Com mais de duas décadas de cargos executivos na Transearch International, há sete anos a liderar a multinacional de executive search, Celeste Whatley, é a keynote speaker da 12.ª Grande Conferência Liderança Feminina.
Responsável por todas as iniciativas comerciais e estratégicas dentro da Transeasrch International, a sua visão tem sido fundamental para impulsionar o crescimento e desenvolvimento do negócio. Perita em enfrentar desafios complexos, especialmente em ambientes multiculturais, e num setor dominado pelos homens, o seu percurso ilustra a forma como os líderes podem inspirar as suas equipas e impulsionar a inovação e a mudança positiva. É licenciada em Ciência Política, Antropologia e Relações Laborais. Pela primeira em Portugal, vem falar da sua paixão pela liderança e revelar as estratégias para os líderes criarem um impacto duradouro nas suas organizações.
Nesta entrevista à Executiva, defende que ser a líder que todos procuram envolve ter a inteligência cognitiva para elaborar estratégias, o conhecimento prático para executar planos, a inteligência emocional para construir relações sólidas e a integridade para inspirar confiança. Igualmente importante é ser uma força positiva, criando um impacto que influencie positivamente os outros e eleve todos ao seu redor.
Enquanto oradora principal da Grande Conferência Liderança Feminina, promovida pela Executiva, irá responder à pergunta “É a líder de que eles precisam?”. Quais são as skills e as atitudes que essa líder tão desejada pelas empresas deve ter?
Acredito que consigo responder a essa pergunta com confiança. Ser “a líder que eles precisam” requer um equilíbrio entre pensamento estratégico, empatia e adaptabilidade. Um grande líder deve empregar a cabeça, as mãos, o coração e o espírito: definir a direção, garantir a execução, inspirar os outros e manter a autenticidade. Trata-se de ter a inteligência cognitiva para elaborar estratégias, o conhecimento prático para executar planos, a inteligência emocional para construir relações sólidas e a integridade para inspirar confiança. Igualmente importante é ser uma força positiva, criando um impacto que influencie positivamente os outros e eleve todos ao seu redor.
Quando era criança, qual era a sua profissão de sonho?
Quando era criança, sonhava em ser antropóloga. Sempre fui fascinada por diferentes culturas, por pessoas e pelas diferentes formas como as sociedades funcionam. Essa curiosidade levou-me a estudar Ciência Política, Relações Laborais e Antropologia. Mais tarde, fiz formações em coaching e atualmente estou a concluir um mestrado em Empreendedorismo e Inovação. Esta jornada ajudou-me a construir uma perspetiva holística sobre a liderança, as pessoas e o mundo que nos rodeia.
Ao longo da minha carreira na Transearch, tive o privilégio de crescer juntamente com a empresa, evoluindo desde trabalhar em estratégias internas até liderar a nossa visão global.
Quando e porque decidiu trabalhar em recursos humanos?
O meu percurso em recursos humanos não foi algo que planeei; aconteceu naturalmente. Inicialmente, foquei-me em estratégia organizacional e desenvolvimento de liderança, mas rapidamente percebi que o verdadeiro motor do sucesso são as pessoas. Essa compreensão levou-me ao setor de recursos humanos, especialmente à área de aquisição de talento e desenvolvimento de liderança, onde pude ter um impacto direto no crescimento e no sucesso a longo prazo, tanto de indivíduos como da organização.
Como e quando entrou na Transearch e como evoluiu a sua carreira na empresa?
Entrei na Transearch há 22 anos, inicialmente para apoiar iniciativas de crescimento estratégico. Com o tempo, o meu papel expandiu-se para incluir o desenvolvimento de liderança e a aquisição de talentos, até que fui nomeada CEO. Ao longo da minha carreira na Transearch, tive o privilégio de crescer juntamente com a empresa, evoluindo desde trabalhar em estratégias internas até liderar a nossa visão global.
Fui convidada a assumir o cargo de CEO num período de mudança para a empresa. Embora me sentisse preparada em muitos aspetos, também sabia que havia muito que ainda desconhecia. O meu marido tinha falecido inesperadamente dois anos antes, e assumir o cargo tornou-se tanto um desafio como uma fonte de cura.
Em que circunstâncias foi convidada a tornar-se CEO da Transearch?
Fui convidada a assumir o cargo de CEO num período de mudança para a empresa. Embora me sentisse preparada em muitos aspetos, também sabia que havia muito que ainda desconhecia. O meu marido tinha falecido inesperadamente dois anos antes, e assumir o cargo tornou-se tanto um desafio como uma fonte de cura. Considerei que era uma oportunidade de moldar o futuro da Transearch e de liderar uma equipa incrível. Com o apoio dos meus colegas, que estavam comprometidos com o meu sucesso, aceitei o cargo, confiante na nossa visão partilhada.
Quais foram os momentos-chave da sua carreira e o que aprendeu com eles?
