À entrada para a década dos 30, as questões mais importantes sobre a sua carreira já devem ter respostas mais ou menos claras, como a formação académica e profissional que já fez ou planeia fazer, a área em que gostaria de trabalhar ou as aptidões técnicas e pessoais necessárias para o trabalho que quer fazer — embora as mudanças sejam sempre bem-vindas e, muitas vezes, o curso da vida profissional se encarregue de nos alterar a rota previamente traçada.
Mas depois de ter passado a sua fase de recém-formada e de estagiária, e já com alguma experiência no mercado de trabalho, outras dúvidas se começam a colocar, já com uma evolução ou progressão de carreira em vista. As suas aspirações no que respeita à vida pessoal e filosofia de vida também têm que ser tidas em conta, de modo a alcançar os seus objetivos profissionais e a ter uma vida mais feliz e equilibrada.
Que proposta de valor apresento?
É uma espécie de pergunta de entrevista de emprego a si própria, que pode ajudá-la a redefinir estratégias e a encaixar-se melhor no mercado de trabalho, bem como a preparar-se para convencer os empregadores futuros de que precisam de si. Porque devem contratá-la? Que interesses específicos a distinguem? O que sabe fazer mais facilmente e que a maioria das pessoas acha difícil? Que valor acrescentado poderá trazer? Encontrar esse valor único, esse aporte pessoal e intransmissível de experiência profissional, vai ajudá-la a encontrar a empresa que está mesmo a precisar do seu talento e, sobretudo, a perceber em que área pode tornar-se especialista, procurando a formação e mentores pelo caminho.
Redes sociais como o LinkedIn podem ajudar neste processo: quando interage com outros utilizadores ou conteúdo dentro da sua área de interesse, ou ao produzir artigos seus sobre esse tema para partilhar por lá, o mercado começará a reconhecer o seu talento e a sua proposta de valor enquanto especialista.
O que quero estar a fazer dentro de 5 anos?
Parece demasiado vago ou sonhador, mas não é. Os profissionais mais bem-sucedidos sabem que esta é uma das atitudes mais inteligentes e eficazes. É necessário ter sempre em mente a estratégia de progressão profissional até à área, tipo de trabalho ou cargo onde queremos estar. As mudanças vão aparecer, os obstáculos também, e tornam necessário corrigir essa rota com alguma regularidade. Mas este tipo de projeção ajuda a manter o foco, o propósito, bem como a buscar as melhores formações para lá chegar, os projetos profissionais a assumir para se destacar, a forma certa de fazer contactos e dar a conhecer o seu trabalho.
Mas, porque às vezes é difícil fazer prognósticos tão futuristas, pode ser mais útil fazer a pergunta em outra direção: “Se eu continuar neste caminho e a fazer as coisas desta maneira, onde vou estar dentro de 10 anos? E será que vou querer estar aí?” Pode ajudar a dar-lhe uma ideia mais clara das mudanças que precisam de ser feitas.
E, dentro do mesmo tema, também é interessante fazer outra pergunta a si própria: “qual é a minha definição de sucesso?” Para a nova geração de profissionais, ele não passa tanto pelo status ou pelo poder dentro da organização, mas por projetos com significado para a empresa e para a comunidade, para a sua noção de realização pessoal, experiências laborais mais diversas e que os levem mais longe no mundo, por um trabalho que lhes permita um maior equilíbrio entre carreira e vida pessoal.
Quem é a minha rede profissional?
A esta altura do seu percurso já deverá ter começado o crucial trabalho de construir a sua rede de contactos profissionais entre colegas, profissionais de outras empresas ou que trabalhem na mesma área, empreendedores. Pense no networking como um trabalho contínuo e constante daqui para a frente, uma estratégia de aprendizagem, interação, partilha de experiências e, sobretudo, de contactos. Fazer networking não implica apenas conhecer pessoas bem colocadas na hierarquia das empresas, que possam ser úteis numa futura progressão de carreira.
As conferências, eventos de empresas, almoços ou jantares de negócios são situações perfeitas para interagir com pessoas fora do seu círculo habitual. Por mais tentador que seja ficar em casa depois de um dia de trabalho intenso, é preciso sair para o mundo, conhecer gente e dar-se a conhecer; e manter esse contacto depois, através de email, das redes sociais, comentando artigos e participações dessas pessoas em plataformas como o LinkedIn (partilhando também, se possível, algum do seu trabalho ou artigos de opinião).
Qual o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional que quero para mim?
Se é verdade que aos 25 ou 26 anos os seus planos podem não passar ainda por ter filhos e constituir família, mas por se dedicar ao máximo à carreira, não invalide a ideia de que tudo isso mude dentro de 2 ou 5 anos (ou mais). Se está naquela fase em que fica a fazer serão com regularidade, ou está em casa a responder a emails e a adiantar serviço aos fins de semana, é preciso questionar-se se está confortável com o seu estilo de vida atual, ou se os pratos da balança pendem mais para o lado do trabalho, tornando urgente fazer mudanças antes que a vida familiar se torne mais exigente. Neste caso, poderá ser necessário falar com a sua chefia para negociar melhores condições e flexibilidade ou, em último caso, fazer uma prospeção de mercado entre as companhias que oferecem um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
O que me está a impedir de seguir em frente?
Ouvir os outros dizerem-nos para sairmos da nossa zona de conforto é quase sempre entendido como qualquer coisa mais ou menos prepotente. Mas há muita coisa que nos impede de arriscar em voos mais altos ou que nos mantém presa a uma função, a uma empresa, a um estilo de vida. Pode ser o medo de falhar, uma certa segurança financeira, o facto de não dominar um dos passos que lhe permitirá chegar lá – ter medo de falar em público, não ser muito boa com números ou línguas, não saber trabalhar com uma ferramenta tecnológica.
Nem todas as razões são necessariamente más: às vezes o que a mantém presa a uma função é adorar a sua equipa e ambiente de trabalho, mesmo não morrendo de amores pelo que faz. Mas identificar o que está a retraí-la é meio caminho andado para conseguir ultrapassar o obstáculo.