Confiança gera comunicação… mesmo no digital

Filomena Gonçalves, fundadora do Change Booster Project, propõe um roadmap de quatro fases distintas, com o objetivo de criar o seu plano de comunicação nas redes sociais.

Filomena Gonçalves é fundadora do Change Booster Project.

Filomena Gonçalves é fundadora do Change Booster Project 

 

Onde gasta mais do seu tempo: a comunicar ou a passar e receber informação? Talvez nunca tenha analisado bem este tema em relação à sua vida, mas se o fizer agora – certamente irá fazer! – notará que talvez não comunique tanto como pensaria e que, na realidade, passa grande parte do seu tempo em redes sociais, jornais digitais, sites variados, etc. Se este é o seu caso, então saiba que passa grande parte do seu tempo a consumir informação e não a comunicar.

O que difere comunicação de informação? A fronteira pode parecer ténue porque, na gíria, chamamos a tudo comunicação.

Vejamos a diferença:
» informação: conecta-nos aos acontecimentos, ocorrências e locais;
» comunicação: relaciona-nos com as outras pessoas.

Fazer chamadas telefónicas, falar via chat, uma conversa de café, uma videochamada, são alguns exemplos da arte de comunicar. Em geral, precisamos de ambas no nosso dia-a-dia. Mas com maior frequência consumimos muita informação, enchendo a cabeça de tópicos sobre temas variados, mas sem grande profundidade. Este é um dos problemas que nos traz o universo digital e os dispositivos eletrónicos de uma dimensão cada vez menor – quanto mais pequeno o dispositivo, menos tempo conseguimos focar-nos no ecrãn para leitura.

Podemos considerar que toda a comunicação pode começar por ser apenas partilha de informação e, à medida que cresce a confiança e vai surgindo uma relação, passamos a comunicar uns com os outros.

As organizações não são uma exceção. Veja o caso concreto da sua organização: nas redes sociais tem seguidores, ou já tem uma comunidade? Como perceber a diferença?

No início, ambas as partes tentam avaliar até onde podem depositar a sua confiança, já que não se conhecem. Nesta fase ainda estamos a falar de seguidores. Com o tempo, vai-se estabelecendo uma relação à medida que a organização vai publicando conteúdos que vão ao encontro dos interesses dos seguidores, mostrando que os escuta ativamente e que procura ir ao encontro das suas necessidades e gostos. Os seguidores vão-se fidelizando e transformando numa comunidade não só com a organização, mas também entre si. Estas relações acabam, em certos casos, por ultrapassar os limites do digital e as pessoas estabelecem relações na vida real.

A transição de seguidores para um comunidade começa quando quem nos segue interaje connosco, dando feedback aos nossos conteúdos e partilhando-os com outros. Quando fazemos lives e eles aparecem, deixando comentários e fazendo perguntas, enviando sugestões às quais devemos dar o devido seguimento. Também do nosso lado é importante assegurar que respondemos e agradecemos a todas as mensagens e perguntas que chegam de forma privada ou por email. Se começarmos a falhar neste ponto, a relação esmorece  e a confiança perde-se. Há ainda quem dê um nome á sua comunidade, o que além de ser uma simpatia, ajuda a criar identidade de grupo e sentido de pertença.

Quer tenha apenas um perfil pessoal, seja um empreendedor digital ou ativista, um micro empresário, ou uma organização social, faça uso destas sugestões, pois ajudarão a que consiga criar, com poucos recursos, uma comunicação eficaz nas suas redes.

Contudo, devemos andar um passo atrás, pois antes de mais, precisa de ter uma estratégia para que a sua comunicação seja eficaz.

Deixo-lhe um roadmap para criar o seu plano de comunicação nas redes, que conta com 4 fases distintas:

1 » Traçar um plano de atividades

Para comunicar tem de ter algum substrato, ou seja, tem de ter conteúdos para comunicar, quer sejam produtos, serviços, eventos, concursos… o que se aplique à sua realidade.

 

2 » Fazer uma análise SWOT
Um plano de comunicação eficaz presume que conheça o seu negócio inside out. Em que consiste? Em analisar os aspetos internos e externos do seu negócio. Nos aspetos internos deve avaliar as forças e fraquezas. Quanto aos externos, deve analisar as oportunidades e ameaças relativamnete aos concorrentes e contexto externo.

 

3 » Definir objetivos
De seguida, trace objetivos para cada atividade, pensando naquilo que quer alcançar em cada coisa que comunica. Pode ser aumentar vendas de um produto, ter inscrições num evento, lançar uma campanha de angariação de fundos.

 

4 » Implementar e monitorizar
Faça um plano que concilie as atividades com os objetivos traçados para cada uma delas. Pode fazê-lo num suporte Word, ou no Excel, por exemplo.

Defina o tipo (publicação, vídeo, …), a frequência (diário, semanal,…) e em que redes. Neste último caso, menos é mais, ou seja, é preferível que assegure presença em apenas uma ou duas redes e tenha uma verdadeira comunidade, do que estar em todo o lado e não conseguir dar resposta adequada.

Quando implementar o plano, lembre-se que deve monitorizar o seu desempenho. As redes fornecem-lhe dados estatísticos que ajudam neste passo. Efetue os ajustes necessários, porque a vantagem do digital é que pode fazer correções em tempo real.

 

Por fim, uma última dica que pode fazer a diferença na sua comunicação! O digital permite-lhe pensar out of the box e correr riscos que na vida real não seriam possíveis, podendo os seus efeitos ser controlados no momento.

Independentemente dos serviços ou produtos que venda, da missão da sua organização, ou da causa que promove, arrisque-se em coisas que na vida real não teria margem para fazer. Por exemplo, se ajuda crianças carenciadas, porque não criar um canal no Youtube com dicas práticas sobre alimentação saudável para estas crianças? Ou truques que as ajudem a dormir melhor, etc. Desta forma, o seu negócio transforma-se numa marca de influência, a que a sua comunidade recorre muita para além de tudo aquilo que está relacionado com o seu core bussiness e vai alimentando a relação de confiança.

 

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