O que aprendemos no Dia da Mulher

Foram vários os estudos apresentados no Dia Internacional da Mulher sobre a situação das mulheres não mundo do trabalho. Conheça os dados mais relevantes.

As mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer até à paridade.

Num mundo ideal este dia não seria necessário mas nós não vivemos assim. Depois de mais um Dia Internacional da Mulher quisemos ver o que aprendemos com ele, analisando quatro estudos sobre as mulheres e o trabalho, quase todos publicados para comemorar esta efeméride. Primeira (e óbvia) conclusão: as desigualdades de género persistem. Eles continuam a ganhar mais do que elas, o acesso às carreiras e as oportunidades permanecem desiguais, e ainda há quem não tenha reparado muito nisso. Desta forma, é preciso insistir no tema e avaliar periodicamente progressos e estagnações.

Ponto prévio: Falar dos problemas das mulheres não é sinónimo de atacar os homens. Há sinais de melhoria nalguns setores, que indicam que o papel feminino nas empresas aos poucos vai mudando para melhor. Veja o que se pode concluir destes estudos agora publicados.

Homens e mulheres veem coisas diferentes

. A empresa multinacional de recrutamento Hays divulgou um relatório com as conclusões de um inquérito junto de 11.500 pessoas em 24 países sobre a Diversidade de Género. E através dele ficámos a saber que:

. Homens e mulheres têm perceções muito diferentes sobre situações de desigualdade de género no mercado de trabalho quando interrogados sobre questões como a auto-promoção, ambição, igualdade salarial, oportunidades de carreira e política de diversidade de géneros.

Apenas 20% dos homens portugueses acha que existe desigualdade salarial entre géneros.

. 60% das mulheres portuguesas diz que não tem as mesmas oportunidades de carreira que   os seus colegas do sexo masculino, mas a maioria dos homens (69%) não concorda.

. Apenas 20% dos homens portugueses acha que existe desigualdade salarial entre géneros.

. Portugal é o país onde mais mulheres ambicionam chegar a um cargo de direção – a percentagem situa-se nos 45%, quando a nível global este valor fica pelos 29%.

. No entanto, apenas 15% das profissionais portuguesas querem chegar às posições de Managing Director ou CEO contra 32% dos inquiridos do sexo masculino.

. A Engenharia e a Construção são os setores onde as mulheres se sentem mais discriminadas a nível salarial

Há sinais positivos nas empresas portuguesas

No estudo “Onde param as mulheres?” realizado pela multinacional Informa D&B, especializada em informação empresarial, concluiu-se que há sinais positivos de mudança e que “a presença feminina no mundo corporativo tem vindo a aumentar reiteradamente desde 2011, sobretudo em funções de liderança”. Mais conclusões daqui retiradas:

. 28,5% das empresas em Portugal são lideradas por mulheres.

Em cinco anos, a presença das mulheres na administração de empresas cotadas quase duplicou.

. Há uma subida generalizada do número de mulheres nos diferentes patamares (empregados, cargos de direção, gestão e liderança).

. Os avanços são particularmente notórios no elenco da administração das sociedades cotadas. Em cinco anos, a presença feminina nos conselhos de administração das empresas da bolsa quase duplicou, alcançando os 10,7%. A este aumento não será alheia uma Resolução do Conselho de Ministros (de 8 de março de 2012) recomendando a adoção de planos para a igualdade nestas sociedades.

. A representatividade feminina é mais visível nas sociedades anónimas, onde 21,4% dos cargos de administração e 15,6% dos papéis de liderança são protagonizados por mulheres.

. No universo das 500 maiores empresas apenas 8,3% são lideradas por mulheres. Apesar de ser uma percentagem baixa ela mostra uma melhoria de 2 pontos percentuais face ao ano anterior.

. Há maior proporção de mulheres no topo das empresas mais jovens, um abrir de caminho para a maior paridade no futuro, salienta a Informa.

Quanto menor é a empresa mais expressiva é a parcela de mulheres em cargos de gestão e de liderança.

. Nas start-ups (empresas com menos de um ano) há maior preponderância de gestão e liderança femininas (35,2% e 32,3%, respetivamente).

. Quanto menor é a empresa mais expressiva é a parcela de mulheres em cargos de gestão e de liderança. É nas microempresas (volume de negócios inferior a 2 milhões de euros) que se encontram mais mulheres no topo: 34,9% dos cargos de gestão e 29,2% das funções de liderança. Nas grandes empresas as mulheres estão pior representadas no topo: ocupam 12,4% das posições de gestão e 8% nas áreas de liderança.

. Elas está mais equitativamente representadas na banca (48,2%), o que não se traduz, porém, num maior acesso aos lugares cimeiros.

