Ainda que a Executiva tenha continuado a distinguir as mulheres que mais se destacaram em Portugal mesmo no período mais intenso da pandemia de COVID-19, após dois anos de maiores constrangimentos, em 2020 e 2021, este ano a cerimónia de entrega de prémios das “25 Mulheres Mais Influentes de Portugal” ficou marcada pelo regresso dos rostos e sorrisos sem máscara, que permitem acreditar que o pior já terá passado.
A CUPRA City Garage Lisboa foi o local eleito para acolher, no passado dia 19 de maio, a 7.ª edição deste evento promovido pelo site Executiva, que parte do estudo anual realizado pelo jornalista Filipe S. Fernandes, e que este ano contou com o patrocínio da CUPRA e da Clarins, assim como com o apoio da Sogrape e da Arcádia. Na iniciativa que enalteceu o poder de influência e o impacto positivo gerado pelas 25 profissionais que mais se evidenciaram em Portugal, em 2021, em áreas como Ciência, Economia, Comunicação, Política, Artes ou Desporto, coube a Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, ocupar o primeiro lugar do ranking como a portuguesa mais influente durante o ano que passou.
Na abertura da cerimónia que voltou a ser conduzida pela locutora Sónia Santos, Maria Serina, diretora da Executiva, lamentando a “forma particularmente dura” com que a pandemia afetou as mulheres e o flagelo que a guerra na Ucrânia representa, atualmente, na “vida de milhões de ucranianas e das suas famílias”, chamou a atenção para um dado que espelha o longo caminho que ainda há por trilhar rumo à paridade. “Se as coisas continuarem a evoluir ao ritmo atual”, alertou Maria Serina, aludindo a um estudo do Fórum Económico Mundial citado pelo jornalista Filipe S. Fernandes no texto que acompanha os perfis das 25 mulheres mais influentes de Portugal em 2021, “serão necessários pelo menos 136 anos até que haja igualdade para as mulheres no mundo empresarial”. Nesse sentido, argumentou, “é precisamente para não deixar que as coisas continuem a evoluir ao ritmo atual que a Executiva existe”, assumindo o compromisso de dar “role models às mulheres para que acreditem que é possível chegar onde desejam”.
“Eles não sabem com quem se meteram”
Num ano em que as mulheres que mais se notabilizaram na área dos media voltaram a reclamar um espaço assinalável da lista das mais influentes, a atriz Rita Pereira foi a primeira a tomar a palavra. Homenageada pela sexta vez, a também influencer, com mais de um milhão e meio de seguidores só no Instagram, admitiu que “é uma responsabilidade cada vez maior estar aqui”. “Aprendi que este mundo em que vivemos é duro, principalmente para as mulheres, e que é difícil influenciar pelo bem, mas tento todos os dias que assim seja”, acrescentou. Rita Pereira evocou ainda as palavras do pai que, em pequena, quando tirava boas notas ou fazia uma jogada de destaque no basquetebol, lhe costumava dizer: “eles não sabem com quem se meteram”. “E aos 40 anos, continua a ser assim”, garantiu.
“Um ponto de viragem”
Outra figura de relevo no setor da comunicação, que também tem sido presença habitual no ranking das 25 mais influentes, Ana Garcia Martins, autora do blogue e marca digital A Pipoca Mais Doce, lembrou que as seis edições em que mereceu este galardão “abrangeram diferentes fases” da sua vida. O ano passado, reconheceu, “foi talvez o ano mais desafiante”. “No dia em que era suposto vir receber o prémio, pensei em não vir”, confessou: “não me sentia em condições de me apresentar publicamente e fingir uma felicidade que não sentia”. “Estava no meio desse processo, quando dei por mim a refletir sobre esta questão da influência e pensei que, do mesmo modo como eu me estava a sentir, todos os dias há mulheres a sentirem-se assim, e que o meu gesto poderia ser o clique para elas aguentarem mais um dia e saírem da cama”, admitiu Ana Garcia Martins. “Percebi que não podia ficar em casa e estive aqui convosco: foi um ponto de viragem”, sublinhou.
