Se não as vences…

Os temas da igualdade, diversidade, equidade e inclusão chegaram e ficaram. Em toda a sociedade, nos negócios, nas famílias e no mundo que nos rodeia, existem valores que, por muito que sejam desconfortáveis ou incompreendidos, já não regressarão onde estavam antes. Deixaram de estar escondidos, quem os defende não se cala e faz escolhas com base na opção dos seus intervenientes.

Se alguns temas ainda serão mais vulneráveis na sua interpretação, o tema da igualdade de género já não deveria levantar dúvidas nem desconforto. Muito menos com pessoas em cargos de liderança e decisão.

Mas, a verdade é que não é bem assim. Há uns tempos conversava com um líder de uma organização multinacional, com fábricas por todo o mundo, e, querendo perceber melhor a cultura da empresa, perguntei quantas mulheres em cargos médios ou superiores tinham. Fiquei surpreendida com a estranheza que a pergunta causou e, principalmente, com a resposta, vaga, superficial e, curiosamente, defensiva: escolhemos as pessoas com base na sua experiência e conhecimento e não com base no seu género. Não há dúvida de que foi uma forma de contestar correta e que assim deve ser, mas pergunto-me como uma organização com gente no mundo todo, com uma faturação de muitos milhões, não conseguiu arranjar mulheres para a sua lista de liderança – na sua página são todos homens.

Não pensem que estes são casos únicos. Se abrirem as páginas web de grandes e pequenas corporações, em todas as indústrias, por esse mundo fora, e se clicarem onde estão apresentados os seus diretores, em muitas vão encontrar só homens ou com muito poucas mulheres. Algumas delas estarão a tentar, verdadeiramente, contrariar essa tendência, outras estarão a fazê-lo apenas porque são obrigadas e, muitas, mesmo muitas, parece-lhes um não assunto. Como a que falava comigo.

Mas não é. Até porque o sexo feminino chegou em força aos mercados todos, a todas as funções e vai escolher. E quando escolher, também vai ter em conta onde poderá crescer em termos de carreira, onde encontra pessoas com quem se identifica e mentores que as puxem. E quando isso acontecer, as empresas que não quiseram ver o que lhes estava a passar em frente aos olhos, vão perder ativos importantes e capazes.

Eu, mulher, e assistindo a mercados que transmitem os seus princípios com base na sustentabilidade, mas também na igualdade de género, diversidade e evolução social (e que escolhem os seus parceiros com base nisso), pergunto-me o que passará a estas organizações que parecem não querer ver o que está a acontecer?

Não vão conseguir vencer-nos. Mais vale juntarem-se a nós.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos de Inês Brandão.

Publicado a 06 Junho 2024

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