Num momento particularmente feliz para Portugal e Lisboa, onde se realiza a Web Summit, com uma adesão estrondosa de 53 mil participantes, é de enaltecer a importância da Venture Summit, onde se cruzam mais de 700 investidores e empreendedores num momento único de troca de experiências e reflexões sobre novas oportunidades de negócio, havendo a expectativa de que muitas start ups consigam florescer.
É, por isso, o momento de olharmos para o desempenho mundial das start ups, a par da performance das empresas superstar, que dominam a economia mundial.
Na verdade, apesar do lançamento de inúmeras oportunidades de novos negócios, assiste-se a um crescimento acentuado do poder das grandes empresas à escala global. Nestas superpotências empresariais encontramos empresas antigas (General Electric), outras que emergiram de novos mercados (Samsung) e outras ainda que representam a elite no novo mundo da tecnologia (Google, Apple ou Facebook).
Para se ter uma ideia desta realidade, veja-se que as top 100 americanas cresceram 46% nos últimos anos e os 5 maiores bancos mundiais arrecadam mais de 45% dos activos que circulam no globo. A capitalização bolsista das 10 maiores empresas norte americanas representam 10% do PIB americano e 47% do PIB japonês. Adicionalmente, um recente estudo da Mckinsey, refere que 10% das empresas do globo, geram 80% dos lucros a nível mundial.
Por outro lado, se compararmos os dados de 2006 com 2016, relativamente às 10 maiores empresas mundiais, verificamos a seguinte mudança de paradigma:
Número de empresas no top 10 mundiais
Sector |
2006 |
2016 |
Energia |
4 |
1 (Exxon) |
Tecnologia |
1 (Microsoft) |
5 |
Banca |
3 |
1 |
O traço comum da estratégia destas superpotências empresariais tem sido aliar a capacidade de superar as vantagens de se ser líder de mercado com as virtudes do empreendedorismo de outros, para além de criarem fortes defesas face à concorrência, patenteando todo o tipo de formato de negócio.
Todas elas buscam incessantemente empresas de média dimensão que souberam aproveitar oportunidades de mercado, inovando e criando valor, mas que posteriormente tiveram dificuldade em competir sozinhas, porque não resistem ao esmagamento de margens provocado pelas empresas gigantes e lhes faltam escala para abraçar grandes projectos.
Por esse facto são adquiridas pelas empresas gigantes, que assim conseguem superar a lentidão do crescimento de mercados e optimizam o investimento no lançamento de novas áreas de negócio, associando empresas bem-sucedidas ao seu portfolio de negócios.
Os registos demonstram que as operações de fusão e aquisição duplicaram nos últimos 20 anos e que, em 2015, atingiram o número surpreendente de 30.000 casos (sobretudo de start ups bem-sucedidas), representando em termos de volume de negócios 3% do PIB mundial.
Foi assim que o Facebook adquiriu o WhatsApp por 17,4 mil milhões de euros, o Snapchat por cerce de 40 mil milhões de euros, o Instagram por 765 milhões de euros ou ainda a plataforma tecnológica que altera os rostos das selfies, MSQRD.
Foi assim que a Amazon comprou a Twitch, uma plataforma de jogos de vídeo por 970 milhões de dólares, a Zappos, empresa que vende sapatos online, por 928 milhões de dólares, a Kiva Systems, que opera com robots, por 775 milhões de dólares, a Exchange.com, plataforma de livros online, por 645 milhões de dólares ou ainda o retalhista online Quidsi, por 545 milhões de dólares. Também foi assim que a Google comprou o Youtube por 1,3 mil milhões de euros.
Enfim, pode parecer surpreendente, mas apesar de haver menos barreiras tecnológicas à criação de novas empresas, a verdade é que há mais empresas a desaparecer do que start ups a serem criadas.
Assim, todas as novas oportunidades de negócio que possam emergir desta Lisbon Web Summit que forem bem-sucedidas, serão as que conhecerão um crescimento tal que suscitem o apetite insaciável de todos os tubarões que, cada vez mais, comandam a vida empresarial e consequentemente a economia mundial .
Livro Recomendado
Build to Last, Jim Collins, Jerry Porras