Licenciou-se no IADE em Marketing e Publicidade, iniciou a carreira nessa área, como account na JWT. À publicidade dedicou quase duas décadas da sua vida ao ritmo super-intenso que caracteriza esta atividade. Em 2000, depois do nascimento do primeiro filho achou que era a altura de, com o marido, reavaliar prioridades e pediu uma licença sem vencimento no grupo internacional onde trabalhava. Já não voltou – assumiu em full time o papel de mãe de duas crianças “fantásticas, inquisitivas e irrequietas” e em muito part-time trabalhos de pesquisa e edição para produtoras internacionais de vídeo, copy para pequenas agências e ateliers e account para empresas da família. Até 2008, fazendo de tudo um pouco, esteve feliz com a sua opção, mas com a entrada dos filhos na escola primária ficou com tempo a mais e sentiu falta de contribuir para algo maior. Voltou ao mercado integrando a equipa de Marketing e Comunicação da AESE – Escola de Direção e Negócios, onde é, desde 2014, chief marketing officer. A sua veia criativa deu origem a uma Agenda um pouco diferente do habitual.
21h05
Um dia em junho, mais para setembro. Estranho, quando me sentei a escrever sobre o meu dia a primeira coisa que me ocorreu foi que nunca fui de escrever diários, notas ou missivas a mim própria, mas hoje pareceu-me um bom dia para começar. Ou acabar. E a música nos headphones ajuda, mesmo que seja mais no género de ginásio do que de contemplação.
20h00
Bom, hora de jantar. Hoje não me apetece cozinhar. Cozinhar para mim é um prazer quando não tem de ser uma obrigação e é muito fácil cair na obrigação quando somos, pelo menos, quatro a comer x 4 vezes ao dia. E, diz o meu filho mais velho, o que é o jantar? Um sorriso de resposta e ainda bem que a família é grande, há sempre algo que alguém cozinhou, que não eu, no frigorífico. Isso, ovos, o prato preferido do meu marido, ou uma midnight pasta são sempre uma boa solução.
19h20
A minha segunda profissão chama-me – é altura de parar o que estou a fazer, quer seja arrumar alguma coisa que me parece fora de sítio, lavar roupa, trabalhar ou regar as plantas – e levar a minha filha ao atelier de arte que, incrivelmente para a minha vontade de encostar às boxes, começa a horas menos próprias (e nem vou referir a que horas acaba). E com a desculpa de sairmos de casa vamos os três (eu, o meu marido e a minha filha) na amena cavaqueira até à escola de artes.
18h45
Som de chave na porta – o meu marido acaba de chegar – bem mais cedo do que o habitual. É incrível como, com mais de 20 anos de casamento/namoro ainda gostamos de nos sentar e partilhar o que se passou durante o dia, problemas, desafios, reuniões longas, projetos intermináveis, conquistas, conversas, artigos, enfim o que nos marcou durante o dia ou que vem a propósito.
18h00
O meu filho acaba de chegar de um almoço com dois amigos de infância que, apesar de já não estarem diariamente juntos, ainda se encontram semanalmente. Há momentos em que penso que devo ter acertado na educação dos meus filhos, isso, ou eles são mesmo fantásticos apesar de todas as incertezas inerentes a ensinar alguém a viver quando todos os dias aprendemos algo de novo.
17h50
Finalmente recebi a notícia, tão esperada, que a operação do meu amigo correu bem, e que, segundo a sua mulher apesar de ainda sob o efeito da anestesia, já pensa no próximo cozido que vai preparar para os amigos.
17h30
Ao chegar a casa, a minha filha confirma que o exame nacional lhe correu melhor do que inicialmente tinha pensado, mas como acredita que pode fazer melhor, está a considerar ir à segunda fase. E as contas sobre médias internas, médias das disciplinas para entrada na universidade começam a desfilar – honestamente, ainda bem que sou de humanidades, parece que vou precisar de um vídeo do YouTube para me explicar exatamente todas as alíneas, inferências e superlativos que é preciso ter em conta para se conseguir candidatar ao curso que quer.
17h10
Acho que vou para casa, ainda tenho muito para fazer, mas posso sempre, e às vezes até prefiro, trabalhar de casa. E, sair destes saltos altos.
