O Marketing conhece o ChatGPT?

Há muito que a inteligência artificial chegou às áreas de marketing. No desenvolvimento tecnológico de produtos, na segmentação de mercado através da leitura das preferências dos consumidores, na identificação do feed de notícias que preenchem as redes sociais ou na definição de algoritmos que ajudem a projetar um plano de mídia eficaz.

Todavia, se projetarmos o que está para chegar, tudo isto parece ser apenas o preâmbulo de uma história que tem como título “O ChatGPT no Marketing”. Uma história na qual a inteligência artificial “falará” com clientes.

Este chatbot, que foi desenvolvido através de modelos inovadores de aprendizagem da linguagem, tem a potencialidade de poder fornecer uma experiência totalmente customizada, profunda, bem estruturadas e, sobretudo, intuitiva. No fundo, tem a capacidade para se constituir como uma excelente experiência no apoio ao cliente.

Dizer que é um modelo de conversação é não perceber o seu alcance e a sua versatilidade. Desde a capacidade criativa para escrever poemas, peças jornalísticas ou romances, compor música, emparceirar connosco em jogos ou até escrever programas informáticos, o ChatGPT tem a ambição de passar a ser um “amigo” que está sempre disponível para o que for preciso, pese o rol adensado de críticas, assentes em conteúdos básicos ou polémicos que têm a veleidade de se intrometerem com a criatividade humana, competindo com ela.

As suas implicações na vida das empresas, e do marketing em particular, é um tema que merece reflexão, não apenas pelo seu potencial, mas também pelo impacto que pode gerar na definição de uma estratégia de marketing. E isso está totalmente dependente da forma como o encaramos e lidamos com ele. O principal erro consiste em encará-lo como mais um gadget entusiasmante que nos substitui, interpretando e definindo a estratégia de marketing da empresa.

Antes disso, há uma questão prospetiva que nos deve fazer refletir: até onde o ChatGPT é um substituto natural dos profissionais dos departamentos de marketing, tornando-os num mero interface virtual com o mercado? Se é verdade que a tecnologia inteligente caminha no sentido de prescindirmos das tarefas rotineiras, a verdade é que ainda não entende a nossa vontade, cultura e forma de estar numa organização multidisciplinar, onde há múltiplos seres pensantes que ora convergem, complementam ou conflituam uns com os outros. Nesse sentido, ainda não estão habilitados a conceber uma estratégia de marketing “de pacote”.

Assim, sendo a primeira questão que deve ser discutida no âmbito do marketing de qualquer organização é perceber até que ponto esta ferramenta poderá ser útil, credível e eficaz no cumprimento dos objetivos, bem como na criação de valor para os clientes, ao longo dos diversos momentos de verdade (na pesquisa, análise, preparação, criação de conteúdos e, eventualmente, na tomada de decisão).

O tempo dirá da bondade e utilidade desta tecnologia, medida pelo benefício em eficácia operacional, sinergias, reforço da qualidade percebida e, consequentemente, da rentabilidade do negócio. Essa abordagem estratégica poderá revelar-se muito útil, sempre e desde que o mercado a acolha. As métricas de satisfação, retenção, valor do cliente e competitividade serão o espelho dessa realidade. Nessa altura, saberemos todos se se tratou de um recurso valioso ou de uma efémera brincadeira tecnológica.

 

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Publicado a 22 Fevereiro 2023

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