 Co-creating your business
Diogo Romão, CEO Monday
11h00 COFFEE BREAK
11h30 MESA REDONDA
O sucesso não cai do céu: da luta ao crescimento
Helena Vieira, fundadora e CEO UAU Homes
Filipa Munoz de Oliveira, fundadora e CEO Wink
Margarida Almeida, fundadora e CEO Amazing Evolution
Sara do Ó, fundadora e CEO Grupo Your
Helena Rodrigues, fundadora e CEO da Allby
12h30 FIM