O gato fica com elas

Aliando a paixão pelos animais ao faro apurado para o negócio, Joana Soares e Catarina Rodrigues são os rostos humanos por detrás d’O Gato Fica, um inovador serviço de catsitting que assegura que, quando os donos vão para fora, os seus bichanos ficam bem, dentro da própria casa.

Joana Soares percebeu que a sua necessidade era uma oportunidade de negócio.

Partilhar a mesma morada com três gatos e dois porquinhos-da-índia criou, a dada altura, um dilema feroz a Joana Soares. Sempre que precisava de se ausentar de casa, a estudante de Medicina Veterinária não sabia como resolver um verdadeiro problema matemático, que a deixava dividida entre a necessidade de sair e a falta de alguém a quem pudesse confiar os seus animais. “No meu círculo de amigos próximos não havia ninguém que parecesse muito interessado em animais e, nessas circunstâncias, é aborrecido ter de incomodar alguém com essa tarefa”, confessa.

Em dois meses, Joana já não tinha mãos a medir e aceitou como sócia uma das primeiras clientes.

Mas a dificuldade depressa aguçou o engenho. “Percebi que se este problema me afetava a mim, haveria de afetar muitas mais pessoas”, conclui, puxando o fio à meada da ideia que deu origem à empresa. Em pleno verão de 2014, com um estágio no Hospital do Gato na bagagem, Joana Soares partiu à conquista do, até então inexplorado, de mercado de catsitting. Imperativo no nome, O Gato Fica acaba com as interrogações dos donos, quando férias, fins de semana ou viagens a trabalho os obrigam a afastar-se de casa, com uma proposta simples e prática: “eles vão, o gato fica e nós vamos lá a casa tomar conta dele”, resume a jovem empreendedora.

As donas do negócio

Sem mãos a medir para conseguir dar resposta aos pedidos que, “logo nos primeiros dois meses após o arranque do serviço”, se multiplicaram, Joana Soares não tardou a contar com mais dois braços para sustentar o crescimento do negócio. Além de Joana, O Gato passou a ficar também com Catarina Rodrigues, a nova sócia, que, não por acaso, “foi uma das nossas primeiras clientes”, revela a fundadora. “Depois de fazer catsitting aos gatos da Catarina e de perceber, não só a devoção que lhes tinha, como o facto de estar a investir em formação na área, convidei-a a juntar-se ao projeto.”

Mordidas pelo “bichinho” da dedicação aos companheiros de quatro patas desde pequenas, a infância de ambas trouxe-as “coladas a todos os animais que apareciam”, recordam divertidas. Curiosamente, o “percurso paralelo” que foram trilhando, embora, à época, ainda sem se conhecerem, fê-las começar por estudar a mente humana, antes de se especializarem no universo animal.

As duas sócias têm formação em Psicologia mas optaram por se especializar em animais.

Formadas em Psicologia – Joana licenciou-se em Psicologia Clínica e Catarina em Psicologia Criminal, com mestrado na vertente clínica – as duas sócias acabaram, contudo, por ceder à “paixão que palpitava em pano de fundo”. Enquanto a primeira frequenta o curso de Medicina Veterinária – “falta-me só entregar a tese”, precisa –, a segunda completou uma pós-graduação em Bem-estar e Comportamento Animal. Pontualmente, sempre que o volume de solicitações dita, a equipa d’O Gato Fica integra um elemento adicional: Susana Silva, também estudante de Medicina Veterinária.

Aqui há gato!

Inevitavelmente, porém, a curiosidade aviva a pergunta: porque é que só há felinos neste conceito inovador? Desde logo, porque “os gatos são animais territoriais”, explica Joana Soares, “sentindo-se habitualmente mais confortáveis no ambiente que lhes é familiar, mesmo que isso implique estarem algum tempo sós”. Assim se compreende que “sejam já muitos os donos” a adotarem o catsitting, ao invés de recorrerem a um tradicional hotel para animais. “Mudá-los de local só tende a causar stresse”, acrescenta, mas deixar os patudos permanentemente sozinhos também não é opção, “nomeadamente quando as ausências se prolongam”.

Gato Fica

Catarina Rodrigues trocou a Psicologia Criminal pelos bichanos.

É então que entra em cena O Gato Fica, pegando na deixa de haver “uma falha na oferta específica de petsitting” para este nicho, notam as protagonistas desta história de sucesso empresarial, que já ajudou “mais de 400 gatos e quase 250 donos”. Garantindo o fornecimento da alimentação, a substituição das taças de água, sem esquecer a manutenção da caixa de areia e a limpeza da área envolvente, além de outros serviços extra que possam ser contratados, as catsitters asseguram ainda, em todas as visitas, outro cuidado fundamental para o bem-estar, desta feita não dos gatos, mas dos próprios donos: o envio de fotografias ou pequenos vídeos certificando que os seus amigos de quatro patas estão bem. “É através do nosso feedback que os donos comprovam que tudo está bem e que estamos junto dos seus gatos, tal como esperado. É nesse momento que se fortalece a relação de confiança que estabelecem connosco”, frisam.

Aos poucos as duas sócias vão diversificando o negócio com base na experiência adquirida.

Não se furtando a agarrar com “unhas e dentes” esta oportunidade de negócio, Joana Soares e Catarina Rodrigues estenderam o leque de serviços prestados, que agora inclui também serviço de táxi para felinos, acompanhamento ao veterinário, aconselhamento sobre introduções de novos membros na família (animais ou humanos) e avaliações de comportamento e bem-estar. Adicionalmente, e porque o gato não só fica, “como também quer”, sublinham, “disponibilizamos alguns produtos que recomendamos, fruto da nossa larga experiência com as centenas de animais que visitamos”.

Ainda assim, dos planos da empresa não faz parte, por agora, a expansão territorial para além do “habitat natural” d’O Gato Fica, na zona da Grande Lisboa. “Sendo um serviço que implica uma relação de confiança tão forte com os clientes, ainda não nos sentimos confortáveis com passar a abranger outras áreas”, admitem as duas sócias.

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