Pode parecer uma nova moda, mais uma para o já vasto currículo de dietas e manias alimentares. Mas as autoras deste livro – Patrizia Collard e Helen Stephenson – professora de Psicologia e professora de Mindfulness e especialista em compulsões alimentares, respetivamente, avisam logo nas primeiras páginas que “este não é mais um livro de dietas!”. Pelo contrário, este livro ajuda a fugir dos chamados “gurus das dietas”, ensina a comer de uma maneira mais consciente, a comer menos e a ficar satisfeita, a sair de hábitos alimentares destrutivos e a comer “sem culpa e sem vergonha”.
O termo mindfulness (atenção plena) é essencial na prática budista mas está cada vez mais presente na Psiquiatria e na Psicologia para aliviar uma variedade de condições físicas e mentais, como o transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade, prevenção de recaídas na depressão e na dependência de drogas. E tem ganho popularidade no mundo inteiro como um método de excelência para lidar com as emoções. É sabido que estas e a alimentação vivem em dupla em muitas de nós. O Mindfulness aplicado à alimentação permite uma reeducação da relação com os alimentos e, consequentemente, umas “visitas ao espelho” mais pacificadoras e até mesmo “empáticas”. Desde que se coma mindful. Conheça as regras retiradas do livro Alimentação Plena e retire todos os benefícios do mindfullness na sua dieta.
1 – Prestar atenção ao corpo
Tirar um momento para refletir nas verdadeiras necessidades físicas antes de encher o prato ou abrir mais um pacote de bolachas e pensar “será que tenho mesmo fome? Que quantidade de fome tenho de facto?”. Só depois de conscientemente respondidas estas questões se deve servir de comida suficiente para alimentar o corpo e não os caprichos da mente.
2 – Usar pratos mais pequenos e porções menores
Estudos mostraram que o grau de satisfação está ligado às porções colocadas no prato. Um prato pequeno apinhado de comida satisfaz mais do que um prato grande com uma porção pequena, mesmo que a quantidade do prato menor seja inferior à do prato maior.
Não coma por obrigação. Se no restaurante sobrar comida, peça para levar para casa
3 – Ter mente aberta quando se come fora
Não cair no engodo dos menus dos restaurantes que são feitos para encorajarem os clientes a comer – e gastar – mais. Não é obrigatório comer entrada, prato principal e sobremesa. Por que não comer apenas entradas? E mesmo assim, se sobrar comida, não deve recear pedir para levar para casa, defendem as autoras.
4 – Não colocar toda a comida na mesa
Em casa os pratos devem ser servidos diretamente da panela para o prato. O facto de a comida estar na mesa, mesmo à frente do nariz, faz com que se ceda mais facilmente aos caprichos da mente e que se coma mais rapidamente. Pensa-se que este tipo de comportamento esteja enraizado numa espécie de modo de sobrevivência milenar, quando nunca se sabia de onde viria a refeição seguinte.
5 – As horas das refeições são apenas para comer
O tamanho das porções está diretamente ligado com a forma como comemos. Se estivermos sentados, sem distrações, é provável que não consigamos comer toda a caixa de chocolates que está à nossa frente. Mas a mesma caixa pode ser devorada enquanto se vê um filme. Porquê? Porque não havendo distrações há mais consciência dos níveis reais de fome.
6 – Aprender quais as porções certas
Importante é perceber a que correspondem as porções recomendadas. Assim, um copo de qualquer coisa é do tamanho de uma bola de ténis, 85g de carne corresponde aproximadamente ao diâmetro de um baralho de cartas, tal como 30g de queijo é igual a uma peça de dominó. Estas dicas visuais ajudam muito na altura de servir o prato e evita ter de se pesar constantemente a comida.
7- Comer pouco e várias vezes
Exagerar nas refeições não impedirá a fome mais tarde. O corpo não funciona assim. Tudo o que se come a mais em cada refeição contribui de forma drástica para aumentar e desestabilizar os níveis de açúcar no sangue e procurar o pacote de bolachas mais próximo. Logo, é importante manter os níveis de açúcar estabilizados comendo pouco e várias vezes ao dia.
Não confunda fome com sede. E o ideal é beber um grande copo de água antes de cada refeição
8 – Escolher a salada como entrada
Muita fome à mesa fará com que se coma tudo o que aparecer pela frente mas para evitar essa situação o melhor é começar a refeição com uma salada ou algo que sacie, mas que não encha o organismo de comida desnecessária.
9 – Beber um copo de água antes de cada refeição
A fome e a sede confundem-se e na verdade é de água que o nosso organismo precisa mais. Mas estes sinais são confundidos com a necessidade de comer. Assim, deve-se beber um grande copo de água 10 a 15 minutos antes de cada refeição.
10 – Inteligência nas compras
Perante uma boa promoção no supermercado a tendência é para comprar, mas sabendo-se como funciona a mente humana, além de se comprar a mais também se tende a comer a mais aquilo que se compra. Por isso é preferível comprar porções mais pequenas de produtos, mais frescos, “do dia”. Pode não ser financeiramente tão bom mas quando se pesam outros custos (físicos, mentais e emocionais) o saldo é claramente mais positivo.
Como usar o livro Alimentação Plena – a dieta mindfulness
Treinar a atenção plena permite descobrir uma nova forma de gerir a relação com a comida e perder peso sem ansiedade.
Em cada capítulo deste livro as autoras exploraram as diferentes influências e fatores que ajudam a comer de forma mindful. No final de cada um encontram-se receitas que encorajam a experimentação e que nos vão introduzindo nesta forma de comer. Na rúbrica “Estejam Atentos” há dicas e sugestões e o livro tem também um espaço tipo diário onde se pode anotar tudo o que se come e ainda um plano alimentar mindful para um mês. Há medida que se vai avançando podem-se aplicar as lições aprendidas e contar os Pontos de Consciência que se vão ganhando a cada receita. São desafios saudáveis.
O livro promete ensinar a comer sem culpa, a ficar satisfeita comendo menos, a ligar o corpo e os sentidos, a estar consciente de emoções e sentimentos negativos, a aprender a confiar na intuição.