Sucesso

Como é que medimos o sucesso?

Vivemos numa sociedade onde ter sucesso é sinónimo de chegar a uma determinada posição profissional, ganhar dinheiro, ter poder, status social.

Mas, se procurarmos a definição desta palavra, ela tem, no sentido lato, uma explicação muito mais genérica. Basicamente, significa atingir um propósito ou objetivo.

Ao longo da nossa vida, a nossa definição para ser bem-sucedido vai-se modificando. No entanto, e como continuamos num mundo onde os valores seguem sendo os anteriores – popularidade, progresso financeiro, carreira ascendente, posição social – combater o que nos entra pelos ecrãs todos os dias é difícil. O que julgamos ser o nosso ideal romântico de uma carreira feliz e completa embaterá, sem fuga possível, com a realidade. E é essa realidade que nos ajusta os nossos propósitos, levando-nos muitas vezes a crises profissionais.

Somos confrontados muitas vezes com a pergunta “o que faz na vida?” e dependendo da resposta, o nosso interlocutor irá mostrar interesse em continuar a conversa ou não. Esta avaliação imediata do somos pelo que fazemos é altamente redutora e é, em grande parte, a grande razão por que demoramos mais tempo a encontrar a nossa própria definição de sucesso.

No presente tempo, toda a mensagem que nos é passada é que podemos ser tudo, fazer tudo e conseguir o que quisermos. Os grandes líderes, criadores de grandes marcas, génios dos negócios, vestem como nós, comem como nós, falam connosco pelas redes sociais, mostrando que, em tempos, tiveram uma existência tão banal como a nossa, mas que ultrapassaram o comum e são, agora, o topo da hierarquia social. Como tal, se não conseguimos fazer o mesmo, o problema é nosso e unicamente da nossa incapacidade para chegar lá.

A verdade, no entanto, é que, mesmo que usemos a mesma roupa, tenhamos famílias semelhantes, tenhamos estudado nas mesmas escolas, nós não somos iguais. Nem nunca seremos. Há toda uma série de condicionantes que interferem na nossa vida e a probabilidade de sermos o próximo Steve Jobs é ínfima.

Isso não quer dizer que não tentemos alcançar o que mais desejamos. Mas, para tal, talvez seja importante criarmos a nossa própria definição de sucesso e assumirmos exatamente o que queremos para a nossa vida. Isso implicará, talvez, o luto de alguns ideais, mas, no limite, um maior autoconhecimento. Se o fizermos numa idade mais adulta, onde já nos apercebemos como funciona a sociedade próxima onde nos inserimos, essa noção facilita a resposta a algumas perguntas, como:

  • Quais são os meus valores?
  • Que estilo de vida quero viver?
  • Que relacionamentos pessoais são importantes para mim?
  • O que é que eu quero alcançar a nível profissional e o que estou disposto a abdicar para isso?
  • De que forma podem os meus propósitos ajudar o mundo onde me insiro?

Lembro-me de quando iniciei o meu negócio ter encontrado uma definição de sucesso que se encaixava no que estava a viver. Basicamente era gostar do que se fazia e ser livre de tomar as minhas decisões. Hoje em dia, para além disto, procuro uma existência profissional que me dê tempo para estar com os meus. Gostava de parar o tempo e ter as pessoas que tenho hoje, sempre comigo.

Ninguém tem sucesso em tudo e ninguém tem sucesso sempre. Por trás de uma pessoa que será o nosso exemplo de bem-sucedida está alguém que falhou muitas vezes ou, até, nem tem como objetivo o que mais admiramos nela. Avaliamos os outros como somos avaliados e menos como gostávamos de ser vistos.

Talvez possamos mudar a pergunta “o que faz na vida?” para “o que mais gosta de fazer na vida?”. Uma pequena mudança que, com toda a certeza tornará as conversas mais interessantes e a nossa presença mais marcante, quem sabe inesquecível. Um sucesso, portanto!

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos de Inês Brandão.

Publicado a 29 Fevereiro 2024

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