. A presença das mulheres é mais elevada em cargos de direção como a direção de qualidade e técnica, recursos humanos, financeira, contabilidade, marketing e comunicação.

. É nas empresas lideradas por mulheres que se encontram mais equipas de gestão mistas: 58,8% vs 40,3% nas lideradas por homens.

As abordagens tradicionais não funcionam

Mudar as práticas de gestão do talento feminino, revela o estudo “When Women Thrive” divulgado numa conferência da consultora Mercer, realizada no Dia Internacioal da Mulher. Isto porque nos próximos 10 anos, as organizações ainda não terão atingido a equidade de género na maioria das regiões do mundo, prevendo-se a mesma situação para Portugal”, confessou a diretora da Mercer em Portugal, que considera urgente implementar medidas diferentes das do passado. Neste evento foram apresentadas as conclusões do estudo global da Mercer 2015. Entre elas destacam-se:

. Se as organizações não alterarem os padrões de comportamento, a representação feminina na força de trabalho global será de apenas 40% em 2025.

A sub-representação das mulheres em todo o mundo é considerado um problema económico e social.

. A representação das mulheres dentro das organizações diminui à medida que o nível de carreira aumenta – desde as funções de suporte e administrativas até aos lugares executivos.

. As abordagens tradicionais de apoio à progressão da carreira das mulheres não estão a alcançar o impacto desejado.

. A sub-representação das mulheres em todo o mundo – a nível da força de trabalho e de lugares de topo – é considerado um problema económico e social.

. Este problema tem sido constatado com mais preocupação e o resultado é o aumento do recrutamento e promoção de mais mulheres em cargos de topo. Porém, a retenção das mulheres nesses lugares não se está a verificar, o que põe em causa a paridade no futuro e a anulação dos sucessos já alcançados.

. Globalmente, as mulheres representam 33% dos gestores, 26% dos gestores seniores e 20% dos executivos. Em Portugal e em Espanha as mulheres representam 24% dos executivos de topo, mais 4% do que a média global e mais 3% que a média europeia (21%).

. A América Latina aumentará a representação feminina no trabalho de 36% em 2015 para 49% em 2025, atingindo a paridade e sendo a única região do mundo a fazê-lo neste período de tempo. Seguem-se a Austrália e a Nova Zelândia que crescerão de 35% para 40%. Os EUA e o Canadá registam melhorias de apenas 1%, de 39% para 40%.

. Mantém-se um crescimento estagnado para a Europa que se situará em 37% daqui a 10 anos e para Portugal prevê-se um ligeiro crescimento, de 44% em 2015 para 45% em 2025.

. A Ásia posiciona-se em último lugar: 28% das mulheres na força de trabalho.

Fluência digital é urgente para as mulheres

O estudo da Accenture – “Getting to equal: How digital is helping close the gender gap at work” – mostra que as competências digitais ajudam a alcançar a igualdade de género no local de trabalho. “Há muitas formas de reduzir a desigualdade de género no trabalho mas o digital é um veículo particularmente poderoso”, reforça o presidente da Accenture Portugal, José Galamba de Oliveira. E as mulheres representam um segmento de talento ainda por explorar se forem capacitadas com conhecimentos nesta área, afirma a empresa. No âmbito do Dia Internacional da Mulher a Accenture lançou um novo estudo que retira as seguintes conclusões:

. As mulheres estão a usar as competências digitais para ter vantagem em encontrar um emprego e progredir na carreira mas elas ainda estão um passo atrás dos homens em termos de fluência digital na maioria dos 31 países analisados nesta pesquisa.

49% de todas as profissionais e 56% das mulheres da geração millennial aspiram a posições de chefia.

. Se se duplicar o esforço de ajudar as mulheres a tornarem-se digitalmente fluentes, a igualdade de género seria alcançada em 25 anos nos países mais desenvolvidos, contra os 50 anos previstos. Nos países em desenvolvimento, a igualdade de género no local de trabalho poderá ser conseguida em 45 anos, contra os atuais 85 anos.

. O impacto da fluência digital ainda não permitiu reduzir as diferenças em cargos diretivos ou nos salários. Os homens são os elementos do agregado familiar com salário superior. A situação irá alterar-se à medida que as mulheres millennial (nascidas entre o início dos anos 1980 e 2000) atinjam cargos de gestão.

. Este estudo mostra que 49% de todas as profissionais e 56% das mulheres da geração millennial aspiram a posições de chefia.

. Mais de metade das profissionais e 56% das millennial acreditam ter as competências certas para serem líderes.

. O nível de ensino superior em mulheres profissionais quase duplicou numa geração. Mais de metade das profissionais da Geração X (nascidas entre os anos 1960 e 80) tem um diploma universitário ou superior, em comparação com apenas 27% das suas mães, revela ainda o estudo da Accenture.

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