Marcas e Pandemia: a uns a fava, a outros a prenda!

Num ano particularmente atípico que afectou o desempenho de muitas áreas de negócio e a sobrevivência de muitas empresas, é altura de olharmos com algum detalhe para o vaivém do valor das maiores marcas mundiais. A Interbrand, grande referência mundial nesta matéria, constitui sempre um bom termómetro desta realidade.

Juntas, a Apple, Amazon e Microsoft representam 30% da totalidade das 100 maiores marcas mundiais e cresceram face a 2019 cerca de 50%

Na frente da corrida nada de muito novo relativamente a 2019. As maiores marcas mundiais já vinham demonstrando serem aquelas que mais estão relacionadas com a tecnologia, com expressão global e que detêm um conhecimento cada vez mais profundo do seu mercado e respectivos clientes. No pódio encontramos a Apple que está avaliada em cerca de 323 mil milhões de dólares, a Amazon (200mM$) e a Microsoft (166mM$). Juntas representam 30% da totalidade das 100 maiores marcas mundiais e cresceram face a 2019 cerca de 50%, permitindo pensar que este indicador crescerá nos próximos anos e que isso poderá representar a agregação de valor do negócio pela diversificação dos respectivos mercados.

A Amazon superou qualquer previsão de vendas pré-covid, tendo registado um crescimento do valor da marca na ordem dos 60%, ao mesmo tempo que a sua capitalização bolsista desde o início da pandemia (Março/20) até à data, praticamente dobrou o seu valor.

Merece particular destaque a Amazon que superou qualquer previsão de vendas pré-covid, tendo registado um crescimento do valor da marca na ordem dos 60%, ao mesmo tempo que a sua capitalização bolsista desde o início da pandemia (Março/20) até à data, praticamente dobrou o seu valor.

Dois factos dignos de registo: 1) pela primeira vez desde 2012 a Google não está presente entre as 3 marcas mundiais mais valiosas. 2) pela primeira vez a Samsung aparece no top 5 e vem crescendo de forma ininterrupta em todos os anos deste século, tendo valorizado desde essa altura cerca de 11 vezes.

Perfazem o Top 10 as marcas de sempre: aquelas que levam décadas de presença nas mais valiosas, como a Coca-Cola, Toyota, Mercedes-Benz, McDonald’s ou Disney.

Não surpreende que marcas que operam na área de social media e da comunicação, do transporte de encomendas e da facilitação dos meios de pagamento tenham registado uma evolução francamente positiva durante o ano de 2020.

Não causa surpresa que as marcas que operam na área de social media e da comunicação tenho registado uma evolução francamente positiva durante o ano de 2020 como é o caso do Instagram, YouTube ou do novo companheiro dos top 100, o nosso conhecido Zoom.

Também as marcas mais representativas do sector do entretenimento conheceram resultados extraordinários, fruto do confinamento gerado pela Covid 19. É neste contexto que encontramos a Spotify, que se valorizou 52% ou a Netflix (41%). Se o modelo freemium do Spotify conheceu taxas de conversão de free para premium como nunca, também a Netflix nos consumiu cada vez horas, dias e semanas de visualização em tempos de resguardo.

No mesmo sentido, é curioso registar que as principais marcas estão relacionadas com o transporte de encomendas e a facilitação dos meios de pagamento foram também aquelas que mais cresceram em tempo de pandemia. É neste contexto que se encontra a UPS, FedEx ou DHL, para além de Paypal, Visa e Mastercard.

Naturalmente que as marcas ligadas à moda e ao têxtil foram afectadas negativamente, fruto de ausência de consumo durante um período significativo, como é o caso da Zara, H&M e mesmo a Hermés.

53 das Top 100 são marcas norte-americanas, de onde se destacam as 4 primeiras. A Oriente vemos 11 marcas, destacando-se a Samsung e Toyota no Top 10, sendo que a única presença chinesa é a Huawei.

No que respeita a geografias, 53 das Top 100 são norte-americanas, de onde se destacam as 4 primeiras. A Oriente vemos 11 marcas, destacando-se a Samsung e Toyota no Top 10, sendo que a única presença chinesa é a Huawei.

Aqui pela Europa, tudo como dantes: a Alemanha continua a concentrar o seu forte no automóvel (Mercedes, BMW, Audi, VW e Porsche), tal como em França se destaca o luxo (Louis Vuitton, Channel, Hermés, Cartier e Dior), o mesmo acontecendo em Itália (Gucci, Ferrari e Prada). Finalmente, a Zara, que apesar de ter decrescido face ao período pandémico, continua a ser a marca espanhola mais valiosa (14,8mM$), acima do Santander.

Todos estes registos de 2020, pela primeira vez em muito tempo, trazem-nos uma nova realidade na avaliação das marcas: não é por ter tido um mau desempenho estratégico ou operacional que uma marca perde valor. Mas é por terem uma proposta de valor forte e clara, estarem orientada para clientes e gerarem confiança que ainda lá permanecem.

Um mundo estranho tomou conta dos destinos de muitos sectores e empresas, que variou do 8 ao 80. Será a resiliência da gestão das marcas e a capacidade de inovação e diferenciação que determinará o ranking de 2021. Onde provavelmente iremos encontrar mais exemplos de protagonistas a Oriente: Tencent, Baidu, Xiaomi, TikTok, Alibaba aguardam a sua vez.

Publicado a 29 Outubro 2020

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