“Liderar pelo exemplo”
Nome incontornável no panorama da informação, em Portugal, Sandra Felgueiras, que desde janeiro de 2022, é diretora da revista Sábado e apresentadora do programa Investigação Sábado na CMTV, depois de ter saído da RTP, onde coordenava o programa Sexta às 9 desde 2012, foi outra das mulheres premiadas nesta iniciativa. Sandra Felgueiras frisou que “se há algo que me permite ter influência na sociedade portuguesa, é a coragem de nunca virar a cara a um desafio”. “Esse exemplo de determinação, coragem, resiliência, de nunca nos vergarmos perante as pressões, é algo que deve ser incentivado a todas nós”, apelou a jornalista, que afirmou “lutar todos os dias para que consigamos mostrar o nosso valor e que somos capazes de liderar com uma inteligência emocional que, muitas vezes – e perdoem-me os homens – está aquém das suas capacidades”. “Liderar é um processo difícil, mas todas aquelas que recebem esta distinção devem sentir esse espírito de missão de liderar pelo exemplo”, salientou.
“As mulheres são seres extraordinários”
Um dos rostos femininos mais conhecidos da televisão portuguesa, Júlia Pinheiro, apresentadora da SIC e diretora da SIC Caras e da SIC Mulher, também se congratulou por ser “uma repetente” no lote das 25 mais influentes e aproveitou para refletir sobre o que é isso da influência. “Nós, que estamos aqui a ser premiadas pela nossa capacidade de influenciar, temos uma responsabilidade”, considerou: “na capacidade que temos de enviar as nossas mensagens para a perceção dos outros, temos de colocar nelas o sentido das boas práticas e dos bons valores e uma grande capacidade para passarmos as nossas convicções”. “As minhas convicções são as de sempre”, ilustrou, a propósito, Júlia Pinheiro: “as mulheres são seres extraordinários”. A comunicadora reconheceu ainda sentir uma “responsabilidade imensa”: “nós, que somos mulheres com carreiras já consolidadas, estamos a enviar mensagens para os mais jovens e eu sinto particularmente isso, até porque tenho duas filhas e duas netas”, apontou.
“Não temos de ser nada daquilo que nos dizem”
Dona de outra carreira fulgurante na televisão e no sector dos media, em Portugal, que a conduziu à posição de administradora da Media Capital e diretora de Ficção e Entretenimento da TVI, Cristina Ferreira, por seu turno, fez o pleno: sete distinções em sete anos de “25 Mulheres Mais Influentes de Portugal” pela Executiva. “Desde que soube que vinha receber o prémio outra vez”, revelou, “uma frase não me saía da cabeça: pareces uma executiva”. Tendo “ouvido muitas vezes: tens de ir com um ar mais executivo”, Cristina Ferreira afiançou ter vindo “vestida, de propósito, com um ar muito menos executivo do que seria expectável” para fazer valer a sua convicção de que: “não temos de ser nada daquilo que nos dizem, só temos de ser aquilo que queremos ser na vida”. Afinal, reiterou, “o caminho é nosso – somos nós que o fazemos e não temos de nos cingir ao que os outros querem”. Agora que está presente num conselho de administração, a executiva admitiu ainda “perceber cada vez mais o porquê de termos poucas mulheres nesses cargos de destaque: porque é preciso muita resistência, muita capacidade de não nos sentimos culpadas em relação àquilo que decidimos ser nosso por mérito e por felicidade”, concluiu.
“A vida foi-me extremamente generosa”
Uma das vozes mais sonantes do cenário musical português, também premiada nesta iniciativa, a fadista Mariza começou por agradecer à Executiva “esta distinção, que me honra e me deixa extremamente feliz, 23 anos depois de tanta coisa fantástica ter acontecido na minha carreira”. Olhando para trás, a cantora não esconde o “percurso doloroso: hoje em dia fala-se muito de refugiados e eu vim de uma ex-colónia portuguesa, cheguei a Portugal com os meus pais, em criança, em condições muito precárias”. Contudo, manifestou, “a vida foi-me extremamente generosa: deu-me a oportunidade de poder cantar nos quatro cantos do mundo, em português”.
