Decorreu ontem, 24 novembro, na Católica-Lisbon a entrega do Women Entrepreneurship Award, iniciativa criada pelo CTIE (Católica-Lisbon Center for Technological Innovation & Entrepreneurship) para “dar visibilidade às mulheres empreendedoras com sucesso, por forma a criar role models para as gerações futuras e para inspirá-las a tornarem-se, também elas, empreendedoras”, como refere Céline Abecassis-Moedas, fundadora e Diretora Académica do CTIE.
A cerimónia reuniu numa mesa redonda as quatro vencedoras do prémio, Joana Rafael, da Sensei (edição 2019), e Marta Palmeiro, da StudentFinance (edição 2020), Joana Paiva, da iLof, e Sónia Ferreira, da Besthealth4you (edição de 2021), para conversarem sobre os desafios do empreendedorismo feminino. Deixamos as quatro ideias-chave desta conversa.
Se tiverem uma ideia devem expô-la a quem a possa apoiar para chegar ao mercado
Este foi o testemunho de Joana Paiva, que teve a ideia de lançar a iLof quando estava na carreira académica. O seu sonho era ser investigadora com o seu próprio centro de investigação até que descobriu que afinal o que realmente queria era apresentar soluções inovadoras ao mercado. E a sua primeira ideia já está a ser usada: ajudar a escolher os medicamentos mais indicados para cada doente através de uma análise do sangue. Hoje sabe que a ideia só saiu do papel porque foi procurar apoios para a pôr em prática e garantiu, em 2019, um investimento de dois milhões de euros no concurso europeu EIT Health, promovido pela Comissão Europeia, e mais recentemente também da Microsoft Ventures e do fundo Mayfield.
O networking é muito importante e não devem ter medo de falar com quem quer seja, pois as surpresas acontecem
Joana Rafael escolheu este conselho porque a Sensei ganhou forma depois ter ido a uma reunião com a aceleradora americana Techstars com os seus futuros sócios, sem sequer terem pensado muito no assunto. Até aí os quatro fundadores tinham a ideia de transformar as lojas físicas em lojas autónomas, através da utilização de tecnologia, mas não estavam a conseguir passar da ideia aos atos. A verdade é que ao entrarem no programa de aceleração da Techstars, formalizaram a empresa, conquistaram o primeiro investimento de 120 mil euros e a partir daí tem sido sempre a crescer — já contam com 6 milhões de investimento.
Arrisquem, vão com tudo e deem o vosso melhor
Para Sónia Ferreira, a CEO da Besthealth4you e a única das quatro empreendedoras presentes que não tem sócios, nem investimento, as mulheres têm medo de arriscar porque receiam ser julgadas. “Mas se há altura de arriscar é quando se sai da faculdade”, disse para as alunas que assistiram à cerimónia, “se não correr bem, não faz mal, será sempre uma aprendizagem que depois podem usar a trabalhar numa empresa”. A sua empresa, que desenvolveu um material adesivo, que não usa qualquer tipo de cola, baseado em nanotecnologias para evitar dermatites na pele, nasceu para resolver o problema de uma familiar a quem o uso continuado de dispositivos médicos na pele provocava feridas.
Não fiquem à espera do momento certo para ter filhos porque ele não vai chegar
Marta Palmeiro já tinha uma carreira de dez anos na banca, quando cofundou a StudentFinance, empresa que procura eliminar as barreiras à educação e reskilling, apoiando a aquisição de competências através do financiamento de programas de educação, que serão depois “pagos” pelos estudantes quando conseguirem um emprego que os remunere acima do salário mínimo. Com três filhas sabe do que fala e é o exemplo de que elas não a impediram de concretizar o seu projeto. “Nós mulheres criamos mais barreiras do que as que existem na realidade”, apontou Marta Palmeiro, “porque ter um filho não te diminui a responsabilidade que já tens, tudo é gerível”.
.