Um momento decisivo na minha carreira foi assumir o cargo de CEO. Esta foi uma transição significativa que testou a minha resiliência e capacidades de liderança, especialmente considerando os desafios pessoais que enfrentava na altura. Aprendi o valor de ter um sistema de apoio forte e de enfrentar o desconhecido com coragem. Outro momento crucial foi trabalhar no desenvolvimento de talentos no início da minha carreira. Essa experiência ajudou-me a perceber que as pessoas são o centro de qualquer estratégia e que investir no seu crescimento traz retornos significativos, tanto para os indivíduos como para a organização.
A liderança é inspirar os outros a darem o seu melhor e proporcionar-lhes as ferramentas e oportunidades para crescerem.
Como descreveria o seu estilo de liderança?
O meu estilo de liderança é centrado nas pessoas e fundamentado na positividade. Procuro capacitar os outros e criar um ambiente em que todos se sintam valorizados e motivados. Equilibro empatia com foco nos resultados, e acredito na autenticidade — liderando pelo exemplo e mantendo-me fiel aos meus valores. Esforço-me por ser acessível, garantindo que a nossa direção estratégica e os nossos objetivos sejam claros. Para mim, a liderança é inspirar os outros a darem o seu melhor e proporcionar-lhes as ferramentas e oportunidades para crescerem.
Planeou a sua carreira ou seguiu as oportunidades que surgiram?
Não planeei a minha carreira de forma tradicional; em vez disso, abracei as oportunidades que surgiram. Acredito fortemente na iniciativa e na positividade — se encararmos a vida com uma mentalidade positiva, atrairemos oportunidades positivas. Esta abertura para mudanças e novas possibilidades permitiu que a minha carreira evoluísse de formas que nunca poderia ter previsto.
Qual foi o maior desafio profissional que enfrentou?
Um dos maiores desafios que enfrentei foi desenvolver uma cultura coesa em 40 países, com diferentes idiomas e normas culturais. Criar alinhamento num ambiente tão diverso exige uma compreensão profunda, adaptabilidade e a capacidade de unir pessoas em torno de uma visão comum.
Qual foi o projeto mais significativo em que esteve envolvida?
Foi a nossa transformação digital durante a pandemia de COVID-19, que nos permitiu manter o contacto com os clientes e permanecer relevantes. Este esforço posicionou-nos como líderes na área, com aplicações únicas que nos ajudam a servir os nossos clientes de forma mais eficaz.
Quais são as principais tendências que estão a mudar o setor de executive search e como está a lidar com elas?
O setor de executive search está a ser transformado pela tecnologia, diversidade e pelas expectativas em constante evolução sobre a liderança. A inteligência artificial, a análise de dados e a transformação digital estão a redefinir a forma como identificamos talento, enquanto a diversidade e a inclusão são cruciais para determinar como deve ser a liderança hoje. Na Transearch abraçamos estas mudanças, integrando tecnologias avançadas e focando na liderança inclusiva como uma componente fundamental das nossas estratégias de talento. Estamos constantemente a adaptar-nos para garantir que respondemos às necessidades dos nossos clientes e do mercado, em constante evolução.
Os líderes devem ser capazes de inspirar confiança e gerar resultados, navegando na complexidade com uma visão clara.
Quais são as competências e atributos mais valorizados atualmente nos principais executivos que seleciona?
Os principais executivos de hoje devem ter agilidade, inteligência emocional e a capacidade de liderar no meio da ambiguidade e da mudança. Precisam de ser inovadores, adaptáveis e capazes de promover ambientes inclusivos e diversos. Fortes habilidades interpessoais, empatia e autenticidade são essenciais para criar culturas onde as equipas possam prosperar. Em última análise, os líderes devem ser capazes de inspirar confiança e gerar resultados, navegando na complexidade com uma visão clara.
Como se destacou num ambiente tão dominado por homens?
Destacar-me num ambiente tradicionalmente masculino foi uma questão de me focar em entregar resultados e manter-me fiel aos meus valores. Construir relações sólidas, demonstrar visão estratégica e promover a colaboração foram fundamentais para o meu sucesso. Acredito em ser autêntica e valorizar a diversidade e a inclusão. A minha capacidade de equilibrar empatia com determinação permitiu-me sobressair num campo dominado por homens. Sempre me concentrei no que posso trazer à mesa e em como posso impactar positivamente aqueles ao meu redor.
O meu conselho para jovens executivas é que mantenham a curiosidade e continuem a aprender. Não tenham medo de correr riscos, mas assegurem-se de construir relações ao longo do caminho — a vossa rede será um dos vossos ativos mais valiosos.
Que conselho (útil para a sua carreira) daria a uma jovem executiva que está prestes a começar o seu percurso profissional?
O meu conselho para jovens executivas é que mantenham a curiosidade e continuem a aprender. Não tenham medo de correr riscos, mas assegurem-se de construir relações ao longo do caminho — a vossa rede será um dos vossos ativos mais valiosos. Aprendam a ser resilientes; é crucial para enfrentar os desafios da liderança. Finalmente, sejam autênticas. A liderança vai além das competências técnicas — é sobre ser fiel a si mesma e aos seus valores, liderando com empatia e integridade.
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