“Tentei cumprir a minha função o melhor que sabia”
Alvo desta homenagem “pelo segundo ano consecutivo”, em larga medida por se ter destacado como uma referência no combate à pandemia, em Portugal, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, disse sentir-se “muito honrada por estar entre as outras mulheres que vão receber o prémio e que certamente merecem mais do que eu”. Com a modéstia de quem trava as grandes lutas sem desejar protagonismo, Graça Freitas sustentou que se limitou “a estar onde tinha de estar – calhou-me a mim essa função e tentei cumpri-la o melhor que sabia”. A diretora-geral da Saúde deixou ainda uma palavra de apreço especial a Benvinda dos Santos, Diretora de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde na Direção-Geral da Saúde, e membro da equipe por si liderada, cujo contributo “tanto nos ajudou”, ressaltou Graça Freitas.
“Coragem, verticalidade, independência, rigor e resiliência”
Com um percurso sólido na área da Justiça, Lucília Gago, procuradora-geral da República, reconheceu que “apesar de não gostar e não estar habituada à exposição mediática, é para mim importante estar aqui”, uma vez que “este prémio é um reconhecimento da importância da Procuradoria-Geral da República no contexto da realização da Justiça, em Portugal e da importância do Ministério Público, assim como do cunho que lhe pretendo dar de coragem, verticalidade, independência, rigor e resiliência”. “Se essas mensagens conseguirem influenciar de algum modo a posição de outras pessoas na sociedade portuguesa, ficarei lisonjeada e acho que já valeu a pena ter recebido este prémio”, enfatizou Lucília Gago.
“Influência positiva gera ainda mais influência positiva”
Na liderança da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome e do Banco Alimentar Contra a Fome de Lisboa há 28 anos, Isabel Jonet mostrou-se grata à Executiva pela organização desta iniciativa e “por mais uma vez mobilizar tantas pessoas para influências várias”. “No meu caso”, precisou, o prémio reflete “a influência da sociedade portuguesa para o bem”, motivo que levou Isabel Jonet a “dedicar este reconhecimento a todos os voluntários e voluntárias do Banco Alimentar [BA], porque nos faz ter a certeza que a influência positiva gera ainda mais influência positiva”. “Isso tem-se demonstrado ao longo dos anos”, reiterou. “Os 21 BA que atualmente existem dão de comer a 4% da população portuguesa: 400 mil pessoas recebem o seu alimento no seu prato porque cada um de vocês acredita nesta capacidade de influenciar e contribuir”, adiantou Isabel Jonet, que assegurou ainda “ter muito orgulho em poder estar no BA, influenciando positivamente a sociedade portuguesa”.
“Orgulho em integrar o primeiro governo paritário, em Portugal”
Considerada pela sétima vez uma das “25 Mulheres Mais Influentes de Portugal”, Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, orgulhou-se de “profissionalmente, ter crescido com este prémio”. “Recebi este prémio em diferentes fases da minha vida: primeiro como professora universitária, depois como vice-reitora e agora como ministra”, explicitou, fazendo ainda questão de parabenizar a Executiva “por iniciativas como esta, que contribuem para se tentar diminuir os 136 anos que faltam” até se atingir a igualdade entre homens e mulheres no mundo empresarial. Na caminhada rumo a uma sociedade mais justa e igualitária, Elvira Fortunato manifestou ainda “orgulho por integrar o primeiro governo paritário, em Portugal”. “Isso demonstra uma mudança que tem acontecido e algo que ainda não é muito comum noutros países europeus e fora da Europa”, notou.
Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, a pintora Paula Rego, Paula Amorim, empresária e presidente da Galp, Maria Manuel Mota, diretora executiva do Instituto de Medicina Molecular, Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ai, e a humorista Joana Marques fizeram-se representar na cerimónia, respetivamente, por: Sónia Cardoso, diretora de Sustentabilidade da Sonae, Catarina Alfaro, curadora da Casa das Histórias Paula Rego, Marcela de Mello Breyner, diretora de Lifestyle, PR e Comunicação da Amorim Luxury, Inês Domingues, diretora de Comunicação do Instituto de Medicina Molecular, Teresa Nascimento, chief people officer da Defined.ai, e Miguel Issac, agente de Joana Marques.
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