5 regras de etiqueta numa sala de concerto

Agora que os concertos de Natal se aproximam, Joana Andrade Nunes recorda algumas regras básicas que deve ter em conta numa sala de concerto.

Joana Andrade Nunes é consultora de protocolo, etiqueta e comunicação.

A época festiva está a chegar! Com ela, os tradicionais concertos de Natal serão o mote para inúmeros encontros de familiares, momentos de partilha entre amigos e, inclusivamente, momentos a vivenciar no contexto profissional.

Para que o momento seja único e proporcione memórias que perduram para a vida, é fundamental que saiba estar não comprometendo o ambiente.

Neste artigo, recordo as cinco regras de ouro que deverá, religiosamente, respeitar numa sala de concerto.

 

Estar enquadrada no evento

Para que esteja enquadrada no concerto é fundamental que se certifique, previamente, da tipologia do concerto, respondendo a estas questões: é um concerto de música clássica ou um musical de Natal num ambiente familiar e descontraído? Vai decorrer numa sala de concerto formal ou, pelo contrário, será um concerto de rua? Que obras vai escutar? O concerto é exclusivamente para adultos ou são permitidas crianças?

 

Ser absolutamente pontual

Pontualidade britânica; representação viva de um relógio suíço. Seja pontual. É absolutamente imperdoável chegar atrasada ao concerto. O seu atraso, por mais “desculpável” que possa ter, terá um impacto negativo no ambiente que, em cada espetáculo, se pretende garantir. O ruído da sua entrada, ainda que em “pés de lã”, desconcentra os artistas (músicos, bailarinos, técnicos de som, entre outros) e o público que já está imbuído no espírito da obra que vai escutar. Tal justifica que as principais salas de concerto sejam extremamente rigorosas com este tema, não permitindo que ninguém entre na sala assim que o espetáculo se inicie.

 

Silêncio, que se vai cantar o fado!

Acredito que já tenha ouvido falar (ou, inclusivamente, assistido) de  uma das peças mais famosas e disruptivas nesta sede: a peça 4´33, do compositor e maestro John Cage que se apresenta como uma ode ao silêncio. São 4 minutos e 33 segundos de puro silêncio demonstrando que o silêncio também é música.

Assim, não se faz silêncio apenas quando se “vai cantar o fado”: o silêncio é música! Não resisto, nesta sede, a partilhar consigo um pecado “clássico” nas salas de concerto: aproveitar o “silêncio” entre andamentos ou uma pausa mais prolongada para abrir o “rebuçado de mentol”, devidamente envolto em papel prata, … quem nunca sentiu o “estômago a  ferver” com as tentativas falhadas do vizinho com o rebuçado na mão, que atire a primeira pedra…

 

Respeitar a política de captação de som/imagem

A obra que vai escutar, independentemente do género musical, é privada e intransmissível. Desta forma, a gravação e divulgação da mesma depende de autorização prévia. Por mais apetecível que possa parecer a interpretação ao vivo da Elizabete Matos, certifique-se que pode gravar e divulgar a mesma, sob pena de entrar em conflito com a política de captação de som e de imagem do evento que está a assistir.

 

Aplausos! Sempre! Mas no momento certo.

Não há nada mais gratificante para um intérprete do que receber aplausos pela sua interpretação. É o reconhecimento puro da brilhante prestação de quem interpretou a(s) obras(s).

Contudo, relembro-lhe que os aplausos têm lugar apenas no final de cada obra e que, entre andamentos, não devem acontecer. Recordo, mais uma vez, que o silêncio também é música; o silêncio que medeia o terminus de um andamento e a entrada de um novo andamento faz parte integral da interpretação da obra e deve ser respeitado.

Poder-me-á invocar, com toda a legitimidade, que, em particular aquando do terminus da execução de algumas árias icónicas, é impossível resistir!

“Joana, já imaginou o que seria ouvir a interpretação brilhante de uma ária de Puccini ou de Bellini pela magnífica voz da Anna Netrebko sem aplaudir? Seria um pecado!”

Nesse caso, aplaudir é uma verdadeira exceção e, estando em causa árias brilhantemente interpretadas, é admissível (e não desadequado nem criticável) que um aplauso tenha lugar. Na verdade, o mundo operático tem regras próprias nesta sede e não receber flores que voam, literalmente, da plateia para o palco ou aplausos aquando do terminus de uma ária, poderá ser sinal de que o público não gostou… Neste caso, tal desagrado pode ser, inclusivamente, demonstrado com apupos!

 

 

Joana Andrade Nunes é consultora de protocolo, etiqueta e comunicação, membro da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo, colaboradora no programa “Praça da Alegria”, na RTP 1 e autora da rubrica “Etiqueta Profissional”, na Executiva. Mestre e Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, iniciou a carreira profissional como docente universitária nesta instituição e, até 2017, conciliou a atividade de docência com a prática de advocacia de negócios. Em 2014, foi distinguida com Menção Honrosa no âmbito do V Prémio Wolters Kluwer de Artigos Jurídicos Doutrinários. O seu livro Quatro Gerações à Mesa foi considerado o melhor livro de culinária de Portugal, pelos Gourmand World Book Awrads (2016) e o 3.º melhor do mundo, pelos gourmand World Book award, 2017. Desenvolve a atividade de consultoria e formação junto de prestigiadas equipas e organizações.

 

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