Carla Rebelo: O humano líder algorítmico

Carla Rebelo, diretora-geral do Adecco Group em Portugal, defende que os líderes algorítmicos serão os únicos que nos levarão à necessária transformação numa era dominada pelas smart machines.

Carla Rebelo é diretora-geral do Adecco Group em Portugal.

Carla Rebelo é diretora-geral do Adecco Group em Portugal

 

Junho 2021…..Vivemos num mundo novo com regras que são diferentes. A disrupção não é digital, apenas a entrega é digital. Mas então o que é possível agora que não era possível antes? Converter com clareza inteligência artificial em inteligência aumentada para o ser humano, por via da generalizada automação de tarefas repetitivas, documentadas e identificadas.

Ao mesmo tempo emergiu uma nova forma de pensar sobre a experiência. A transação já não é o mais importante e, essa, será suportada por algoritmos programados para executar uma sequência finita de ações necessárias à resolução da maior parte dos problemas identificados. As empresas, sejam pequenas ou grandes, serão formatadas por esses cálculos matemáticos.

Daqui a suprema importância da cultura, o sistema operativo das organizações, em que serão cada vez mais complexos os sistemas de colaboração integrada e de tomada de decisões. Pensamos na verdade em organizações centradas no humano, porém alimentadas pela inteligência artificial.

Mike Walsh é um futurista e autor do livro “The algorithmic leader” através do qual oferece um conjunto de princípios muito úteis para qualquer líder nesta era digital, perante o hábito instalado e generalizado da Humanidade em combater o futuro. O presente século será governado por líderes que não só entendem a interação homem-máquina, mas que através da mesma constroem e desenham o novo espaço e modo do trabalho. O seu objetivo é explorar o conjunto composto pelas qualidades pessoais, grelhas cognitivas e abordagens estratégicas demonstradas pelos líderes que parecem ter sucesso neste novo ambiente.

Para o líder, que será um conector e não mais um controller, existem 10 princípios essenciais a seguir e que são descritos com profundidade na sua obra:

  • Trabalhe a partir do futuro — focando-se nos seus clientes futuros e não apenas nos atuais;
  • Ambicione 10 vezes mais, não 10% — desenhando os modelos operacionais com multiplicadores e não margens;
  • Pense computacionalmente — analisando os problemas partindo dos princípios e não de analogias;
  • Abrace a incerteza — procurando estar menos vezes errado em vez de mais vezes certo;
  • Faça da cultura o sistema operativo — humanizando e reforçando as ligações entre humanos e não focando a cultura na estandardização e simplificação;
  • Não trabalhe, desenhe o trabalho — gerindo pelos princípios em vez de pelos processos;
  • Automatizar e elevar — acreditando que o caminho face aos postos de trabalho deve ser automatizar e elevar em vez de automatizar e eliminar;
  • Se a resposta é X, pergunte Y — perguntando se a abordagem é a correta em vez de se os resultados foram obtidos;
  • Quando em dúvida, pergunte a um humano — apenas o humano poderá acrescentar contexto, intuição e visão holística;
  • Resolva pelo propósito e não apenas pelo lucro — transformando a organização pelo propósito e não somente pelo imperativo financeiro.

Do mesmo modo que a complexidade do mundo dos negócios resiste a uma completa automação, também a natureza humana da liderança se sobrepõe a uma definição simples, apenas se antecipa que os líderes algorítmicos serão os únicos que nos levarão à necessária transformação numa era dominada pelas smart machines.

 

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