Carla Esteves: Aqui é Fresco aposta nos valores do comércio de proximidade

A Aqui é Fresco conta com mais de 710 super e minimercados e espera este ano acrescentar mais 50 estabelecimentos à rede. O comércio de proximidade vive momentos de elevada procura, mas igualmente desafiantes. Carla Esteves, a sua diretora executiva, considera que mudanças da era Covid-19 vieram para ficar.

Carla Esteves é diretora executiva da Aqui é Fresco e da UniMark.

A Aqui é Fresco abriu as primeiras lojas em janeiro 2011. Hoje, dez anos volvidos, soma mais de 710 e espera que em 2021 mais de 50 estabelecimentos adiram à cadeia de lojas de proximidade independentes, supermercados e minimercados. A rede é uma organização criada pela UniMark, cooperativa de grossistas e retalhistas de produtos de grande consumo, com o objetivo de abastecer lojas mais pequenas e fazer frente aos grandes distribuidores.

À frente desta que se reclama a maior cadeia de comércio independente em Portugal, “fruto de uma expansão estratégica e ponderada aliada a muita dedicação de todos aqueles que fazem parte do negócio”, está a diretora executiva Carla Esteves. Depois de um ano difícil que fez sobressair a importância do comércio de proximidade, acredita que 2021 “será o ponto de viragem no comércio independente em Portugal”. “Este é o canal de comercialização do presente e do futuro”, afirma.

 

Como correu o negócio da Aqui é Fresco no ano passado? 

Não existindo ainda uma avaliação precisa do fecho das contas, estima-se que, no último ano, a faturação do conjunto de aderentes rondou os 436 milhões de euros, o que significa um crescimento próximo dos 12%. Desde que a rede Aqui é Fresco surgiu, a sua evolução tem sido significativa, tendo recuperado e ultrapassado as quebras no período da crise financeira. Essa evolução deveu-se a um saldo positivo no número de lojas aderentes e também a um crescimento da faturação média por ponto de venda acima da inflação e da evolução do sector.

O número de lojistas independentes aderentes ultrapassa, neste momento, os 710, o que significa um espaço de venda total de 100 mil metros quadrados com 3 mil colaboradores. A comunicação através das redes sociais tem sido igualmente um grande veículo de comunicação e informação. Consideramos ter estado, e continuarmos a estar, bem preparados para enfrentar esta situação. Por tudo isto, e também pela área de negócio em que estamos inseridos, a nossa atividade obteve resultados francamente positivos.

Qual o plano de expansão previsto para 2021 e anos seguintes, e como se propõe alcançar essas metas?

O objetivo da rede Aqui é Fresco, desenvolvida nos últimos 10 anos, é “dar mais voz ao comércio de proximidade português”, prevendo-se chegar ao final deste ano com um total de 780 lojas, após a abertura programada de mais 50 estabelecimentos durante 2021. Ao longo do corrente ano, e de acordo com a evolução do mercado, e, consequentemente, da pandemia, vamos continuar a trabalhar numa estratégia de crescimento sustentada.

Com que objetivo e como nasceu a rede Aqui é Fresco? 

A rede Aqui é Fresco abriu as primeiras lojas em janeiro 2011, como uma organização voluntária desenvolvida pela UniMark, com o objetivo de abastecer pequenas superfícies e fazer frente aos grandes distribuidores. Considerada a maior cadeia de comércio independente em Portugal, a Aqui é Fresco arrancou com 113 lojas, número que, ao longo de 10 anos, foi aumentando até atingir, em 2020, um total de 727 super e minimercados distribuídos a nível nacional. Oferece desde há precisamente uma década as garantias de confiança e compra acertada junto dos milhares de clientes, que todos os dias acorrem a estes estabelecimentos de proximidade com a insígnia Aqui é Fresco.

Não podíamos também deixar de referir aquele que foi considerado um dos pontos altos da nossa história, a 10.ª Convenção anual AEF, primeira convenção digital da rede de comércio de proximidade e do retalho nacional. Este evento, considerado a reunião magna anual da AéF, ponto de encontro de mais de 1500 intervenientes, não deixou, mesmo em ano de pandemia, de acontecer e proporcionar a todos os seus clientes, fornecedores, associados e inúmeros convidados, este momento de negócio e convívio, ímpar neste sector.

