Não há volta atrás

No final do ano, surgiu uma publicação que apresentava ideias para o futuro de duas dezenas de personalidades. A capa trazia as suas fotografias – só homens. Mas nem é nisso que me quero focar, porque o que me ficou foi a reação a este acontecimento. A forma como se reagiu a este facto foi, para mim, maravilhosa.

Tirando um ou outro comentário que chamava a si o editorial — este explicava que tinham falado com mulheres, mas todas tinham dito que não — a indignação foi quase geral, e veio tanto de mulheres como de homens. Mas mesmo que peguemos no argumento que coloca, uma vez mais, a culpa desta desigualdade nas mulheres (“elas é que não quiseram!”), eu até isso vejo noutra perspetiva: se eram 14 homens na capa, imagino que terão convidado trinta para metade ter dito que sim? Ora, se trinta (ou cinquenta, acreditando que se fez um esforço para obter uma resposta positiva!), mulheres disseram que não queriam participar, isso dirá mais da publicação do que do género feminino per se.

A verdade é que a opinião ao artigo ser composto só por homens foi quase unânime: “não se compreende”, “que tiro no pé”, “perdeu-se uma excelente oportunidade”, “como é possível?”, “mas isto ainda acontece nos tempos que correm?”. As pessoas olharam para a capa e estranharam. Finalmente, vivemos numa sociedade onde a diversidade é essencial, onde não se aceita que a mulher não tenha um papel, uma presença, uma voz. Onde se reclama, se indigna, se verbaliza a falta que fazem. O mundo é constituído por homens, mulheres, etnias, origens, classes sociais, línguas, gostos e preferências, e todos querem sentir-se representados nos governos, nos jornais, nas empresas, nos produtos que existem, na sociedade em geral. Uma organização que trabalhe para criar esta representatividade e um ambiente que acolha a todos é uma organização que sobreviverá mais facilmente.

O caminho da diversidade já não tem volta, e quem não optar por ele vai-se perder. Aproveitem enquanto ainda existe indignação, sinais, luzes vermelhas e vos chamam a atenção, tentando colocar-vos na estrada certa. Não faltará muito para a sociedade vos deixar sozinhos em percursos que só vos poderão levar a um beco sem saída.

Um bom ano, com muita diversidade!

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos da autora aqui

 

Publicado a 06 Janeiro 2022

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