Ana Rita Clara conseguiu, em menos de um ano, que o seu movimento criativo “Change It” evoluisse do zero para um ritmo semanal, e que tivesse feito parte do NOS Alive no passado sábado. “Foi a primeira vez que um festival de arte e música recebeu um evento desta natureza”, diz com orgulho a apresentadora. Conversámos com Ana Rita sobre estes encontros, que pretendem “aproximar as mentes do momento com aqueles que procuram novos modelos de pensamento”. A ideia é descentralizá-los e internacionalizá-los.
O que se pretende com estes encontros criativos? Pretende-se dialogar e partilhar com os convidados presentes (das mais diversas áreas), ideias diferenciadoras, novos projetos, parcerias, e perspetivas que revelem novas possibilidades, caminhos, estratégias e rumos de vida. Sobre e para a mudança. Falaremos sobre realidades díspares, encontros de vida, projetos reais, start-ups criativas e inovadoras, e empreendedorismo. Queremos inspirar.
O que é ao certo o “Change It”? É um movimento de intervenção artística e cultural promovido através de encontros criativos, à volta de um pequeno almoço, que instigam, que provocam, e que alimentam a mudança. À volta de um pequeno almoço é possível mudar perspetivas, delinear novas estratégias empresariais e de vida, criar novas redes e laços, criar um networking empreendedor. Estes encontros começam com um tema inspirador, que funciona como um chamamento para que as pessoas se juntem a esta nossa comunidade. E para que sejam realmente inspiradas e contagiadas pelos assuntos em debate, pelos determinados pontos de vista, e onde encontrem soluções efetivas e sólidas. A conversa é alimentada por personalidades convidadas, das mais diversas áreas, que são os changers. E de repente, estes encontros transformam-se em momentos criativos onde as pessoas se misturam, partilham, conversam e eu dinamizo essa mistura, sou a facilitadora dessa interação.
Como escolhe os changers? São personalidades únicas e inspiradoras, com um ponto de vista que não é convencional, que não é partidário, tradicional, que não tem a espinha dorsal formatada. Efetivamente, os changers são completamente disruptivos. São pessoas que partilham as suas experiências de vida e as razões de mudança. Dessa mistura de partilhas surge este encontro, que de repente se alarga a todas os presentes e que não é uma conferência, não é um workshop, não é um monólogo, mas sim um encontro criativo onde todos são convidados a contar as suas histórias e a partihar. Todos os changers são surpreendentes e inspiradores, cresço sempre um pouco mais com eles. Crescemos todos. E todos nós somos potenciais changers.
O último evento realizou-se num espaço diferente, como o NOS Alive. O “Change It” começa a ser visto de outra forma? O “Change It” tem vindo a crescer e tem aumentado o número de inscritos, de encontros, e a estrutura tem ganhado outra força e outras ligações. O evento está a criar um corpo muito sólido e a ganhar o seu espaço. Pela primeira vez em Portugal e na Europa, um encontro criativo como o “Change It” inseriu-se num festival de música e arte urbana que é só o festival mais procurado do país. Isto por si só já demonstra a disponibilidade e a credibilidade dadas pela organização do NOS Alive ao projeto. E é também uma forma de percebermos que os eventos culturais de música e de arte também podem ser excelentes palcos para outras formas de criatividade.
Onde se inspirou para o criar? Não há em lado nenhum um evento com estas características, nem em Portugal, nem na Europa, e arrisco mesmo a dizer que nem no mundo. Com estas características, não. O “Change It” já é uma marca registada por mim.
O movimento tem tido uma excelente adesão. Até onde gostava de chegar? Queremos levar a mudança a todos os perfis, a todas as pessoas e idades. O Change It tem um lado muito ativista e ideológico mas também tem um lado pragmático e muito real. Interessa-me que as pessoas se sintam inspiradas, mas que percebam que nós fazemos um trabalho sólido, estruturado, com parcerias sólidas, com mentores fabulosos que dão orientações específicas.
A partir de setembro o “Change It” entrará numa nova fase. O crescimento é feroz, com ligações internacionais, formação, com mais desafios. Por exemplo, estamos à procura do challange da literatura e os candidatos terão um mentor muito especial, o escritor José Luis Peixoto.
Qual o lugar da formação no movimento “Change It”? Continuar a possibilitar transformações reais nas vidas dos outros. Já anunciamos o nosso Atelier para a Criatividade, com um conceito inovador de formação, de “Learning by Feeling”. Será uma formação, a começar em setembro, com uma vertente importantíssima que é a da possibilidade de as pessoas terem um workshop quase à medida. É crucial a formação evolui para uma ideologia personalizada. As inscrições já estão disponíveis.
O que a move? É uma inquietude. Não gosto de viver dentro de uma caixa. Para mim faz sentido criar formatos que sejam diferenciadores. Quero provar que é possível criar projetos que mudem e possibilitem um mundo melhor. Mais evoluído e mais feliz. Sou inconformada e sei que os portugueses têm um espírito guerreiro e descobridor que tem estado adormecido.
Gostaria de ficar só dedicada ao movimento “Change It”? O meu ADN é de fazer muitas coisas em simultâneo. O “Change It” é um projeto de vida, de quase missão. Acordo durante a noite a pensar nele, já faz parte da minha essência. Termino cada enconto emocionada com aquilo que se vive ali. E o projeto está também a caminhar para ganhar o seu lado sustentável, porque não nos podemos realizar só pela ideologia. Mas eu continuo a apresentar o meu programa de televisão, que me dá muito prazer. Comunicar continua a ser uma atividade que me realiza e gostava que surgissem mais oportunidades para outros formatos em televisão. Por que não até com o próprio “Change It”?