Como é que consegue fazer frente a grandes empresas de distribuição, que também apostam na proximidade com redes de supermercados mais pequenos?

Como diz o velho ditado “A União faz a Força”. Por essa razão unimo-nos. Atualmente, 18 grossistas fazem parte da Sociedade Aqui é Fresco, colocando o seu poder negocial numa grande rede que, em conjunto, consegue ter a capacidade de obter as melhores condições de compra e, assim, oferecer aos nossos clientes melhores preços de venda, com a mesma qualidade e o serviço personalizado de sempre.

Estamos nas localidades mais recônditas do nosso País, onde as outras insígnias consideram não valer a pena investir.

Como conseguem ser competitivos no preço, com a concorrência de grandes cadeias de retalho, com maior poder negocial?

O nosso compromisso passa, também, por estar presente nas localidades mais recônditas do nosso País, onde as outras insígnias consideram não valer a pena investir. Para a Sociedade Aqui é Fresco todos importam, todos contam. Por isso (re)inventamo-nos, ajustando a oferta às necessidades de quem nos visita, aos locais onde operamos e sempre fiéis aos valores do comércio de proximidade.

Que esforço é feito no sentido de captar novos empresários para a rede? 

Consideramos ser a solução certa para quem procura desenvolver o seu negócio na área do retalho alimentar. “Perto e de confiança”, lema da AéF, concretiza a premissa de valor e respeito pela identidade própria de cada lojista. De forma integrada, a rede leva a todo o País uma garantia de confiança e compra acertada, pois nasceu no comércio de proximidade, canal de conhece como ninguém e sabe fazer crescer.

Sem qualquer custo de adesão ou fee, a rede oferece inúmeras vantagens aos seus aderentes, nomeadamente acesso ao cartão de fidelização (descontos diretos, acumulação de pontos, etc.); folhetos quinzenais com promoções imbatíveis, com preços abaixo dos praticados nas grandes superfícies; possibilidade em comercializar produtos de marca própria; Formação gratuita em várias áreas ligadas ao negócio e que acontecem diversas vezes ao ano, e ainda comparticipação na identificação da loja, com a imagem da AéF.

Na sua maioria, são os próprios grossistas que, conhecendo a sua área de intervenção melhor do que ninguém, procuram estabelecimentos que reúnam as condições que dignifiquem a marca, juntando-se a nós e assim beneficiando de uma relação absolutamente win-win.

Neste período, qual o maior desafio que enfrentou e como lidou com ele?

Numa primeira fase, o maior desafio foi conseguir fazer chegar, em tempo útil, a todos os nossos parceiros, material de desinfeção e proteção, que lhes permitisse continuar a exercer a sua atividade em segurança. Também a limitação de horário, a par da grande procura, obrigou os nossos retalhistas a procurar alternativas, optando pelas entregas ao domicílio, suportadas por encomendas efetuadas on-line ou telefonicamente.

No entanto, se por um lado temos um “público” bastante exigente, em que a nossa aposta passa por continuar a trabalhar e a progredir, colocando à sua disposição ferramentas, que os mais exigentes não abdicam, por outro temos um grupo de aderentes bastante seniores, com alguma resistência à adoção das novas tecnologias, o que de algum modo dificulta a evolução desta relação comercial.

Por tudo isto, consideramos que o maior desafio que o setor da distribuição alimentar terá de enfrentar nos próximos anos em Portugal, nomeadamente a Sociedade Aqui é Fresco, será ativar fortemente o online, ajustar sortidos existentes e estar atento às mudanças da era pós- Covid-19, pois estas mudanças vieram para ficar.

Quais as principais lições que aprendeu neste percurso?

Uma das principais lições, acreditamos que transversal a toda a humanidade, é não dar nada como garantido. Em termos económicos e comerciais, acreditamos também que a pandemia fez aumentar o nosso foco na sustentabilidade. A consciencialização para a escassez dos recursos naturais tornou-nos mais cautelosos e tudo nos leva a acreditar que, terminada esta fase, a maioria de nós continue a preferir marcas que mostrem compromisso com a comunidade e com um futuro mais sustentável seja na formulação do produto em si, ou na forma como se apresenta ao consumidor, com menor presença de plástico e com maior preocupação em incorporar elementos recicláveis. Estamos, por isso, também atentos e comprometidos em continuar a fazer o nosso melhor, em prol, também, do ambiente.

 

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