A arte de caçar um mentiroso, por uma psicóloga de Harvard

Não olhe ao que dizem mas sim ao que fazem, avisa Amy Cuddy, autora do livro ‘Presença’, que é também uma das melhores oradoras de Ted Talks no mundo.

"Mentir é um trabalho árduo", garante Amy Cuddy.

Diz-se que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo mas isso não é bem assim. Caçar um mentiroso é um arte. “Há sinais – como o de não se olhar diretamente nos olhos ou se estar mais agitado – que acreditamos que revelam a mentira, mas essas pistas não são infalíveis”, conta a professora da Harvard Business School Amy Cuddy, psicóloga social que estuda o comportamento não verbal e a forma como ele e as conclusões que tiramos nos influenciam.

Diz ela:”Quando estamos conscientemente à procura dos sinais da verdade e da mentira damos muita atenção às palavras e ignoramos os comportamentos não verbais que se manifestam naquele momento. Mas a verdade revela-se mais pelas ações do que pelas palavras”.

O The Guardian classificou a sua segunda TED Talk como uma das 20 conferências online que podem mudar a nossa vida.

Conhecida por ser uma psicóloga bem sucedida, com interessantes TED Talks proferidas em todo o mundo – a de 2012 teve dezenas de milhões de visualizações e foi a segunda Ted Talk mais vista de sempre, proeza que levou o The Guardian a indicá-la como uma das 20 conferências online que podem mudar a nossa vida -, Amy acaba de lançar o livro ‘ Presence’ onde explica a melhor forma de detetar as mentiras e os enganos. E a melhor maneira, resume ela, é “olhar para as diferenças entre o que se diz e o que se faz e procurar as discrepâncias nas várias formas de comunicação, como as expressões faciais, a postura, o discurso”.

Mentir é um trabalho árduo, explica esta cientista, que há uns anos nunca pensou chegar tão longe profissionalmente. “No início da faculdade Amy sofreu uma lesão cerebral num acidente de aviação e os médicos avisaram-na de que só com muita dificuldade acabaria o curso superior”, lê-se na sua biografia. Mas tal não aconteceu e, ironia do destino, o prognóstico revelou-se uma tremenda mentira. Não se sabendo se também influenciada por isso ou não, Amy dedicou-se ao ensino em Harvard e à investigação dos julgamentos imediatos e precipitados sobre nós próprios e sobre os outros.

A verdade é que, segundo ela, na generalidade as pessoas são más detetoras de mentiras, mesmo as que se põem deliberadamente à procura delas e os resultados são pouco melhores que os conseguidos quando se tenta adivinhar ao acaso. E porquê? Porque nos centramos demasiado no conteúdo das palavras e não nas atitudes ou na relação entre umas e outras. E cita um estudo de uma colega de Harvard, Nancy Etcoff, que descobriu que quem tem transtorno de processamento de linguagem é melhor a detetar mentiras do que os que não sofrem da doença. Provavelmente porque não estão distraídos com o que os outros dizem.

Veja a Ted Talk de Amy sobre o que a sua linguagem corporal diz sobre si.

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