16h50
Amanhã é feriado. Ainda tenho de fechar com a equipa o que ficou por fazer, o que não podemos esquecer e preparar as urgências – sim, porque também tentamos precaver essas. Novos projetos se avizinham, desde programas de Life Long Learning, parcerias e Summer School, passando por programas para Alta Direção, acreditações e prémios internacionais e projetos de Alumni.
14h05
E começa a terceira reunião do dia e esta é, honestamente, daquelas que eu gosto, com agenda e horário definido, mas primordialmente para debater ideias, avaliar projetos futuros, partilhar conhecimento, discutir o que correu mal e como melhorar, o que está planeado e o que podemos antecipar. Parece que nada é difícil e que tudo é possível e o fantástico é que muitos dos melhores projetos nascem destas conversas.
13h20
Ao almoço contei com a companhia do meu marido e dos meus filhos. Um acabou por tomar o pequeno almoço “para fazer companhia”. Atípico…
12h40
A meio de uma conversa de corredor, no nosso caso, de escada, toca o telemóvel e é a minha filha a dizer que acabou o exame e se sempre a posso ir buscar. Não sei como é convosco, mas estas são as alturas em que gostava de ter uma Siri/Alexa/clone que pudesse continuar o que estava a fazer e ao mesmo tempo conseguir responder a todas as outras solicitações. Felizmente, um telemóvel ajuda a estar em dois sítios ao mesmo tempo.
12h00
Segunda reunião do dia – avaliação de uma campanha, elaboração de uma nova campanha para outro stakeholder, projeção de resultados para um terceiro, avaliação dos resultados para um quarto – pode parecer confuso, mas a velha frase de vários projetos no ar não é equivalente a todos no chão e, sim, partilha de experiências e resultados. Por vezes, algumas são urgentes e não relevantes, mas gerir o tempo é uma das aulas que mais ressonância tem no meu dia a dia.
11h30
Primeira reunião do dia e já estamos fora do timing com o desenvolvimento de um novo projeto online. Ao ritmo em que as siglas emergem e novas soluções são criadas, antes de o lançarmos já vai estar desatualizado – vem-me à cabeça a música do Never Ending Story.
9h00
Filmagens e entrevistas aos finalistas de um dos programas da Business School. Pode parecer algo estranho mas é mesmo a melhor forma de começar o dia – ouvir o que, ao fim de quatro meses, pessoas que não conheço, mas que o meu trabalho, da minha equipa, de toda a escola, nos deram a oportunidade e confiança de desafiarmos a serem melhores, a se superarem, nos deixam como avaliação, como legado – é equivalente a sentir-me insignificante, pequena, real, importante e irrelevante, despiciente mas contributiva, afinal a razão que me levou a deixar mais de 19 anos em Portugal, Inglaterra e Estados Unidos, do lado das produtoras e agências de publicidade, criativas, deslumbrantes, para optar pelo lado do cliente, menos elétrico mas, a meu ver, pessoal e intransmissível, mais real e contributivo..
8h00
Ups, acho que passei numa zona de 50 km/h a 49,9 e qualquer coisa, porque nunca se sabe quem está a ler.
7h00
Vou partilhar a miséria de acordar cedo e acordar todos em casa – não, espera isto é a minha versão Grinch a falar e não a versão responsável. Ok, acordo apenas a minha filha que tem um exame de “madrugada”, coitada.
6h31
Acordei sem querer acordar – D Day ou B-Day (de Bypass), como referiu de maneira humorística uma das pessoas que mais marcou a minha infância, dado que seria operada naquele dia. Mas a vida do dia a dia continua.
6h30
Humpf (eu sonho em inglês, estranho, sim)… mas o que é que me passou pela cabeça para programar o telemóvel e o applewatch para esta hora (sim é verdade, sou o meu pior inimigo e o melhor cliente para campanhas de marketing inteligentes).
P.S. – A noite a acabou com uma votação energética a mais de seis vozes sobre o controle do comando da tv/appletv/amazon/hbo/hulu/netflix/vodafone… e eu a pensar: “no meu Kindle tenho um livro que gostava de continuar a ler”.
Este artigo foi escrito ao fluir do teclado do mac e com a aquiescência da minha família.