Arroz e outros alimentos para o conhecimento

Há meia dúzia de anos recebi um convite para estudar o mercado do arroz na Europa, essencialmente em Portugal, Espanha e Itália.

Um parceiro indiano pediu-me ajuda nesse sentido e eu achei um desafio muito interessante e completamente fora da caixa, tendo em conta que o meu negócio sempre operou à volta da indústria dos plásticos e da borracha. Da área alimentar sabia pouco e pensei que podia ser um bom começo.

Como me iria exigir muito estudo, muitas viagens, muitas visitas, bastante trabalho, as pessoas ao meu redor, quando lhes contava, achavam piada ou um grande disparate. A verdade é que fiz o que achei que devia fazer, cumpri o trabalho, apresentei um estudo de mercado o mais completo possível, aprendi coisas que não fazia ideia como funcionavam, estabeleci contactos. Não vendi um kg, mas nunca achei que tinha sido em vão!

O valor e o poder do conhecimento

Recentemente, fui confrontada com algumas questões relativas à indústria do arroz. Noutro contexto, não propriamente o alimento em si, mas parte do processo e dados quanto a quantidades, locais de produção, questões logísticas. E, num minuto, consegui tirar algumas dúvidas, apresentar números do mercado (mesmo que um pouco desactualizados), mostrar que sabia sobre o assunto, que conhecia alguns dos jogadores e como funcionava o negócio. E, para além disso, quando surgiram perguntas mais elaboradas, o meu parceiro indiano respondeu de imediato às minhas mensagens, mesmo sendo já noite do lado do seu mundo. Porque o contacto, a relação e o respeito pelo trabalho e pelo esforço ficaram até hoje.

Na minha vida, tento aproveitar todas as oportunidades que me dão. Dizer “Não” a desafios é uma dificuldade minha. Acredito que possa ter despendido muito do meu tempo em assuntos que não me trouxeram riqueza a curto ou médio prazo, mas se há coisa que aprendi nestas mais de duas décadas de trabalho é que o conhecimento é o factor mais raro e valioso no qual devemos investir. O conhecimento traz valor, poder e, o melhor que tudo, aumenta à medida que é partilhado.

Neste caso específico, para além das viagens por terras maravilhosas, da visita a fábricas totalmente diferentes, do aumento dos cartões de visita e dos contactos criados, o saber também contou. O investimento feito em conhecimento aproveita-se. Sempre. Partilha-se. E cresce. Assim como o arroz, grão a grão, enche-se um prato que alimenta muita gente.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos da autora aqui

Publicado a 17 Fevereiro 2022

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