Ana Bicho, CEO da Adclick desde 2017, e COO da mesma empresa de Marketing Digital desde 2013, iniciou o seu percurso profissional como bolseira de Investigação no departamento de Microeletrónica do Uninova, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, onde se licenciara em Engenharia de Materiais e obteve o grau de Mestre na mesma área. Engenheira por vocação, cedo abraçou uma carreira na Indústria de componentes eletrónicos, em funções de engenharia e mais tarde de gestão, dedicando 16 anos à sua paixão por produção e desenvolvimento de produto em empresas como a Siemens, Infineon, Qimonda e Solar Plus. Empreendedora por natureza fundou a sua primeira empresa de engenharia com 23 anos, a Ventus Tratamento de Ar e Segurança. Ao longo do seu percurso foi complementando a sua formação em diferentes vertentes de onde se destacam o MBA executivo da Porto Business School ou a pós- graduação em Gestão de Vendas pela Universidade Católica. Neste testemunho, partilha qual foi o seu maior desafio profissional.
“O meu maior desafio de mudança de rumo profissional em 2013 acabou por transformar-se no meu novo modo de vida. O meu maior desafio foi, sem dúvida, a passagem da indústria para o marketing digital. Entrar naquele mercado em 2013 foi quase como começar do zero, uma reinvenção total do percurso que tinha feito até aí.
Engenheira de espírito e formação, trazia anos de indústria de produção e não sabia nada de marketing digital quando aceitei um cargo de gestão de topo na Adclick. Tive de fazer um enorme exercício de sobrevivência e de aprendizagem para assumir a máquina de um comboio em andamento.
Se foi fácil? Nada! O ritmo da mudança no digital chega a ser desconcertante. O que absorvia num dia estava obsoleto pouco tempo depois, era um processo contínuo e muito acelerado. Mais do que aprender sobre digital, o verdadeiro desafio foi aprender a viver com este ritmo, esta sensação de que nunca sabemos tudo nem temos as respostas definitivas para nada.
Acabei por dividir a minha estratégia em duas vertentes: por um lado, revisitei todas as minhas competências e encontrei formas de as colocar ao serviço do negócio, potenciando o conhecimento que já tinha; por outro, dediquei os primeiros meses a observar, a conhecer a cultura criativa que era o ADN da empresa e, por isso, fundamental preservar.
Quando penso no verdadeiro salto sem rede que dei, penso que não podia ter tomado uma decisão melhor. O desafio foi grande, mas o retorno foi ainda maior: explorei novas áreas, desbravei novas perspetivas e ganhei um conjunto de novas competências que dificilmente desenvolveria num percurso mais comodista.
A fórmula resultou. O meu lado engenheiro, que adora resolver problemas, trouxe para a Adclick processos e formatos que alavancaram a maturidade da empresa e sustentaram o momento de scale up que ela atravessava. Já o meu lado mais ágil garantiu que eu aportava valor ao negócio sem comprometer o registo de inovação que era, afinal, o elemento diferenciador da Adclick.
A melhor parte é que – “ou não fosse esta a era do digital” – o desafio nunca chegou a terminar e ainda hoje me reinvento e reinvento os negócios a toda a hora. Basta pensar na pandemia, que acelerou (ainda mais) algumas tendências que até há pouco imaginávamos como disruptivas do nosso modo de vida e que abriu novos caminhos e oportunidades a explorar num mundo que já nada tem a ver com o que tínhamos em 2019. A “comoditização e democratização” do digital obriga a uma revisão de abordagens e estratégias, e a gestão vai ter que acompanhar essa onda. É mais um ciclo de inovação e de reinvenção que chegou com “estrondo”.
A mudança e a aprendizagem constante que sempre assumi como natural e desejável, é o que mais me motiva na área do digital. O meu maior desafio acabou por transformar-se no meu modo de vida – e já não consigo imaginar-me de outra forma!