Seis graus de separação

Existe uma teoria — denominada “seis graus de separação” — que defende a ideia de que bastam seis pessoas ou menos para conseguirmos chegar a qualquer outro indivíduo no mundo. O assunto foi levantado, em 1929, por Frigyes Karinthy (jornalista, escritor e comediante húngaro), mas foi mais tarde, nos anos 1960, que ganhou força. O psicólogo da Universidade de Harvard, Stanley Milgram, foi responsável pelo estudo científico — depois chamado de Small World Problem — em que afirmava que seriam necessários, no máximo, seis laços de amizade para que duas pessoas estivessem ligadas no mundo.

Ora façam lá o vosso teste e tentem chegar à Rainha de Inglaterra. Eu conseguiria em apenas três graus de separação, não era muito difícil!

Acontece-me, recorrentemente, precisar de informação sobre um qualquer assunto, tirar uma dúvida, procurar um dado de um mercado, e não me custa mais do que contactar uma ou duas pessoas para ter a resposta certa. Então agora, com as redes sociais à distância de um clique, tornou-se ainda mais fácil.

 

O poder dos contactos

Depois é a idade e a minha vida profissional. A vida comercial, especialmente numa área masculina e sendo eu mulher, facilita o facto de eu ser conhecida e reconhecida. É fácil lembrarem-se de mim, pois eu era, até há uns anos, um dos poucos elementos femininos da indústria.

Finalmente, durante a faculdade, pertenci a uma organização sem fins lucrativos na área da música e da cultura (o Orfeão Universitário do Porto) que me deu acesso a centenas de contactos que hoje se espalham, literalmente, pelo mundo todo. Se precisam de alguém num país, é certo e sabido que algum orfeonista estará lá. E se eu sou orfeonista e essa pessoa também, então é garantido que nos vamos dar bem e fazer por nos ajudarmos.

Se isto acontece com todas as nacionalidades? Penso que não. O facto de ser portuguesa, ter nascido num país em que, se pensarmos bem, somos todos primos dos primos, ajuda. Somos “só dez milhões”. E o nosso espírito solidário para ajudar, desenrascar, apoiar um compatriota, principalmente se for para fazer boa figura perante outras nacionalidades, é uma realidade que tenho sentido muitas vezes.

A teoria dos seis graus de separação, versão lusitana, poderia facilmente ser reduzida a dois, máximo três. Pois é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa. E esta é, talvez, das coisas melhores de ter nascido e crescido em Portugal.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos da autora aqui

Publicado a 19 Janeiro 2022

Partilhar Artigo

Parceiros Premium
Parceiros