O Marketing e o ponto de origem: muda o Oceano!

Sempre nos habituámos a olhar para o mapa mundo com a Europa e África ao centro, América à esquerda e Ásia à direita.

Todavia, no mundo empresarial, o centro do mundo está a mudar! Se o eixo Transatlântico constituiu até agora o espaço que dividiu as duas principais potências mundiais (Estados Unidos e Europa), observamos que o mesmo se desloca para o Pacífico e, sobretudo, por causa de dois países que lutam em todas as frentes dos mercados: capacidade produtiva, poder económico-financeiro e…… marketing. São eles os Estados Unidos e China, que representam actualmente as duas maiores economias mundiais.

O presidente chinês Xi Jinping está decidido a ocupar o papel de principal protagonista no mercado global e anunciou a meta de transformar o país “num líder global em termos de fortaleza nacional e a influência internacional” até 2050.

Comecemos pela Capacidade Produtiva. Não é sequer tema controverso que o grande volume da produção se tem deslocado cada vez mais para Oriente, por razões que se prendem com o baixo custo da mão de obra, além das economias de escala na produção e distribuição. Cresceu a uma média de 10% ao ano nos últimos 25 anos. Têm como clientes as grandes marcas que operam a nível global e, por exemplo, produz mais aço do que todo o resto do mundo junto.

Olhemos para o Poder Económico-Financeiro onde se torna evidente e deslocação do centro do financiamento das economias mundiais. Dos 5 maiores bancos mundiais, 4 são chineses (Industrial and Commercial Bank of China, China Construction Bank, Agricultural Bank of China e Bank of China), só dando espaço a um banco norte-americano (JP Morgan Chase & Co) no 4º lugar.

Finalmente, o Marketing! Seria impensável que uma marca chinesa ombreasse com as suas rivais mundiais até há bem pouco tempo atrás. Aquilo que faltava à China para dominar o mundo económico (27.º lugar no fórum da competitividade) reside na propriedade intelectual ou no domínio das patentes ou marcas. Começa a deixar de ser assim! Nas 100 maiores marcas mundiais, segundo a Interbrand, já se encontram a Huawei e a Lenovo, mas em termos de goodwill, é no domínio tecnológico que se verificam os principais resultados.

Em termos de capitalização bolsista, das 6 maiores tecnológicas mundiais, lideradas pela Apple, encontram-se as chinesas Tencent e a Alibaba, sendo os outros players a Alphabet (Google), Amazon e Facebook. As duas marcas chinesas foram avaliadas em Março de 2018 em mais de 1.000 biliões de dólares.

Numa busca incessante pelo domínio da tecnologia do futuro, com especial esforços concentrados na Inteligência Artificial, mas incluindo a Computação Quântica, Semicondutores, Biotecnologia, Energias Renováveis ou Tecnologia Mobile 5G, a China poderá tornar-se uma cyber potência mundial a breve prazo. Afinal tem 800 milhões de utilizadores de utilizadores, a gerar Petabytes (1000 Terabytes) de informação a cada momento.

O processo de aquisição da Qualcomm pela Broadcom, avaliada em cerca de 120 mil milhões de dólares e liderado pelo malasiano Hock Tan está a suscitar enorme preocupação no mercado norte americano, pois pode vir a permitir que sejam empresas chinesas a controlar todo o mercado 5G e consequentemente a grande maioria da propriedade intelectual do mesmo.

Tal como ainda ocorre no caso da Huawei, o maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações. Embora enfrentando grande resistência no mercado norte americano a marca já deu sinais de que tem força suficiente para enfrentar essas contrariedades e chegar ao mercado global, fruto dos seus grandes investimentos em I&D, no 5G e alargamento de rede de distribuição.

Se o “novo mundo” é de quem nos conhece e não apenas de quem produz ou possui capital, a China está numa rampa que a pode levar à liderança nos 3 domínios citados. E vem reunindo as condições para atingir esse resultado, apostando nas pessoas: em 2017, o Fórum Económico Mundial registou 4,6 milhões de novos licenciados chineses nas áreas de engenharia, ciência, tecnologia e matemática, 8 vezes mais do que ocorre nos Estados Unidos.

São múltiplos os exemplos espalhados pelo mundo de marcas que não têm a força necessária para vingarem num mercado global por falta de percepção de valor do país de origem. Mas não é sempre assim. Porque as marcas não têm fronteiras.

Este é um tema muito interessante a acompanhar nos próximos tempos e que deve merecer um aprofundamento futuro. Por enquanto, vamos mudando de fuso, até nos centrarmos no Pacífico. Afinal, a Terra gira!

Publicado a 31 Março 2018

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