Santiago de Compostela

Para muitos, Santiago de Compostela é o fim do caminho. Para mim, foi apenas o início.

Cheguei a Santiago em Outubro de 2012 e, em vez das botas de peregrino, trouxe comigo cadernos e livros. Foi aqui que fiz a maior parte do meu doutoramento. Lembro-me de que esse foi o pior inverno de sempre e que choveram 60 dias seguidos. Aqui, mais do que aprender a formular medicamentos, aprendi a dançar com a chuva!

Naquela altura, ainda não sabia onde é que este caminho ia dar, mas tinha a certeza de que era aqui que tinha que estar. Deixei Santiago em Maio de 2016. Comigo, levei uma tese de doutoramento e amigos que ficaram para a vida.

Ao longo dos anos fui voltando, sempre por um dia ou outro, numa paragem demasiado rápida. Este verão decidi alongar-me e passar três dias na cidade. Comigo, veio o meu filho Frederico de 4 meses, naquela que foi a sua primeira viagem de férias. A vida muda, mas as ruas ficam no mesmo sitio. Troca-se a noite de farra pelo “cafe con leche” e, entre “tortillas” e “zamburriñas” recordo os lugares por onde fui crescendo. Como pessoa e investigadora.

As cidades que são uma passagem na nossa vida têm este dom: quando as deixamos já não somos os mesmos que éramos quando aqui chegámos. E, quando voltamos, também não.

Santiago, fará sempre parte do meu caminho. E por muitas vezes que vá, sei que irei sempre voltar.

 

Ana Cadete @ncscientist é cientista em Boston. Doutorada em Nanomedicina e Inovação Farmacêutica, foi viver para os EUA em 2016 para fazer o seu postdoc no MIT. É atualmente Project Leader na área de produção de vacinas de RNA mensageiro no mRNA Center of Excellence da Sanofi e a fundadora da The Non-Conformist Scientist (NCS), uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivos partilhar conhecimento científico a nível global, impulsionar a carreira dos cientistas e motivar mais mulheres na ciência a serem líderes. 

 

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Publicado a 05 Julho 2024

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