Os Beatles – talento e trabalho

Estive, recentemente, em Liverpool, cidade portuária, que no início do século XX era considerada a mais rica do Reino Unido. Pela sua posição geográfica, pelo seu porto, por onde entravam todas as novidades, as riquezas. Também por isso, foi a que sofreu mais com as Guerras e a Depressão no século passado, a que foi mais atacada pelos alemães, das que mais empobreceu, tornando-se (pelo menos até à década de 1980) o local com mais desemprego e pobreza de Inglaterra. Mas, como dizia, pela particularidade de ser a porta de entrada de imensos barcos de mercadorias de todas as partes do mundo, foi por ali que chegaram os primeiros discos e músicas de rock na década de 1950. E, talvez por isso (quase de certeza) é que ali nasceram os Beatles. Com pouco mais de 16 anos, Paul McCartney e John Lennon conheceram-se nas traseiras de uma igreja. Mais tarde, juntou-se o George Harrison e, só depois, a substituir o primeiro baterista da banda, é que surge o Ringo Starr.

Quase todos eram descendentes de famílias de classe baixa (talvez o Paul McCartney fosse de classe média), agarraram-se à música e fizeram disso profissão.

Tocavam, no início da década de 1960, com apenas 20 anos, 8 a 10 horas ao vivo no The Cavern, bar no centro de Liverpool. Era possível vê-los a qualquer hora, as empregadas das lojas almoçavam no pub e foram as suas primeiras groupies. Quando passaram uma temporada em Hamburgo, foi para tocarem num bar desta cidade, também portuária, durante 8 horas por dia.

Viram na música uma oportunidade de melhorar a sua vida. Conheceram-se bem. Perceberam onde cada um era bom. Puxaram uns pelos outros. E fartaram-se de tocar. Muito. Muitas horas. Ao ponto de nem precisarem de olhar uns para os outros para entender o que cada um pensava.

Talvez tenha sido este o segredo da criação, para muitos, da maior banda do mundo: necessidade de ganhar dinheiro, muito trabalho e muito treino em equipa.

Tornar-se-iam eles, os Beatles, como os conhecemos, se fossem privilegiados e não se dedicassem à profissão tão insistentemente e durante tantas horas diárias?

Juntou-se o talento com o trabalho.

Acredito que seja esse o segredo do sucesso. Não chega um, sem o outro.

Porque, como já dizia Tiger Woods: “quanto mais treino, mais sorte tenho”.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos da autora aqui

Publicado a 10 Novembro 2022

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